por Luciano dos Anjos Reformador (FEB) Julho 1966
César Lombroso é, sem favor, um dos maiores gênios do mundo. Impossível relacionar toda a imensa contribuição que deu à ciência, especialmente no campo da Frenologia, da Antropologia Criminal, da Psicologia e da Sociologia. Após sua morte, tributou-lhe a Humanidade inteira as maiores homenagens, tendo sido comparado a Darwin, Spencer, Pasteur, Charcot e Virchow. A Real Academia de Medicina da Itália até hoje concede um prêmio internacional chamado “Prêmio Lombroso”, em memória ao gigante de quem o médico brasileiro Leonídio Ribeiro diria: “Sua obra é patrimônio da ciência universal e sua vida ficará como exemplo de amor e dedicação à Humanidade” ,
Um belo dia o conde de Cbiaia pediu
a Lombroso que examinasse, com a sua autoridade de cientista, os fenômenos
espíritas, a fim de que “desmascarasse o
embuste”. Lombroso fez algumas exigências e aceitou. Afirmaria mais tarde:
"Quando vi, à plena luz. uma mesa
levantar-se e uma pequena trombeta voar como uma flecha da cama à mesa e desta
à cama, meu ceticismo recebeu um choque”. E, afinal, quando muitos
esperavam o desmascaramento do Espiritismo, César Lombroso viria a público para
corajosamente sentenciar: “Estou muito
envergonhado e desgostoso por haver combatido com tanta persistência a. possibilidade
dos fatos chamados espíritas. Os fatos existem, e eu deles me orgulho de ser
escravo”. “Se houve um indivíduo, por
educação científica, contrário ao Espiritismo, este indivíduo fui eu, eu que
escarneci por tantos anos e que havia consagrado a vida à tese que diz ser toda
força uma propriedade da matéria e a alma uma emanação do cérebro! Mas, se
sempre tive grande paixão pela minha bandeira científica, encontrei outra ainda
mais fervorosa: a adoração da verdade, a constatação do fato.”
E
depois dessas conclusões, divulgadas pelo mundo todo, dogmáticos e sectários “enterraram”
Lombroso...
Outro
sábio não menos famoso foi William Crookes, autor dum tratado clássico de
análises químicas, de numerosas pesquisas em Astronomia, principalmente sobre fotografia
celeste. Foi ele o descobridor do “tálio”, após importantes trabalhos sobre a
análise espectral. Foi o descobridor do quarto estado da matéria, prêmio Nobel
de Física, membro da Sociedade Real de Londres, enfim, um cientista de primeira
magnitude! Eis que o notável químico anuncia que iria ocupar-se dos chamados
fenômenos espíritas. Proclamaram então de público os inveterados cépticos: “Enfim!
Vamos pois saber como havemos de pensar!” E, de fato, Crookes inicia as mais
complexas pesquisas a que os fenômenos já foram submetidos até hoje. Chegou a
criar instrumentos especiais para seus trabalhos, não esquecendo de fazer
passar pelos médiuns uma corrente elétrica a fim de registrar seus movimentos!
Depois de quatro longos anos de experiências, em meio a grande expectativa do
mundo, publicou afinal as suas conclusões: “Os diversos fenômenos que venho
atestar são tão extraordinários e tão completamente opostos aos mais enraizados
pontos do credo científico que mesmo agora, recordando-me dos detalhes de que
fui testemunha, há antagonismo na minha razão, que diz ser isso Impossível, e o
testemunho de meus dois sentidos da vista e do tato, que me dizem não serem
testemunhos mentirosos. Supor que uma espécie de loucura ou de ilusão vem
dominar subitamente um grupo de pessoas inteligentes e sensatas, parece mais
incrível do que os próprios fatos que atestam.” “O Espiritismo está
cientificamente demonstrado.” E, respondendo a seus antagonistas, Crookes
replicaria lacônica mas esmagadoramente: “Eu não disse que esses fenômenos eram
possíveis; o que disse e afirmo é que são verdadeiros.”
Aí
então “enterraram” o sábio e espalharam que ele estava gagá...
Eis
que agora vemos surgir um novo cientista que recomeçou todas as experiências,
partindo do mesmo zero científico e palmilhando os mesmos caminhos frios e
imparciais de seus antecessores. Falo do professor-catedrático Joseph Banks
Rhine, que rotulou os fenômenos supranormais de Parapsicologia e começou a passa-los
um após outro pelo rigoroso crivo do exame científico. Respiraram novamente os
céticos e os eternos negativistas. Novamente anteviram a morte do Espiritismo,
já que “a parapsicologia explica tudo muito bem, sem precisar apelar para a
alma dos defuntos.” Nas suas primeiras publicações Rhine ensejou à crítica uma
cascata delirante de raciocínios contra todas as teses espíritas. O
materialismo cantava mais uma vez a glória da sua suprema ascensão! Mas, de
repente, o panorama começou a mudar. Já 110 seu livro “New World of the Mind”,
Rhine viria a censurar o materialismo cego e a admitir “uma realidade que
domina o Universo em toda a sua importância e não há outro recurso senão chamar
a essa realidade espírito humano”. O famoso cientista prosseguiu pacientemente
em suas pesquisas, embora ouvindo candentes críticas. E daria o golpe de
misericórdia nos tolos negadores de tudo, ao editar “The Reach of the Mind”. “Muitos
fatos não parecem explicáveis senão por um agente desencarnado. A intenção
manifesta através do efeito provocado é tão própria duma pessoa defunta que não
saberíamos razoavelmente atribuir-lhe outra origem.” “Casos dessa natureza
fazem pensar num agente pessoal dum gênero que não pertence verossimilhantemente
a nenhum indivíduo vivo.” Em “Parapsychology-Frontier Science of the Mind”, Rhine
robusteceria suas conclusões. E, para complementá-las, passou a chamar “theta”
ao estudo específico do fenômeno da sobrevivência e da reencarnação.
Ora,
é de se esperar que Rhine ponha as barbas de molho, pois já lhe devem estar
pelo menos tirando a medida do caixão...
(Do "Diário de
Notícias" de 28-1-68)
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