Porque me
chamastes?
Dr. Paul Edwards (Revista: ‘LIGHT’, Londres, Abril 1903)
Reformador
(FEB) Junho 1944
“Em 1887, quando residia numa cidade da Califórnia, fui
chamado para assistir aos últimos momentos de uma senhora de minha amizade, a
quem eu muito estimava e que, em consequência de uma tísica pulmonar, se achava
em tal extremidade. Sabiam todos que essa pobre e distinta senhora, essa mãe
exemplar, estava irremediavelmente condenada a uma morte próxima. Ela acabou
por também o saber e quis então preparar-se para o momento extremo.
“Chamou os filhos para junto do
leito e os abraçou um a um, em seguida ao que os despediu. Seu marido se
aproximou em último lugar a fim de permutarem o supremo adeus. Achou-a no pleno
gozo de suas faculdades intelectuais.
- “Newton (é o nome do marido) - começou ela por dizer - não chores, porque eu não sofro. A minha
alma está preparada e serena. Amei-te aqui na Terra; continuarei ainda a te
amar depois da minha partida. Tenciono vir ao pé de ti, se me for possível; não
o podendo, velarei do céu por ti e por meus filhos, até que venham reunir-se a
mim. Agora; o meu mais vivo desejo é ir-me embora. Estou vendo muitas sombras
que se movem em torno de nós, todas vestidas de branco. Ouço uma deliciosa melodia
.. ' Oh! Cá está a minha Sadie, perto de mim, e sabe perfeitamente quem sou eu!
"(Sadie era uma filhinha que ela perdera, havia dez anos). Sissy - disse-lhe o marido - minha Sissy, não vês que estás
sonhando? - Ah! meu querido, replicou a
doente, porque me chamaste? Agora me custará mais o ir-me embora. Sentia-me tão
feliz no além; era tão belo, tão delicioso!" Após uns três minutos,
acrescentou: “Novamente me vou e desta
vez não voltarei, ainda mesmo que me chames”.
“Durou esta cena oito minutos.
Via-se bem que a agonizante fruía a visão perfeita e simultânea dos dois
mundos, pois que falava das figuras do outro lado, que em torno dela se moviam,
e dirigia ao mesmo tempo a palavra aos que aqui ainda se encontravam. Nunca me
sucedeu assistir a um trespasse tão solene e impressivo" .
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