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domingo, 6 de novembro de 2011

Deus



Deus
I
Largos anos passei, aí no mundo,
A pensar, meditando na existência
De Deus ― o Ser de paz e de clemência,
Fonte de todo o amor puro e fecundo.

Eu fiz, na sua busca, estudo fundo
Através toda a humana consciência,
E dos ínvios caminhos da Ciência
Pela Terra, no Mar, no Céu profundo.

Bem desejava achá-lo, amá-lo e vê-lo,
E servi-lo, e adorá-lo e conhecê-lo,
Em doce crença inalterável, viva.

Mas não o vi jamais, porque, mesquinho,
Enveredei aí por mau caminho:
― O trilho da ciência positiva.

II

Eu devia buscá-lo onde Ele mora:
Na suma perfeição da Natureza,
E no esplêndido encanto e na beleza,
Do Céu, do Mar, da Luz, da Fauna, e Flora.

Eu podia encontrá-lo em cada hora
Nessa vida: ― no Amor, e na Pureza,
Na Paz e no Perdão, e na Tristeza,
E até na própria Dor depuradora.

Mas eu andava cego e nada via;
E a Vaidade escolheu para meu guia
A Ciência falaz, enganadora!

Se o guia fosse a Fé ou a Bondade,
Vê-lo-ia daí na Imensidade,
Como, em verdade, O vejo em tudo agora.

Anthero de Quental
por Fernando de Lacerda
            in pág. 222/223 da 5ª Ed. (1990) FEB de “Do País da Luz” Volume 3

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