O Filho
só faz o que vê fazer o Pai...
5,19 Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
“-Em verdade, em verdade vos digo, o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; Ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, fá-lo também semelhantemente o Filho.
5,20 Pois o Pai ama o filho e mostra-Lhe tudo o que faz: E maiores obras do que esta Lhe mostrará, para que fiqueis admirados. 5,21 Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também dá vida a quem Ele quer.
5,22 Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao filho;
5,23 Deste modo, todos honrarão o filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o filho, não honra o Pai que o enviou.
5,24 Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que Me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida.
5,25 Em verdade, em verdade vos digo, vem a hora, e já está aí, em que os mortos de espírito ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem , viverão.
5,26 Pois, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo.
5,27 E lhe concedeu o poder de julgar, porque é o Filho.
5,28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de Sua voz.
5,29 E os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e, aqueles que praticaram o mal, ressuscitarão para serem condenados
5,30 Eu não posso, de Mim mesmo, fazer coisa alguma. Julgo como ouço e o Meu julgamento é justo, porque não busco a Minha vontade mas a vontade Daquele que Me enviou.”
Para Jo (5,30), -Tudo em Deus - tomemos “Caminho, Verdade e Vida”, de Emmanuel por Chico Xavier:
“Constitui ótimo exercício contra a vaidade pessoal a meditação nos fatores transcendentes que regem os mínimos fenômenos da vida.
O homem nada pode sem Deus.
Todos temos visto personalidades que surgem dominadoras no palco terrestre, afirmando-se poderosas sem o amparo do Altíssimo; entretanto, a única realização que conseguem efetivamente é a dilatação ilusória pelo sopro do mundo, esvaziando-se aos primeiros contatos com as verdades divinas. Quando aparecem, temíveis, esses gigante de vento espalham ruínas materiais e aflições de espírito; todavia, o mesmo mundo que lhes confere pedestal projeta-os no abismo do desprezo comum; a mesma multidão que os assopra incumbe-se de repô-los no lugar que lhes compete.
Os discípulos sinceros não ignoram que todas as suas possibilidades procedem do Pai amigo e sábio, que as oportunidades de edificação na Terra, com a excelência das paisagens, recursos de cada dia e bênçãos dos seres amados, vieram de Deus que os convida, pelo espírito de serviço, a ministérios mais santos; agirão, desse modo, amando sempre, aproveitando para o bem e esclarecendo para a verdade, retificando caminhos e acendendo novas luzes, porque seus corações reconhecem que nada poderão fazer de si próprios e honrarão o Pai, entrando em santa cooperação nas suas obras. ”
Em “Os quatro Evangelhos”- Vol. 4º - buscamos os trechos que se seguem para a devida clareza dos versículos em estudo:
Jo (5,19) -O filho nada pode de si ...
Foi esta a resposta à acusação dos Judeus. Jesus, desta forma, se declarou inferior ao Pai e dependente dele.
Jo (5,20) -Faz aquilo que vê o Pai fazer...
Em geral, o Espírito não tem sentidos, como os do corpo. Para o Espírito elevado, o pensamento é luz. Ora, para os grandes espíritos, que se acham próximos do foco de toda vida e da onipotência, a vontade divina é visível. Eis porque Jesus diz que não faz senão aquilo que vê o pai fazer. Quer dizer que ele nada faz que não seja da vontade do Senhor, vontade que ele vê logo que ela é.
Jo (5,21) -O Pai ama o Filho e Lhe mostra tudo o que faz...
O pai tem confiança no filho. Porque este, pelas suas obras, chegou a perfeição sideral e adquiriu o saber e a pureza que o colocaram em condições de ver e de compreender, e o pai, deixando que ele veja e compreenda, lhe mostra todos os atos que pratica como criador. Assim é que lhe comunica a previsão dos acontecimentos e dos progressos que se hão de realizar, planetários e humanos.
Jo (5,22) -Pois, o pai a ninguém julga
O Senhor, na sua imutabilidade, espera, longânime, que pouco a pouco se aproximem os filhos que dele se afastaram. E todos acabarão certamente por ir até ele, pois que a lei do progresso, imutável como o próprio Deus de quem emana, é da essência mesma de tudo que é. E o Espírito, obra da vontade divina, criado perfectível, com a consciência do bem e do mal, está inelutavelmente submetido a essa lei, quaisquer que sejam as oscilações, os desvios, os desvairamentos do seu livre arbítrio.
Dizendo “O pai a ninguém julga”, Jesus se coloca no ponto de vista humano, no ponto de vista donde os homens encaravam, e, na sua maioria, encaram ainda os atos espirituais, considerando o “julgamento” como a exposição das faltas, de audiência dos espíritos prepostos à defesa dos acusados, mesmo de requisitório, se for preciso, e de deliberação...
...O julgamento de Deus existe, porém não como ato, como sentença formulada e aplicada em consequência de julgamentos parciais, proferidos com relação a cada culpado, após acalorados debates sobre seus crimes, faltas e delitos.
...O Espírito é quem livremente aplica a si mesmo a lei, com a consciência que Deus lhe outorgou, do bem e do mal, e ao julgamento da qual ele se acha inelutavelmente submetido.
Jo (5,24) -O que ouve e crê na Minha palavra e Naquele que Me enviou, tem a vida eterna e já passou da morte à vida.
Aquele que consegue caminhar com bastante pureza pelas sendas de Jesus, de modo a não se desviar, e que, pois, obedece aos preceitos que conduzem a Deus, entra numa nova fase de progresso e de provações que o fazem adiantar-se para a perfeição.
Jo (5,25) -Vem a hora, e já veio, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão.
“E já veio” Alusão aos profetas e missionários, isto é, aos Espíritos em missão ou enviados e aos “justos”, que haviam encarnado antes da missão terrena do Mestre. Eles “vivem”, porque ouviram a voz do filho de Deus. Os “mortos”, isto é, os encarnados, que ouvirem a voz do filho de Deus “viverão”. Desse modo, Jesus prediz e promete aos que, desde o tempo de sua missão até agora, houverem trilhado as suas sendas, como o fizeram os profetas, os Espíritos em missão, os justos, que o tinham precedido, e promete também aos que de futuro caminharem por aquelas sendas, libertarem-se das provações materiais na Terra e do corpo de carne da natureza dos vossos.
Jo (5,26) -Pois, assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho ter a vida em si mesmo.
Esta declaração ainda uma vez vos mostra a condição relativamente inferior e dependente em que Jesus se coloca à vista de todos. “O pai tem a vida em si mesmo”, pois que tem todas as perfeições. “Deu ao filho ter a vida em si mesmo,” dando-lhe a possibilidade de adquirir todas as perfeições.
Jo (5,27) -E lhe deu o poder de julgar
O julgamento do Cristo não é coisa diversa da imprescritível aplicação que ele faz da lei a todo Espírito sujeito a humanizar-se: da lei do progresso, se o Espírito trata de se melhorar; da lei de estagnação, se persevera em suas faltas.
Jo (5,28) - ...Vem o tempo em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus.
Tempo vem em que todos os que estão nos sepulcros, isto é, todos os encarnados, visto que os vossos corpos de carne são sepulcros para os vossos Espíritos, ouvirão a voz do filho de Deus.
Jo (5,29) - Os que tiverem feito boas obras sairão dos sepulcros para a vida; os que obraram mal sairão para a condenação.
Ainda expressões figuradas; sempre a mesma ordem de ideias. Os que hajam progredido serão chamados a prosseguir na marcha ascensional, ou no vosso planeta, ou nos mundos superiores, conforme o grau alcançado de purificação.
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Jo (5,30) -Eu, de mim mesmo, nada posso fazer
Jesus nada pode fazer de si mesmo, porque se limita a aplicar a lei universal e imutável da reencarnação e das provas, executando assim os decretos eternos, a vontade imutável do pai, regulando os efeitos e as consequências do livre-arbítrio do homem, o uso que este faz desse livre-arbítrio e classificando o Espírito para o renascimento, de acordo com o seu estado fluídico, isto é, classificando o que venceu a prova, na condição correspondente às suas faculdades e à sua aptidão para progredir; classificando o culpado, na condição correspondente à necessidade que tem de reparar e de progredir.
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