Allan Kardec
Algumas Ideias e Pensamentos (5)
Coligidos por Sylvio Brito Soares
Reformador (Agosto 1957)
Siglas usadas no final de cada ideia ou pensamento, indicadoras das obras de onde foram extraídos.
C. I. - O Céu e o Inferno
E. - O Evangelho segundo o Espiritismo
G. - A Gênese
L. E. - O Livro dos Espíritos
L. M. - O Livro dos Médiuns
O. P. - Obras Póstumas
Oq. - O que é o Espiritismo
P. E. - O Principiante Espírita
R - Reformador
R. S. - La Revue Spirite
A Influência dos Espíritos
Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhes transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregues às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas. (G. - Pág. 46)
Inimigos
Se os inimigos de fora nada podem contra o Espiritismo, o mesmo não se dá com aqueles que
conosco comungam, quero dizer, aqueles que são mais espiritas de nome que de fato, sem falar dos
que não tem do Espiritismo senão a aparência exterior. (R. S. 1861; R., Outubro, 1951.)
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Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de v1ngança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha ; é socorre-los , em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar.(E. – Pág. 164)
Instinto
O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que tem a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade. (L. E. - Pág. 76)
Instrução
Aquele que seriamente deseja instruir-se, deve, nisto, como, em tudo, ter paciência e perseverança e colocar-se nas condições indispensáveis; sem o que, é melhor não se ocupar com o assunto.' (P. E. Pág. 52)
Insulamento
O voto de silêncio absoluto, do mesmo modo que o voto de insulamento, priva o homem das relações sociais que lhe podem facultar ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso . (L. E. – Pág. 348)
Jesus Cristo
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos tem aparecido na Terra, o espírito divino o animava . (L. E. Pág. 298)
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O papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento: a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. (E. - Pág. 43)
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Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém, cumpri Ia", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. (E. - Pág. 45)
Loucura
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura: as ciências, as artes e até a religião lhe fornecem contingentes, A loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas impressões. Dada a predisposição para a loucura, esta tomará o caráter de preocupação principal, que então se muda em ideia fixa, podendo tanto ser a dos Espíritos, em quem com eles se ocupou, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. Provavelmente, o louco religioso se houvera tornado, um louco espírita, se o, Espiritismo fora a sua preocupação dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra forma, de acordo com as circunstâncias.
Digo, pois, que o Espiritismo não tem privilégio algum a esse respeito. Vou mais longe: digo que, bem compreendido, ele é um preservativo contra a loucura. (L.E. – Pág. 38)
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Em o número das causas de loucura, devemos também colocar o medo, principalmente do diabo, que já tem desarranjado mais de um cérebro. Sabe-se o número de vítimas que se tem feito, ferindo as imaginações fracas com esse painel que, por detalhes horrorosos, capricham em tornar mais assustador. (Oq. - Pág. 69)
Médium
Muitas vezes o orgulho cresce no médium à medida que aumenta sua faculdade. A faculdade Ihe dá importância; ele passa a ser procurado e termina por se julgar indispensável; daí, algumas vezes, toma ele um tom de jactanciosa pretensão, ou os ares de suficiência e desdém incompatíveis com a influência de um bom Espírito. (R. S. 1859; R., Março 1947)
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O médium não tem senão a faculdade de poder transmitir a comunicação; mas a comunicação efetiva depende da vontade dos Espíritos. Se estes não quiserem manifestar-se, aquele nada obterá; será como um instrumento sem músico que o toque. (P. E. - Pág. 74)
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De todas as disposições morais, a que dá mais brechas aos Espíritos imperfeitos é o orgulho. O orgulho é para os médiuns um escolho tanto mais perigoso, porque eles não o reconhecem. É o orgulho que lhes dá uma confiança cega na superioridade dos Espíritos que a eles se ligam, porque ficam lisonjeados por alguns nomes que se lhes impõem. (R. S. 1859; R. Março. 1947)
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O poder que tem o médium de atrair os bons e repelir os maus Espíritos, está na razão da sua superioridade moral, da posse do maior número de qualidades que constituem o homem de bem; é por esses dotes que se concilia a simpatia dos bons e se adquire sobre os maus Espíritos. (Oq . - Pág. 133)
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Os médiuns menos moralizados recebem também, algumas vezes, excelentes comunicações, que não podem vir senão de bons Espíritos, o que não deve ser motivo de espanto; é muitas vezes no interesse dos médiuns e com o fim de dar-lhes sábios conselhos. Se eles os desprezam, maior será sua culpa, porque são eles que lavram a sua própria condenação. Deus, cuja bondade é infinita, não pode recusar assistência àqueles que mais necessitam dela. O virtuoso missionário que vai moralizar os criminosos,, não faz mais que os bons Espíritos com os médiuns imperfeitos. (Oq. - Pág. 131)
Mediunidade
Assim como a vista nos põe em relação com o mundo visível, a mediunidade nos liga ao invisível. Aquele que dela se utiliza para o seu adiantamento e o de seus irmãos, desempenha uma verdadeira missão e será recompensado. O que abusa e a emprega em coisas fúteis ou para satisfazer interesses materiais, desvia-a do seu fim providencial, e, tarde ou cedo, será punido, como todo homem que faça mau uso de uma faculdade qualquer. (Oq. - Pág. 134)
Morte
Para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-Ia sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível, o que denota da parte do Espírito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria. (C.I. - Pág. 19)
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A morte do corpo é apenas a destruição do envoltório corporal, que a alma abandona, como o faz a borboleta com a crisálida, conservando porém o seu corpo fluídico ou perispírito. (Oq. - Pág. 108)
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A morte do corpo desembaraça o Espirito do laço que o prendia à Terra e o fazia sofrer; e uma vez libertado desse fardo, não lhe resta mais do que o seu corpo etéreo, que lhe permite percorrer o espaço e transpor as distâncias com a rapidez do pensamento. (Oq. - Pág, 108)
Obscuridade
A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, presta-se sem dúvida à suspeita, mas nada prova contra a realidade.
Sabemos que em química algumas combinações não podem ser operadas à luz; que muitas composições e decomposições se produzem sob a ação do fluido luminoso; ora, todos os fenômenos espíritas são o resultado de uma combinação de fluidos próprios do Espírito com os do médium; sendo esses fluidos matéria, não é de admirar que, em certas circunstâncias, a sua combinação seja contrariada pela presença da luz. (P. E. - Pág. 74)
Obsessão
Não confundamos a loucura patológica com a obsessão; esta não provém de lesão alguma cerebral, mas da subjugação que os Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que, muitas vezes, tem as aparências da loucura propriamente dita. Esta afecção, muito frequente, é independente de qualquer crença no Espiritismo e existiu em todos os tempos. (Oq. - Pág. 69)
Pais
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-Ios na necessidade; é proporcionar-Ihes repouso na velhice; é cercá-Ios de cuidados como eles fizeram conosco, na infância. (E. - Pág. 196)
Paixões
As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga. (L. E. - Pág. 404)
Patrimônio
Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu; nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. (E. - Pág. 85)
Pensamento
Se, conforme pretendem os materialistas, o pensamento fosse segregado pelo cérebro, como a bílis o é pelo fígado, seguir-se-ía que, morto o corpo, a inteligência do homem e todas as suas qualidades morais recairiam no nada; que os nossos parentes, os amigos e todos quantos houvessem tido a nossa afeição, estariam irremissivelmente perdidos ; que o homem de gênio careceria de mérito, pois que somente ao acaso da sua organização seria devedor das faculdades transcendentes revela; que entre o imbecil e o sábio apenas haveria a diferença de mais ou menos substância cerebral. (O. P. – Pág. 29)
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O pensamento é atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria: sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito. (R.S. 1868; R., Outubro, 1949)
Persuasão
Aquele que numa reunião se apartasse do decoro, provaria não somente a sua incivilidade e falta de educação social, como também a sua falta de caridade; aquele que se ofendesse quando contraditado e pretendesse impor sua pessoa ou suas ideias daria prova de orgulho. Ora, nem um nem outro estaria no rumo do verdadeiro Espiritismo, isto é, do Espiritismo cristão. Aquele que acredita possuir uma opinião mais justa que os outros, mais facilmente a tornará aceita se empregar a doçura e a persuasão; o desabrimento seria de sua parte um péssimo caminho. (R.S. 1861; R. Out. 1951.)
Pobres de Espírito
A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas, sem a compreender. Por pobres de espírito, Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos. (E. - Pág. 109)
Prece
A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos, ou por outrem, pelos vivos ou pelos os mortos. (E. - Pág. 316)
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O pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar, em auxílio daquele por quem oramos, os bons Espíritos, que lhe virão sugerir bons pensamentos e dar a força de que necessitem seu corpo e sai alma. Mas, ainda aqui, a prece do coração é tudo, a dos lábios nada vale. ( L.E. – Pág. 310)
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O homem, que não se considera se considere suficientemente bom para exercer salutar influência, não deve por isso abster-se de orar a bem de outrem, com a ideia de que não é digno de ser escutado. A consciência da sua inferioridade constitui uma prova de humildade, grata sempre a Deus, que leva em conta a intensão caridosa que o anima. (E. – Pág. 319)
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Está no pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. (E. Pág. 320)
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O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um modo e não de outro. Quem quer que lance anátema às preces que não estejam no seu formulário provará que desconhece a grandeza de Deus. (E. – Pág. 328)
-Continua-
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