Crianças Doentes
Meimei
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Outubro 1961
Acalentas nos braços o filhinho robusto
que o lar te trouxe e, com razão, te orgulhas dessa pérola viva. Os dedos
lembram flores desabrochando, os olhos trazem fulgurações dos astros, os
cabelos recordam estrigas de luz e a boca assemelha-se a concha nacarada, em
que os teus beijos de ternura desfalecem de amor.
Guarda-o, de encontro ao peito, por
tesouro celeste, mas estende compassivas mãos
aos pequeninos enfermos que chegam à Terra como lírios contundidos pelo granizo
do sofrimento.
Para muitos deles, o dia claro inda
vem muito longe...
São aves cegas que não conhecem o
próprio ninho, pássaros mutilados esmolando socorro em recantos sombrios da
floresta do mundo!. " Às vezes, parecem anjos pregados na cruz de um corpo
paralítico ou mostram no olhar a profunda tristeza da mente anuviada de densas
trevas.
Há quem diga que devem ser
exterminados para que os homens não se inquietem; contudo, Deus, que é a
Bondade Perfeita, no-los confia hoje, para que a vida, amanhã, se levante mais
bela.
Diante, pois, do teu filhinho
quinhoado de reconforto, pensa neles! São nossos outros
filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento
e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos...
Entretanto, não lhes aguardes
rogativas de compaixão, de vez que, por agora, sabem
tão somente padecer e chorar.
Enternece-te e auxilia-os, quanto possas!..
E, cada vez que lhes ofertes a hora
de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante
ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o
júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da
bênção.
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