Ante o sexo e o Amor
Joanna de Ângelis
por Divaldo Franco
Reformador (FEB) Dezembro 1961
Como o fogo que necessita ser
disciplinado para ser útil, o sexo deve ser dirigido pelo amor a fim de preencher a sua finalidade
santificante.
A chama que a fornalha retém, aproveitando-lhe
o calor, quando se movimenta a esmo alastra-se em incêndio destruidor.
O sexo, que perpetua a vida humana
nos misteres procriativos quando bem conduzido, é o mesmo elemento que
escraviza a alma quando transborda desgovernado.
Se te encontras em tormentos
íntimos, açoitado pelo látego dos desejos infrenes, recorda o amor no seu
roteiro disciplinante e corrige o desequilíbrio, imolando-o ao dever.
Não acredites que a emoção atendida
nas fontes turbadas possa oferecer-te a tranquilidade que almejas. Amanhã,
retornarás, voraz, novamente vencido. E enquanto não a submetas ao crivo
rigoroso do teu comando, serás conduzido de forma impiedosa e aniquiladora.
Busca, assim, a linfa pura do amor,
e, sacrificando o impulso momentâneo, lava as impurezas emocionais que te
maculam.
Educa o pensamento por onde veiculam
os primeiros gritos da emotividade desequilibrada. Todo pensamento que se
cultiva, transforma-se em ação que se aguarda.
Compreende que as exigências do
desejo de agora nasceram ontem, no abuso da função sexual, quando o amor
delinquiu contigo, favorecendo os excessos prejudiciais.
Enquanto te inclinas sedento sobre
as largas faixas do gozo animalizante, procurando as facilidades que conduzem à
lassidão e à morte, outros corações, marcados por sinais indefiníveis, arrastam
os delitos do passado em alucinantes punições no presente, chorando em segredo,
ao sorverem a taça de fel da correção expiatória.
Não convertas as sublimes
experiências da continência sexual em favores degradantes que conduzem à
loucura e ao crime.
Ausculta o coração dos favorecidos
pelas concessões do impulso desgovernado e compreenderás o quanto são infelizes
e insaciados.
Procura sondar a própria alma em
rigorosa disciplina produtiva, fiel ao roteiro do dever mantenedor da vida, e,
se encontrares ardência íntima, constatarás que ela prenuncia libertação
consoladora que logo advirá , Por essa razão, a vitória sobre a carne não pode
ser protelada com pretexto de "falta de forças". Se na condição de
amo não consegues dirigir, na posição subalterna mais difícil será a tua
orientação.
Os que atravessaram os portais do
além-túmulo, vencidos pela lascívia e pelos desvios da função genésica,
permanecem doentes em longas e desvairadas perturbações, para renascerem
fustigados pela emoção atormentada, transformados em párias sociais. Encontra-las
as no caminho das criaturas, envergando roupagens masculinas e femininas,
retidos em invólucros teratogênicos, quais presidiários em cárceres estreitos e
disciplinantes, em longos processos de reeducação.
Ama, portanto, embora não recebas a
retribuição.
Ama
o dever idealista, inspirado pelas Forças Superiores, oferecendo tuas energias
à produção do bem que libertará o homem de todos os males.
Desenvolve a fraternidade no
coração, deixando-a espraiar-se como bênção lenificadora, consoante nos amou
Jesus-Cristo, corrigindo a inclinação da mente em relação àqueles com quem não
podes privar da intimidade, libertando o espírito e enriquecendo os
sentimentos.
Trabalha em favor dos outros, mesmo
que estejas transformado em brasa viva, e vencerás a aflição, recebendo as
moedas de luz qual salário em forma de serenidade.
No entanto, se apesar dos melhores
esforços não conseguires a desejada paz, continuando aflito, não creias que,
sorvendo a taça embriagadora, amainarás a tempestade. Logo cessado o efeito
entorpecente a sede devoradora retornará, agravando o processo liberativo.
O problema do sexo é do espírito e
não do corpo, e só pelo espírito será solucionado.
expiatória.
Procura, antes de novos débitos, o
amantíssimo coração de nosso Pai, através da oração confiante, entregando-te a
Ele, para que a sua inefável bondade, que nos criou e dirige, nos dê o
indispensável vigor de conduzir o nosso sexo em direção do amor sublime que nos
proporcionará a legítima felicidade.
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