Combate ao
ateismo?
por Vianna de Carvalho
Reformador
(FEB) Janeiro 1920
No último Consistório Secreto, o atual chefe do catolicismo - não da cristandade que é coisa absolutamente diversa - instruiu o Episcopado para que volte as suas baterias contra o materialismo.
O papa (*) já
excomungou a Teosofia, deu ordens relativas à extirpação do Espiritismo e das
ideias protestantes. Agora, encara, frente a frente, o problema ateísta. Foi
necessária a irrupção do bolchevismo na Europa, com tendências avassaladoras,
para despertar o zelo pontifício na eliminação de princípios negativistas que
se infiltram nas populações do velho continente.
A igreja permaneceu indiferente e
calada ante essa inoculação de incredulidade no espírito das novas gerações.
Mas investia furiosamente se opondo
à propagação do Espiritismo que é, sem dúvida, o maior antidoto à enfermidade
materialista em todas as suas manifestações...
A razão dessa atitude se explica
facilmente: o Vaticano compreendeu que era impossível reconquistar, com o
absurdo revoltante dos dogmas, às classes ilustradas, inteligências saturadas
de conhecimentos positivos.
Restava a multidão que não raciocina
e sustenta o comércio dos sacramentos.
A esta, os fatos da ciência são como
se não existissem.
E, como a Doutrina dos Espíritos
pode ser assimilada pelos homens simples e conduzem ao alijamento da bagagem
católica, se impunha a sua condenação de qualquer forma.
A teologia rançosa considerou-a qual
terrível rival e moveu-lhe ataques desleais a ver se conseguia arredá-la do
campo das competências religiosas.
Enquanto isso, as concepções da
filosofia niilista pairavam no alto, nos areópagos das academias.
Presentemente, porém, a cena se mudou.
O
povo começa a executar as ilações das teorias dissolventes outrora defesas à
sua curiosidade. Houve amplificação de contágio pelos veículos de imprensa, dos
comícios e associações libertárias.
E a igreja vê-se assediada por mais
outro elemento de destruição.
Nesta conjuntura sem remédio,
recorre a argumentos de fé, exaltando o valor do Deísmo quando, no fundo, apenas
defende o próprio interesse comprometido pelas correntes do socialismo
revolucionário.
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