A Redação Reformador (FEB) Janeiro 1920
Ignóbil é muita vez a lágrima que
ri, quando os lábios soluçam: é a lágrima da carpideira.
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O desesperado não chora; porque a
lágrima é o início da consolação.
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Chorar não é baixeza nem covardia:
não é baixeza, porque o pranto é sentimento, e o sentimento é elevação; não é
covardia, porque quem chora não afoga o sofrimento, antes o enfrenta, porque
lágrima é um desafio.
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O suspiro é o vapor do sofrimento
que se escapa da válvula do coração.
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A saudade é a sombra que o eclipse
do ente amado estende sobre nosso coração.
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A vaidade é, em certos casos, um dos
atributos do orgulho; em outros, uma infantilidade do espirito.
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Há riqueza faminta e a miséria
farta: esta antítese provém do espírito.
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Há muitos meios de ser grande; um só
de ser digno.
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A miséria nem sempre é miséria. Há
espíritos que resplandecem, mesmo através das chagas e dos trapos: há
fosforescência nos esterquilínios (imundícies).
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Não florescem lírios em vasos de
areia de ouro.
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Por maior que seja a treva do
espirito, a prece o ilumina, porque a prece é uma luz.
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O olhar fala pela mudez, como a flor
pelo perfume, o astro pela luz. Quando o rumor cessa, o silencio diz tudo. O
amor e o silêncio são dois enigmas: uni-los é decifra-los.
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Há um instrumento mais penetrante
que o telescópio, devassando os arcanos do céu: - O olhar de quem ama.
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O coração é o evangelho da alma e só
o pode compreender quem ama. Eis o estado em que o ignorante pode suplantar o
sábio.
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Quando os povos se desuniam pelo
cérebro, apareceu Cristo e os enlaçou pelo coração.
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O desdém é, ora o disfarce da inveja
provocada pelo mérito alheio, em 11 revolta do amor próprio, que ainda não
tocou ao desprezo, ora a manifestação do orgulho.
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O ódio que acompanha no desprezo, pode ser a revolta do amor ofendido.
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Quando o silencio fala pelo olhar,
requinta de seriedade: ou condena ou perdoa.
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O silêncio, em muitos casos, é o
último grau da emotividade.
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O sentimento, quando é forte, não
fala, interjectiva; porque, em tal condição - ele é um gemido, um grito da
alma.
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À proporção que a frase se amplia, a
comoção se restringe daí a excelência do som sobre a palavra.
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Uma palavra pode fulminar ou dar
vida, como uma gota d'água pode conter um veneno ou um antídoto.
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