Bilhetes
por G. Mirim (Antônio Wantuil de
Freitas)
Reformador
(FEB) Outubro 1946
Muito se fala atualmente em democracia, em liberdade de cultos, em respeito à consciência e ao direito do homem. Mas, pelo que vimos observando, a nossa legislação clericalista, inquisitorial, forjada à sombra do longo período “dipiano”, que não permitia a liberdade de a Imprensa e muito menos de as classes sociais se defenderem, continua, qual espada de Dâmocles, sobre a cabeça dos que não rezam pela cartilha da chamada maioria católica.
Enquanto certos jornais, dirigidos
por padres geralmente estrangeiros, têm a liberdade de agredir os não
católicos, mentindo, enredando e difamando, sem menor respeito às leis do País,
que os não atemorizam, porque se sentem senhores, as suas vítimas, quando
muito, só têm o recurso de ouvir e calar, visto que aquelas mesmas leis
poderiam ser invocadas, no caso de se defenderem.
Há mesmo, jornais católicos especializados
no plano, encarregados de maquinarem a intriga ou a infâmia, em seguida
transcrita pelos demais órgãos clericalistas. Desmentidos e diante mesmo de
documentos comprobatórios da sua artimanha, não dão qualquer satisfação, antes,
deixam que a intriga corra todo o território brasileiro, através de seus órgãos
e, em seguida, lançam mão de novo ardil.
É de lamentar que tudo isso ocorra.
Não por nós, que estamos dispostos a receber todas as afrontas e as julgamos insignificantes
quando comparadas às que o sacerdócio organizado atirou contra o Custo, mas,
por eles mesmos, por conhecermos a Lei a que estão sujeitos e a qual pagam o
seu tributo periodicamente, num ou noutro pais.
Constantemente esta revista se vê
obrigada a desmentir as infâmias propaladas pelos órgãos clericais. De quando
em vez, não contentes com seus planos de nos classificarem como inimigos da Religião,
da Família e da Pátria, urdem planos maquiavélicos em que nos apresentam como
conspiradores contra o governo constituído. E, com isso, algumas vezes têm
conseguido fechar os nossos Centros, os quais, porém, reabertos em seguida,
após a verificação policial de que não nos preocupamos senão com o Evangelho,
se enchem cada vez mais, obrigando-nos a desdobrá-los, visto que se tornam insuficientes
para receber o grande número de novos adeptos que surgem após cada perseguição.
São esses padres, cuja estatística nos demonstra serem
quase todos estrangeiros, os senhores absolutos. Fazem o que bem entendem. “O
Brasil é um País cristão e nós somos os ministros do Senhor.” - dizem eles.
Ninguém se atreva a perturbar lhes os planos de domínio das consciências - ad majorem Dei Gloriam. (“Para maior glória
de Deus", lema da Companhia de Jesus, cujos membros são chamados
‘jesuítas’.)
Para eles toda a
liberdade; seus gestos e suas palavras não estão sujeitos ao Código Penal que
eles próprios engendraram. Criaram-no para os espíritas, para meter os estorvadores
na cadeia, já que não nos podem levar à cegueira, não porque receiem as leis
brasileiras, mas pelo temor às represálias que poderiam surgir noutros países.
Os passes, porém, continuam a ser dados! Os doentes
continuam a recebe-los. Não são mais administrados livremente sob a proteção da
Lei, mas nos lares espíritas, transformados hoje em catacumbas semelhantes às
dos primeiros tempos.
E nós, os cristãos novos que viemos
para fazer ressurgir o Cristianismo, expurgando-o dos enxertos, das deturpações
e das interpretações interesseiras que lhe ofuscaram o brilho e consequentemente
afastaram os homens dessa fonte de Sabedoria - O EVANGELHO, aqui, estamos
dispostos ao sacrifício e em prece contínua para que Deus abençoe os nossos
algozes, iluminando lhes a consciência e o raciocínio, harmonizando-os com os
ensinos d'Aquele que é a Verdade, o Caminho e a Vida.
Que Deus se apiede dos nossos
perseguidores.
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