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domingo, 30 de maio de 2021

Dogmas e mais dogmas

 

Dogmas e mais dogmas

por I. Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Novembro 1946

             Enquanto os nossos irmãos protestantes não aceitam sequer a virgindade de Maria, os católicos dia a dia procuram conduzir aquele Espírito a uma categoria mais elevada. Depois de a apresentarem como mãe de Deus e de a subdividirem em tantas nossas -senhoras, quantas sejam necessárias aos interesses da Igreja, sob os mais extravagantes nomes, procuram agora convencer-nos, baseados numa lenda, de que Maria subiu aos Céus, tal qual Jesus, com o mesmo corpo apresentado entre nós.

             Referindo-se a esse culto prestado a Maria, em que a colocam em superioridade ao próprio Deus, por ser a genitora de uma das suas pessoas, disseram-nos os Espíritos que esse culto já ultrapassa ao que a Igreja rende ao próprio Cristo (Roustaing, lV-221); assim, diante dessa tendência do clero para deificar a Virgem, como já o fizeram com Jesus, julgamos necessário transcrever o que disseram os Espíritos, quanto à posição espiritual de Maria, extraindo alguns trechos da 3ª edição da obra “Revelação da Revelação”:

             - Maria era Espírito perfeito quando encarnou em missão: Perfeito, relativamente a nós, ao nosso planeta; não o era, porém, com relação aos mundos superiores. Espírito superior, de mui elevada hierarquia espírita, com relação a nós, não tinha ascendido ainda à perfeição sideral. (1-330).

            - Após uma encarnação fluídica num planeta mais adiantado que a Terra, encarnação sofrida como consequência de pequenina falta, retomou aquele Espírito o caminho simples e reto do progresso e até hoje o trilha, pois que ainda não chegou ao cume, à perfeição sideral. (1-333) ,

            - Conquanto não se ache ainda na categoria dos Espíritos puros, suas atuais encarnações estão de tal forma acima de nossas inteligências, que não podemos fazer dela do que sejam.

            Sabemos, porém, que Maria é um Espírito inferior, muito inferior a Jesus. (1-331).

            - O Senhor estava com Maria, mulher entre todas bendita, por ser, entre todas, Espírito muito puro no desempenho de uma missão na Terra. (1-369).

            - Recomendando João a Maria e esta aquele, Jesus deu o testemunho da sua solicitude pelos encarnados e homenageou os sentimentos que devem animar os filhos com relação aos pais, sentimentos que devem ligar a grande família humana. (IV-498).

            Como vemos, apesar do muito respeito e da muita estima que nos merece o elevado Espírito de Maria, ao qual temos recorrido muitas vezes, não podemos concordar com os dogmas da Igreja, dogmas que tendem a fazer da Virgem o que já fizeram com o Cristo, deificando-a igualmente.

            Os espíritas também dirigimos preces a Maria, como o fazemos igualmente aos nossos guias e protetores; porém, entre a nossa veneração à Virgem e a outros grandes Espíritos e a divinização que lhe quer dar a Igreja, vai um infinito, um abismo quase igual ao que existe entre a criatura e o Criador, ou entre um planeta e o Universo.

            Se assim continuarem, dentro de mais alguns séculos já não mais terão a Trindade, visto que se tornará necessário criar um novo termo, ao qual possam incluir as atuais três pessoas e mais o Espírito de Maria e talvez mesmo o de João Batista.

            Até lá, porém, o mundo já estará recristianizado. Os Espíritos já terão levado a verdade a todos os cantos da Terra, e os dogmas já não impressionarão a coletividade.


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