Grupo Ismael
por Bezerra de Menezes (Espírito)
Reformador
(FEB) 1º Maio 1916
Aí, nessas ligeiras linhas,
vencendo quiçá dificuldades que mal podemos apreciar, quais as de afinidades
mediúnicas e cabedais latentes do próprio médium, transparece, de fato, o
cintilante narrador de “Casa assombrada” e o profundo filósofo dos “Estudos de
Max”.
E, sente-se, de contrapeso, o
ritmo suave de um coração de crente palpitando em diástole de amor, de
luminosos eflúvios, lembrando carícias maternais.
Foi no dia 13 do corrente,
memorativo de sua desencarnação que os confrades do “Grupo Ismael” por ele,
Bezerra, presidido outrora, se lembraram de ouvi-lo eventualmente sobre
assuntos doutrinários, pertinentes à Federação, de que ele foi também por
longos anos principal coluna e o mais extremo defensor, na Terra.
Aliás, essa eventualidade já havia
sido preconizada possível por outro assíduo e não menos valioso companheiro da
espiritualidade naquele “Grupo” – Bittencourt Sampaio.
O que não podemos transfundir para aqui
– e com mágoa o dizemos – é a tonalidade da voz, a expressividade da palavra
articulada, a humildade do gesto do vero discípulo de Jesus, cuja passagem pelo
nosso meio social foi um padrão de exemplos imorredouros, constituindo, por
assim dizer, o centro de convergência do proselitismo incipiente.
Essa posição de destaque em meio a
companheiros outros da primeira hora, possuidores, todos, de sólida bagagem
intelectual e moral, ninguém a disputa ao que hoje vulgarmente conhecido por
bom velhinho, tem a fortalece-lo e a ampara-lo no mundo espiritual uma pirâmide
de corações agradecidos.
O nosso órgão por ele magistralmente
dirigido no passado, tanto quanto assistido agora, ufana-se de estereotipar lhe
o pensamento, no qual há sempre que meditar e aprender.
Eis a comunicação:
Louvado
seja por toda a eternidade o Cordeiro de Deus!
Atraído
por vossos sentimentos sou igual e sumamente grato aos conceitos emitidos em
meu favor, conquanto deles me não julgue digno pelo só esforço de me revelar o
mais insignificante soldado das hostes de Jesus, a quem tudo devo, inclusive a
felicidade que hoje desfruto.
Há muito acalento o
desejo e espreito a oportunidade de vos falar assim de viva voz, não obstante a
minha assídua permanência a vosso lado, no posto de trabalho que a misericórdia
de Deus e a graça de Jesus me confiaram.
Hoje,
tivestes a lembrança de invocar o meu nome sob os desígnios e consoante a
vontade de Jesus, aqui estou a dizer-vos:
Ah!
Quem me dera ter caridade e ser humilde!
Mas,
como esse Jesus é bom, como Ele me curou e curará a todos vós, eu vos direi: -
Avante, lutai sem temor, desenvolvei vossa fé, buscai páginas do Evangelho –
manancial inesgotável de amor, de caridade, de misericórdia – as forças para
prosseguirdes na vossa trajetória.
Não vos preocupeis com
a luta que vem travada, visto que Ele, o Cordeiro de Deus tem os seus legítimos
defensores que são os seus legítimos defensores, que são os seus mensageiros
encarregados de velar pela marcha e propagação da sua doutrina no mundo.
Não
se intimidem, tampouco, os vossos espíritos pelas constantes investidas dos
agentes das trevas contra este templo.
Mas,
digo-vos eu, intimidai-vos antes de vós mesmos; temei, amigos, as vossas
fraquezas, pois são elas que nutrem e fortalecem as hostes inimigas.
Rendei
graças a Deus, sempre, e no íntimo das vossas consciências fazei vibrar bem
alto o reconhecimento por haver Deus permitido possuirdes aqui um lugar de
trabalho.
É
aqui, de fato, a grande oficina na qual se formam e aptos se tornam os
artífices para curar os enfermos do corpo e da alma.
Como
é grandioso, como é extraordinário o que se passa acima das vossas cabeças!
Ah!
Que por viverdes ainda mergulhados no cárcere da carne, não possais apreciar em
toda a plenitude e beleza esses quadros inenarráveis!
Mas dia virá no qual,
como eu, coxo e estropiado, também tereis a vossa recepção neste plano...
E,
como eu, exclamareis então: Como Deus é bom!
O
momento, meus amigos, não comporta desenvolvimento de programas, ainda mesmo
porque o instrumento de que me utilizo pela primeira vez não está apto para
tanto; mas eu respondo ao vosso pensamento em duas palavras:
A Federação tem sua
orientação traçada, orientação que tem dado frutos excelentes e continuará a dá-los.
Quanto à Propaganda falaremos mais tarde e
oportunamente, porque ligados a ela há muitas questões não menos importantes e
que precisam ser abordadas.
Cumpram
vocês à risca – digo eu – o programa traçado pela Federação, tornem-se passivos
e obedientes às sugestões dos guias, cerrem colunas de modo a não permitir
brechas ao inimigo, abriguem-se sob o estandarte do Evangelho, procurem com
calma interpretar os seus ensinamentos; não se dividam por princípio algum,
afirmem, e mais, demonstrem aqui dentro e lá fora que este templo é de Jesus,
onde só se pratica o bem e a caridade, amai-vos uns aos outros, em suma, e eu
estou bem certo que essas prevenções , essas barreiras de improviso levantadas
, cairão por terra como por encanto, a fim de que fulja radiante, luminosa e
digna de veneração a figura gigantesca de N.S.J.C. – que estenda sobre esta
casa o seu manto misericordioso.
Por
hoje, não devo ir além. Ao despedir-me, agradeço do fundo d’alma o testemunho
eloquente da vossa solidariedade e simpatia ao vulto desvalioso e
insignificante do vosso obscuro e sempre dedicado companheiro.
Bezerra
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