Em saudação
fraternal
A Redação Reformador
(FEB) Janeiro 1941
Sincera e profundamente convicta do triunfo final e
definitivo da grande causa para cuja sustentação a criaram os Espíritos do
Senhor, sob as vistas de Ismael, causa que é a da cristianização integral da
humanidade, a Federação, ao vencer mais um período, o quinquagésimo sétimo, de
sua existência, toda ela, conforme assinalava há pouco um de seus Guias amoráveis,
de lutas pela verdade evangélica, junta suas saudações cordiais às que,
ansiosas de tranquilidade e ventura, permutam as criaturas da Terra. Dirige-as
a todas essas criaturas, em geral, e, particularmente, aos que, procurando ter
olhos de ver e ouvidos de ouvir, se hão colocado ao serviço daquela mesma causa
excelsa, por ela irmanados no sentimento que a caracteriza, sem embargo de
quaisquer dessas divergências peculiares à condição humana, sempre, por isso
mesmo, carentes de importância.
E as suas saudações a Federação as
formula com o coração a expandir-se em votos ardentes de paz, de paz
permanente, de paz indestrutível, dessa paz com que há vinte séculos lhes acena
o Cristo de Deus, facultando-lhes todos os meios de construí-Ia, pois que legou ao mundo esse escrínio de sabedoria e de amor: o Evangelho, que lhe
concretiza os ensinos e exemplos.
Nada importa que, ainda eivados de
egoísmo e orgulho, pareçam refratários os corações humanos ao sentimento da
fraternidade, da fraternidade cristã, única base capaz de assegurar a
perenidade da paz, dado que, quando ela sobre essa base se alçar, reinará
plenamente no exterior, porque estará implantada no imo das almas. O viverem
estas ansiando constantemente por ela, entrevendo que só a verdadeira
fraternidade a tomará imperturbável, bem mostra que esta última lhes reside em
gérmen no íntimo, gérmen aí deposto pelo Criador e, conseguintemente, com o
destino de desenvolver-se, para realizar-se num novo estado de consciência
coletiva, como resultante da elevação da consciência individual a mais alto nível.
Para outro efeito não tendem, nem
poderiam tender em última analise, muito embora aos materialistas e céticos se
afigure isso paradoxal, os conflitos e guerras em que se empenham os homens,
seus dissídios e antagonismos, as explosões, neles, de paixões incendidas e
destrutivas, de ambições e cobiças alucinantes, geradoras de aparentes
injustiças e iniquidades, para cuja cessação somente na brutalidade de lutas
ainda mais cruentas se depara recurso aos que tudo aferem pelo critério humano,
precaríssimo sempre e falaz. Se a diverso resultado houvera a humanidade de
chegar, fora imprescindível se pudesse negar que na obra divina tudo é
harmonia, harmonia perfeita e inabalável.
A patentear-se em tudo, desafiando
negações e sofismas, essa harmonia jamais poderia deixar de ser absoluta, com
relação ao há de mais sublimado naquela obra - o Espírito - sem que a onisciência
do Criador e o seu amor infinito, origem de todo o "criado", ficassem
manifestamente burlados, ou, melhor, fossem irreais. Que as inteligências e, primacialmente,
os corações se disponham a banhar-se das luminosidades da Terceira Revelação,
do Cristianismo-espírita, e aquela harmonia se lhes evidenciará em toda parte,
na maior sublimidade consentânea com o grau de evolução que umas e outros hajam
atingido.
Ora, desde que a evidenciação dessa
harmonia integral, evidenciação naturalmente gradativa, porque sempre acorde
com o nível de progresso a que tenha ascendido cada Espírito, consubstancia a
preponderante finalidade do Espiritismo, sem dúvida é este, nos tempos atuais,
o núncio exclusivo da paz, a adejar por sobre todas as confusões e desvarios do
momento que atravessamos. De fato, tanto assim é que, com espantosa rapidez, se
avolumam de mais em mais, a cada instante, as fileiras dos que, anelando por
paz e desiludidos de todos os remédios materiais para a cura de padecimentos de
fundo moral, buscam ouvir-lhe a voz, que é a do Consolador prometido pelo
Cristo de Deus, beber-lhe os ensinamentos, apreender-lhe os preceitos.
Esses ensinamentos e preceitos,
porém, pelo se basearem, como os preceitos e ensinos cristãos, na lei de causa
e efeito (a cada um segundo suas obras), da qual deriva o princípio de
misericordiosa justiça das reencarnações, não mais proclamado apenas, qual o
foi há dois mil anos, sob o véu do símbolo ou da parábola, e sim demonstrado
exaustivamente, conduzem à suprema síntese: amar a Deus e ao próximo
Em face da demonstração, cada dia
mais plena e insofismável desse princípio, que se impõe à razão e à consciência,
por permitir clara compreensão da justiça divina, que é antes misericórdia, já
não será possível ao homem, como até aqui, fraudar de todos os modos aquela síntese
do Cristianismo, sob a alegação de lhe não apreender a significação legítima,
por efeito, numa palavra, de insuficiência da sua capacidade de sentir a
verdade, que não por ineficiência da mesma síntese.
Tão poderosa é esta, como expressão
dos desígnios soberanos, que, a despeito de tudo quanto se possa dizer em contrário,
foi ela e somente ela que possibilitou a tenhamos hoje de novo pregoada pelo
Espírito Santo, ou, seja, pelas coortes dos Espíritos de luz e de bondade,
Espíritos verdadeiramente santos, ao aproximar-se o início de outro ciclo de
evolução planetária, em nome d'Aquele que, proclamando-a, abriu para a
humanidade o ciclo anterior, o da chamada era cristã, prestes a desaparecer,
substituída por outra a que melhor caberá essa qualificação.
Tornados mais aptos a compreende-Ia
e compreendendo-a melhor, por virtude da revelação positiva daquele princípio,
em seus fundamentos e consequências, não tardará o gênero humano a sentir-se
impossibilitado de lhe fugir à observância, que se resume, em não fazer nenhum
de seus membros aos demais o que não queira que lhe façam, fazendo-lhes tudo
quanto deseje que, para seu bem espiritual, para a sua real felicidade, para
que, portanto, a paz lhe esteja no intimo e ao redor, os outros lhe façam.
Certa, absolutamente certa de que
assim será, tendo, pela projeção da luz do Espiritismo sobre o futuro que se
avizinha, a antevisão do raiar desse amanhã radioso para o mundo terreno, é que
a Federação, ao saudar, em nome da fraternidade, cujo advento para breve as
vozes do céu anunciam, os que comungam no ideal do Cristianismo do Cristo, não
se detém na contemplação da trajetória que há percorrido, a recapitular os
sucessos capitais da jornada, se bem que ricos de lições proveitosas, nem a render
mais um preito de reconhecimento e veneração aos que à sua frente estiveram no
passado, prodigalizando exemplos de fé, abnegação e coragem moral, que hão de
abundantemente germinar e frutificar.
Ela prefere, posto o olhar nesse
amanhã que emergirá rutilante das névoas do presente, alteando-se sobre as
minas e devastações, morticínios e crueldades, que tão horrorosamente se
avolumam e estendem nestes dias de predomínio efêmero do príncipe da treva;
nesse amanhã, cuja luminosidade se acrescerá das irradiações dos Espíritos a
quem nos referimos e que já se mostram apontando o caminho à caravana dos que
marcham sob o lábaro de Ismael, o Anjo do Senhor, clamar aos que a possam e
queiram escutar, dentre os que colimam o ideal que o Espiritismo cristão a
todos põe por meta, repetindo o que de tão excelsos Guias ouve de continuo: "Avante! com
coragem, abnegação e fé, pelo sagrado roteiro que traçaram os passos humanos do
Pastor Divino, que preside à realização dos destinos das suas ovelhas; os
passos do único Mestre e Senhor da humanidade!"
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