terça-feira, 11 de maio de 2021

Combate ao ateísmo?

 

Combate ao ateismo?

por Vianna de Carvalho

Reformador (FEB) Janeiro 1920

             No último Consistório Secreto, o atual chefe do catolicismo - não da cristandade que é coisa absolutamente diversa - instruiu o Episcopado para que volte as suas baterias contra o materialismo.

            O papa (*) já excomungou a Teosofia, deu ordens relativas à extirpação do Espiritismo e das ideias protestantes. Agora, encara, frente a frente, o problema ateísta. Foi necessária a irrupção do bolchevismo na Europa, com tendências avassaladoras, para despertar o zelo pontifício na eliminação de princípios negativistas que se infiltram nas populações do velho continente.

                 (*) Do blog:   Bento XV -  nascido em Pegli em 21 de novembro de 1854. Desencarnado em  Roma,  22 de janeiro de 1922.

             Há dezenas de anos que o materialismo faz seu curso pernicioso, corrompendo sobretudo à mocidade das faculdades superiores de ensino.

            A igreja permaneceu indiferente e calada ante essa inoculação de incredulidade no espírito das novas gerações.

            Mas investia furiosamente se opondo à propagação do Espiritismo que é, sem dúvida, o maior antidoto à enfermidade materialista em todas as suas manifestações...

            A razão dessa atitude se explica facilmente: o Vaticano compreendeu que era impossível reconquistar, com o absurdo revoltante dos dogmas, às classes ilustradas, inteligências saturadas de conhecimentos positivos. 

            Restava a multidão que não raciocina e sustenta o comércio dos sacramentos. 

            A esta, os fatos da ciência são como se não existissem. 

            E, como a Doutrina dos Espíritos pode ser assimilada pelos homens simples e conduzem ao alijamento da bagagem católica, se impunha a sua condenação de qualquer forma.

            A teologia rançosa considerou-a qual terrível rival e moveu-lhe ataques desleais a ver se conseguia arredá-la do campo das competências religiosas.

            Enquanto isso, as concepções da filosofia niilista pairavam no alto, nos areópagos das academias.

            Presentemente, porém, a cena se mudou.

            O povo começa a executar as ilações das teorias dissolventes outrora defesas à sua curiosidade. Houve amplificação de contágio pelos veículos de imprensa, dos comícios e associações libertárias.  

            E a igreja vê-se assediada por mais outro elemento de destruição.

            Nesta conjuntura sem remédio, recorre a argumentos de fé, exaltando o valor do Deísmo quando, no fundo, apenas defende o próprio interesse comprometido pelas correntes do socialismo revolucionário.


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