07) Mediunidade
é
ensejo
de aprimoramento espiritual
por Indalício
Mendes
Reformador
(FEB) Agosto 1958
Sem
profundo espírito evangélico não será possível viver o Espiritismo Cristão. Nem
os médiuns que se dedicam ao nobre e difícil
trabalho de caridade espírita podem prescindir da orientação evangélica. Preciso se torna, contudo,
seguir de perto, sem desânimo, antes com crescente interesse e não pequena
tenacidade, o roteiro doutrinário que naturalmente conduz a criatura à
compreensão da vida humana, porque confina com o Evangelho. Para que possa
usufruir os benefícios espirituais de uma semeadura bem feita, o homem
necessita, principalmente se lhe cumpre executar tarefas mediúnicas, ter em
mente que a vida na Terra está subordinada a uma Lei de Solidariedade, que o
traz ligado ao passado e ao futuro. Ninguém pode, no presente, permanecer
liberto dos compromissos adquiridos ontem e dos que vai assumindo agora, em
cada instante. Esses compromissos se refletem fatalmente no porvir e são eles
que estabelecem a diretriz que o Espírito encarnado terá de seguir amanhã. A
essa Lei de Solidariedade acha-se unida uma outra lei, de ação positiva e
inexorável: a Lei de Causa e Efeito. Estejamos agindo bem, ou estejamos
procedendo mal, jamais podemos fugir à ação dessa importante lei. Eis porque se
torna muito valioso para cada um de nós seguir, com a maior fidelidade
possível, a Doutrina Espírita, identificando-a com os luminosos princípios
evangélicos.
*
Torna-se
aconselhável que todos os centros e núcleos espíritas do País procurem
uniformizar seus trabalhos, tomando por norma a Doutrina codificada por Allan
Kardec. Nos esforços realizados para consolidar cada vez mais o Pacto Áureo,
muita coisa pode ser feita por qualquer espírita, de per si, buscando
familiarizar-se com as determinações doutrinárias, ao mesmo tempo que abandonando
quando não se encontrar compatível com esses ensinamentos. Fortalecer o
Espiritismo é o dever de todos, mas só há um caminho certo para isso: estudar e
propagar a Doutrina através da exemplificação quotidiana. Nenhuma propaganda é
mais positiva do que o exemplo. É isto o que os Espíritos de grande envergadura
moral esperam de todos os que se dizem espíritas. Espiritismo não é passatempo
nem diletantismo: é compromisso sério de cada um com todos, com a Humanidade,
sem restrições de ordem ideológica, partidária ou de que natureza for. Trazemos
no espírito a marca do passado e o futuro nos apontará os estigmas do
presente. Dizer-se que Deus castiga é uma expressão vinda de religiões mal
cristianizadas, e não corresponde à verdade. Deus não castiga. Sabemos o que
nos cabe fazer para nos elevarmos moral e espiritualmente. Acontece que estamos
subordinados a Leis e sofremos quando as infringimos, assim como somos felizes
quando vivemos de acordo com elas. Atribuir a Deus atitudes coléricas como as
do Jeová bíblico, será negar a própria substância do espírito cristão. Essa
ideia herética é fruto de uma desmoralizada técnica dogmática, destinada a
indivíduos sem liberdade de discernir ou que, por fanatismo ou ignorância,
abdicam o direito de raciocinar com lógica, transferindo a outrem o exercício
da reflexão e do pensamento. Um Deus infinitamente bom não pode castigar nem
matar, nem fazer sofrer. Temos leis a cumprir e essas leis vigoram para o rico
e para o pobre, para o forte e para o fraco, para o poderoso e para o
desamparado, para todas as raças humanas, sem distinção.
*
Somos
responsáveis por nossos atos e sofremos as consequências deles, ainda que
muitas vezes nos suponhamos atingidos por punições imerecidas, porque não nós
recordamos de ocorrências de vidas anteriores à presente. Portanto, somos nós
mesmos que nos castigamos e premiamos. Temos a nosso alcance a possibilidade de
melhorar a nossa posição em face do presente e do futuro, harmonizando a vida
com as Leis acima referidas. E essas Leis se encontram sabiamente expostas na
Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec. A mediunidade, em nossa opinião,
pode ser, na maioria dos casos, uma evidência de dívidas a amortizar. Por isto
é que os médiuns muitas vezes têm de arrostar sacrifícios e de enfrentar
dificuldades não pequenas, que lhes parecem injustas. Pensando bem, no entanto,
tais sacrifícios e dificuldades constituem provas que eles precisam superar e
devem fazê-lo galhardamente, com uma compreensão muito clara das obrigações
espirituais assumidas. Não há médium sem tarefas. Aqueles que,
portadores do dom mediúnico, fogem ao trabalho, cometem erro grave contra o futuro de seu
Espírito. Os que mercantilizam a mediunidade, felizmente poucos, pagam juros
pesadíssimos, cuja cobrança pode começar na presente peregrinação terrena. Esta
é uma verdade, inelutável.
*
O
médium que não estuda “O Livro dos Espíritos" e “O Livro dos
Médiuns", fortalecendo-se em “O Evangelho segundo o Espiritismo", age
sem orientação doutrinária, que é essencial à segurança e eficiência de seu
trabalho. Pelo menos esses três livros são imprescindíveis a uma boa diretriz.
Todavia, o ideal será conhecer todos os livros de Kardec, como, ainda, “O Céu e
o Inferno", “A Gênese" e “Obras Póstumas". Acrescente-se a
extraordinária obra que Roustaing legou ao Espiritismo e que contém amplos e
notáveis esclarecimentos sobre o Evangelho: "Os
Quatro Evangelhos", obra esta que Antônio Luiz Sayão sintetizou em "Elucidações
Evangélicas". Compreendemos que nem todos os médiuns em atividade possam
ler muitas obras. Neste caso, façam de “O Livro dos Espíritos", “O Livro
dos Médiuns" e “O Evangelho segundo o Espiritismo" seus companheiros
frequentes nas sessões de estudos, sempre úteis a encarnados e desencarnados.
O
exercício adequada da mediunidade enseja a quem a ele se entrega o
aprimoramento espiritual, porque ajuda a criatura humana a quebrar os grilhões
de erros e faltas passadas. Deste modo, a mediunidade deve ser abençoada e
protegida.
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