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terça-feira, 9 de julho de 2013

'Tema para Meditação'



Tema para Meditação


por Rodolfo Calligaris
Reformador (FEB) Jan 1961


            Encontramos "em "Anjo da Luz", livro do Padre Júlio Maria, os seguintes ensinamentos:

            "A predestinação é mais que a providência comum, mais que a providência sobrenatural em geral; é uma providência especial; que assegura aos eleitos graças eficazes para lhes fazer alcançar, infalivelmente, a glória eterna." (páginas 140 e 157)
            "Deus preparou desde toda a eternidade, para os seus eleitos, a beatitude e a glória; e esta preparação é uma eleição, uma predestinação especial, visto não ter sido concedida a todos os homens, nem sequer a todos os cristãos." (página 158)

            Desculpe-nos o reverendo, mas essa doutrina não é do Cristo, não. O que o Divino Mestre ensinou claramente, é que "Deus não faz acepção de pessoas" e "há de retribuir a cada um segundo as suas obras". E isso foi muito bem entendido pelos seus apóstolos, tanto que o Evangelho lhes consigna, entre várias outras afirmações nesse sentido, as seguintes:

            "Importa que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o galardão, segundo o que tem feito, ou bom ou mau) estando no próprio corpo." (II  Cor. 5:10)

            "O Senhor espera com paciência por amor de vós, não querendo que nenhum pereça, mas que todos se convertam à penitência.” (II Pedro, 3:9)

            Como se vê, não há aqui nada que se pareça com "providências especiais", nem qualquer coisa que faça supor existam, perante Deus, "eleitos" e enjeitados...

            "A perda de uns e a salvação de outros - argumenta o autor - não inclui nenhuma injustiça da parte de Deus, pois Deus nada nos deve; a salvação é dom gratuito de Deus, e Ele pode dar este dom a quem o quiser. O dono de um objeto não pode dispor dele à vontade?" (página 169)

            Que lógica, hem! Nem mesmo um materialista raciocinaria assim!

            Francamente, se Deus agisse dessa forma, seria mais imperfeito que muitas de suas criaturas. Qual o pai ou a mãe, por exemplo, que, podendo dar algo a todos os seus filhos, haveria de deixar alguns de mãos abanando?

            Ora, se os pais terrenos, com todas as suas limitações, são incapazes de tal iniquidade, atribuí-la ao Pai celestial constitui heresia inominável.

            Mas não é só. Na obra citada, ensina ainda o piedoso sacerdote:

            "Deus faz concorrer o mal à manifestação dos seus atributos e à harmonia de sua obra.(!)

            E' fácil compreender isto. O bem é uma luz... O mal é uma verdadeira sombra. A sombra serve, num quadro, para fazer sobressair a luz; uma dissonância serve numa sinfonia para preparar os acordes harmoniosos; o mal, tal uma sombra, uma dissonância, faz sobressair os dons concedidos aos bons." (pág. 167)

            “A obra divina deve a sua harmonia (pasmem!) não somente às irradiações celestes, mas também às sombras do pecado e da reprovação.

            Esta sombra divina deve ser iluminada, não somente pela glória dos eleitos, mas também pelo horror terrível e sublime do inferno." (pág.168)

            É como digno remate a esses raciocínios: A existência do inferno é uma necessidade; é uma obra de justiça e de amor de Deus," (pág. 170)

            Parece incrível, pois não? Mas é o que lá se encontra, apenas, sem os grifos, que são nossos. Como é diferente a linguagem do Cristo!

            "Que vos parece - diz o meigo Rabi da Galiléia - se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou, ATÉ QUE A ACHE? E depois de a achar, não a põe sobre seus ombros, cheio de gosto, e, vindo a casa, diz aos amigos e vizinhos: congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido? Assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que fizer penitência, que por noventa e nove justos que não hão mister de penitência." (Lucas, 15: 4 a 7. )

*

            Confrontemos, agora, esses doutrinamentos:

            Segundo o autor do livro "Anjo da Luz", Deus predestina alguns eleitos às delícias do céu, cercando-os de graças eficazes para que alcancem, infalivelmente, essa bem-aventurança, enquanto permite que o Mal tome conta do mundo, para perdição do resto da Humanidade! Depois, julga-se no direito de castigá-la, condenando-a ao fogo eterno, e ainda se deleita com esse espetáculo porque... "a obra divina deve ser iluminada, não somente pela glória dos eleitos, mas também pelo horror terrível e sublime do inferno"!

            Com tais ensinos, é de se admirar haja por aí tanto ateísmo e indiferença religiosa?

            Como atrair os homens para a Religião, como despertar neles o amor a Deus, se aqueles mesmos que se inculcam Seus ministros O apresentam desta forma, com esse caráter medonho, mais se parecendo a Satanás?

            Segundo o Espiritismo, entretanto, Deus é Pai, imparcial e amoroso. Se exerce a Sua Justiça, dando a cada um segundo o seu merecimento, não se esquece, todavia, dos extraviados, e vai lhes ao encontro, dá-lhes oportunidade de se redimirem (pelas reencarnações expiatórias) e se alegra com isso porque... "não é de Sua vontade que pereça um só destes pequeninos"!

            Qual, leitor amigo, a concepção que mais e melhor exalta os atributos da Divindade?



2 comentários:

  1. Olá Aron. Tenho 20 anos. Há algum tempo fui em um centro espírita, pois tenho alguma meniudade, cheguei a começar o tratamento, porem com medo do despertar que isso me trouxe fiquei com medo e deixei de ir. Estava dormindo e fui acordada com uma espécie de grito dizendo " Aron". Ao pesquisar, lhe encontrei. Não sei se isso quer dizer alguma coisa, mas busco a minha paz e a paz de quem quer que seja. Se achar que pode me ajudar de alguma maneira, entra em contato, por favor. Tamyfigueiredo@gmail.com

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  2. Como nos ensina Kardec, a presença dos espíritos em nosso cotidiano é maior do que imaginamos. Na realidade, são eles que orientam muitas de nossas ações. Permitimo-nos sugerir apenas que retorne à casa espírita, assista às palestras, una-se a um grupo de estudos doutrinários, e, finalmente, avalie com a direção da Casa da conveniência de iniciar o desenvolvimento de sua mediunidade. Esse é o caminho de muitos e, achamos, pode ser o seu também. Fraternalmente,

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