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‘Rimas do
Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
Guerra Junqueiro
Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929
Casa Editora Guajarina
Aos
Trabalhadores
No fragor da
labuta, ao látego inclemente
das duvidas que
ferem os homens de frente,
tereis que
caminhar, tereis que progredir.
Irmãos de boa
vontade, a ideia do Porvir
seja a eterna
lembrança, a aspiração constante
que todo o obreiro
deve afagar confiante.
Embora o vendaval
de néscios preconceitos
criados pelo
orgulho dos inda imperfeitos
vos queira desviar
do trilho luminoso
para o ínvio
caminho horrível, espinhoso;
dos prazeres
falazes, prejudiciais,
que empurram li
alma incauta a abismos bem fatais
- a calma seja
sempre, a calma bonançosa,
a vossa companheira
durante a afanosa
jornada do viver
tão cheia de aflições,
a fim de suavizar
as vossas provações.
Se em meio da
jornada, exaustos e cansados,
inclinardes a
fronte, o corpo, amargurados,
temendo prosseguir
por falta de coragem,
lembrai-vos, meus
irmãos: a vida é uma viagem
de lutas
sucessivas, mas tão passageira..!
Impávidos segui,
até que a derradeira
hora tenha soado, o
instante da partida
em que a Alma
regressa à verdadeira vida.
Irmãos, é
necessário lutar, combater
com a arma do
Evangelho, a cumprir o dever.
A batalha é
sublime, a postos, irmãos meus:
tendes como farol
divino o olhar de Deus!
Que nada vos
impeça, nada vos abata;
também na escuridão
recôndita da mata
às vezes a fera
solta lúgubre rugido,
mas aquele que vai
armado e prevenido
pode enfrenta-la
bem e faze-la recuar,
si foi bom caçador,
se souber atirar...
Na mata da existência,
a escuridão, é certo,
às vezes faz voltar
atrás quem estava perto
atingir um fim, um
ideal sagrado;
por isso é que é
preciso estar fortificado
com a couraça da
Fé, viril, robustecida,
que, as lutas
enfrentando, fique sempre erguida,
possante,
inquebrantável; nos embates vários
investe e faz cair
por terra adversários
do Progresso, da
Luz, do Amor, da Elevação,
e vivem chafurdados
em vil corrupção,
comprazem-se no Mal
de modo degradante.
Mas, quando houver
chegado o glorioso instante
do Senhor separar
por Sua própria mão,
os lobos das
ovelhas - joio do bom grão
tornar-se este
globo um mundo venturoso,
cheio das vibrações
puríssimas do gozo,
- homens que perdurais
na torpe iniquidade,
ao chegar o momento
em que a realidade
austera vos mostre
esse trilho verdadeiro,
- como haveis de
chorar, no instante derradeiro
que, por vossas
culpas, sereis dispersados
a regiões de dor, a
mundos atrasados..!
Ainda está em
tempo, ò pobres criaturas,
volverdes o olhar às
célicas alturas.
E, mesmo
acabrunhados, inda mesmo aflitos,
recordando o
passado, vós podeis, contritos,
implorar ao bom
Deus a hóstia imaculada
e virá confortar a
vossa torturada
existência, essa hóstia
alva do Amor
que vós recebereis
em nome do Senhor!
17 de Fevereiro de 1928.
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