Tecnologia e Evangelho
Vianna
de Carvalho
por Divaldo Franco
(mensagem recebida em Frankfurt, Alemanha)
Reformador (FEB) Fev 1978
Ante
o esplendor da Tecnologia colocada a serviço da comodidade humana, exaltamos,
no Evangelho, a técnica profunda para a libertação do homem.
Não
desconsideramos os preciosos recursos da ciência tecnológica aplicados para a
decifração dos perturbadores problemas que vêm desafiando os séculos, na
condição de enigmas aparentemente insolúveis.
Em
face do aguçado olhar dos microscópios eletrônicos foram surpreendidas colônias
de organismos e vidas perniciosas, adentrando-se o homem na profunda mecânica
das células, das moléculas, dos átomos e das expressões subatômicas; as grandes
lunetas de radioastronomia detectam o agitar de "quasares" azuis e de
Universos outros pulsantes no Infinito dos espaços; pousam em outros mundos os
engenhos interplanetários...
A
Terra diminui de expressão, enquanto as distâncias desaparecem; os
acontecimentos televisionados, via satélites artificiais, invadem os lares com
expressivas cargas de informações rápidas, que, de certo modo, aturdem as
criaturas. Há conforto, música, beleza, ordem, limpeza e programação em quase
todos os lugares do mundo.
Poder-se-á
mesmo dizer que o triunfo tecnológico teria mudado as paisagens do planeta, não
fossem as ermas ou frias, revoltadas, tristes ou miseráveis paisagens do mundo
moral do homem, que prossegue, genericamente, sem rumo, no báratro das
realizações exteriores.
Simultaneamente
o orgulho dizima os poderosos, que se olvidam dos fracos, enquanto necessidades
sócio econômicas aniquilam os pobres, que olham, revoltados, a abastança dos
ricos...
Abraça-se
a opulência com a miséria, não obstante as aparentes segregações. Quase todos, porém,
sob o açodar de íntimas aflições sem nome, se arrojam a guetos de exteriores
diversos, quais imensos abismos de angústias e sombras onde buscam os prazeres
fugidios que os não saciam.
De
um lado, a opulência vã, que não ultrapassa os limites das necessidades morais
urgentes, e de outro, a frieza, a indiferença, o cansaço dos que supõem haver
conquistado o mundo, quando, em realidade, apenas triunfaram por fora...
As
montras que exibem os mais aperfeiçoados aparelhos eletrônicos, joias
sofisticadas, móveis de alto luxo confundem-se com as que convidam ao sexo
aviltado, em multiforme expressão que escapa às imaginações mais exacerbadas -
de inspiração procedente das baixas regiões do Mundo Espiritual -, com os
cassinos e bares onde as paixões e ilusões não conseguem evadir-se à
constrição devastadora...
Sob
a mesma inspiração, afoga-se a juventude no pântano dos tóxicos ou engaja-se,
alucinada, nas experiências da velocidade, da aventura, da criminalidade. E
muito mais...
Não
olvidamos os inestimáveis serviços prestados à saúde do corpo e da psique, que
resultam das laboriosas conquistas científicas, expulsando enfermidades cruéis,
e que cedem lugar a novas técnicas, tais, aliás, raramente ao alcance das bolsas
dos aflitos.
A
Ciência sem Deus é loucura e morte. A Tecnologia sem o apoio do Evangelho é
passo largo para o desespero e a insensatez.
A
Tecnologia melhora a forma, dá beleza, enquanto o Evangelho reforma o homem e
dá-lhe sentimento.
A
ciência tecnológica programa o mundo, enquanto a sabedoria evangélica edifica o
homem, que, renovado, modifica o mundo.
A
primeira trabalha para o exterior; a segunda promove o interior.
Uma
é claridade, atuando de fora para dentro; outra é luz a exteriorizar-se de
dentro para fora.
Para
o materialismo não há saída. O futuro se encarregará de mudar-lhe as atuais
estruturas conceptuais e tecnológicas, impelindo o homem, inevitavelmente, para
Deus. Certamente, nenhum desdém pelas nobres conquistas
do cérebro; todavia, sem a eloquente contribuição do sentimento renovado em
Cristo Jesus, o homem não se encontra consigo mesmo, não indo além de uma forma
bem equipada e perigosa, a caminho das sombras do túmulo.
Por
isso, reverenciamos na Doutrina consoladora dos Espíritos a Ciência da crença,
sob o Sol sublime que é Jesus, astro de primeira grandeza a sustentar o
equilíbrio do sistema, fecundo e soberano, que espera por nós há milênios, sem pressa
nem angústia.
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