Evangelho e
Espiritismo
Editorial de ‘Reformador’
(FEB) Jan 1978
“Eu rogarei ao Pai - disse Jesus - e Ele vos dará outro Consolador, a fim de
que esteja para sempre convosco. O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o
que vos tenho dito. O Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o
Espírito de Verdade, que dele procede, dará testemunho de mim." (João,
14:16 e 26 e 15:26)
"O Espiritismo - escreveu Allan Kardec -
realiza todas as promessas do Cristo a
respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside
ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por
essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador." ("A Gênese", FEB, 19.a edição, p.
34.)
E
acrescenta: "Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele,
pois, do contrário, dissera: "Voltarei a completar
o que vos tenho ensinado." Não só tal não disse, como acrescentou: "A fim de que fique eternamente convosco e ele estará em vós. Esta proposição não poderia referir-se a uma individualidade
encarnada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem, ainda menos,
estar em nós; compreendemo-la, porém, muito bem com referência a uma doutrina,
a qual, com efeito, quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente em nós. O
Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de
uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito
de Verdade." (Obra citada, página 387).
Conclui
Kardec que o Espiritismo "não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É
fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de
Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio
das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já
descobrira, faz se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade
daquilo que a incredulidade considerava inadmissível."
E
para que não restasse nenhuma dúvida, voltou a afirmar, categórico: "
Assim
como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la",
também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada
ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa
e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica.
Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização
das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme
igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na
Terra." ("O Evangelho segundo o Espiritismo", FEB, 72ª edição, pp.
59/60.)
"Tenho ainda muito o que vos dizer, mas vós
não o podeis suportar agora" - havia dito o Divino Mestre; quando
vier, porém, o Espírito de Verdade, ele vos guiará a toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me
glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem
é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar." (João, 16:12 a 15)
Tudo
isso forma um conjunto lógico de meridiana clareza: Jesus, o Messias, o Médium
de Deus, que preside à regeneração da Humanidade, e prepara o Reino de Deus na Terra, não pode ensinar tudo, de viva voz,
porque os homens não poderiam, na época, entendê-lo. Então, em nome do Pai, prometeu
enviar-nos o Espírito Santo, isto é, uma Doutrina Consoladora, orientada pelo Espírito
de Verdade, que tudo nos explicaria e que nos faria lembrar os seus divinos
ensinamentos. Esse Consolador seria enviado por Ele, porque era dele e, como tal, o glorificaria.
Cumpriu, quase dezenove séculos depois, a sua grande promessa, através do Espiritismo,
que lhe clareou e completou os ensinamentos imortais.
O
Espiritismo é, pois, como Kardec reconheceu e proclamou, o Consolador prometido
por Jesus, para apressar a redenção da Humanidade, em nome e sob o influxo do Soberano
Mestre. Sem as luzes do Espiritismo faz-se impossível entender toda a lógica, toda
a verdade e toda a excelsa beleza do Evangelho Cristão, do mesmo modo que sem as
luzes divinas do Evangelho o Espiritismo simplesmente não teria qualquer razão
de ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário