O Filho do Homem
Ivo
de Magalhães
Reformador
(FEB) Julho 1972
Em
artigo anterior (Reformador - Março, 1970), (*) salientamos a constante
preocupação de Jesus, bem sublinhada pelos
Evangelistas, de mostrar que os fatos ligados à sua passagem pelo nosso
planeta, os atos que praticou, os ensinamentos que ministrou e as palavras que
proferiu em nada transgrediam a lei moisaica, mas, pelo contrário, confirmavam
as Escrituras, a fim de que, revestidos de autenticidade, pudessem os
acontecimentos ser aceitos pelo povo judaico, tão apegado às suas, tradições.
Assim,
aludindo a um argumento muito invocado por quem não aceitava a revelação do corpo fluídico de Jesus, lembramos que, à
cruz, ao exclamar “Tenho sede” estava o Mestre simplesmente dando cumprimento à
profecia de David, referida em um de seus salmos (o de nº 68, v. 22, de certas
edições, ou de nº 69, v. 21 ou 22, de outras):
“e
na minha sede me propinaram “vinagre”.
Efetivamente,
conforme assinalou João, no Capítulo XIX, versículo 28 de seu Evangelho,
sabendo Jesus que tudo estava cumprido,
“para
se cumprir uma palavra que ainda restava da escritura, disse: “Tenho
sede”.
Outro
argumento análogo tem sido também apresentado: o de se haver o Mestre
denominado “Filho do Homem” para, segundo dizem, bem marcar os laços que o
prendiam à espécie humana. Ora, se assim fosse, estaria
o Cristo, evidentemente, se considerando filho de José - o homem - e de Maria, mas,
neste caso, se ele houvesse nascido de mulher, não poderia ter afirmado, como afirmou, que
“nenhum dentre quantos hão nascido de
mulheres foi maior do que “João Batista”” (Mateus – Cap. II, v. 11), visto
como jamais foi posta em dúvida a sua superioridade sobre a do profeta,
superioridade a que o Mestre aludiu, veladamente embora, quando, logo após o
haver exaltado, advertiu:
“mas
aquele que for o menor no reino dos céus é maior do que ele”. (Mateus
Cap. II, v. 11),
porém
já havia tornado patente quando, sem contestar João Batista, que lhe dizia: “Eu é que devo ser batizado por ti, e tu vens
a mim?” (Mateus - Capítulo III, v. 14), respondeu-lhe:
“Deixa-me fazer assim por esta hora, porquanto é necessário que cumpramos toda a justiça.” (Mateus Cap.
III, v. 15).
Parece-nos,
pois, evidenciado que, ao se denominar “Filho do Homem”, não pretendia Jesus
marcar laços que o prendessem à espécie humana, mas sim visava a dar a essa
expressão um sentido messiânico para, ainda uma vez, confirmar as Escrituras!
Com efeito, intitulando-se “Filho do Homem” não estava ele senão fazendo uso
das palavras de que se servira Daniel na célebre passagem da Visão dos Quatro Animais Simbólicos:
“Eu
considerava pois estas coisas numa visão de noite, e eis que vi um como o filho
do homem, que vinha com as nuvens do céu, e que chegou até o antigo dos dias; e
eles o apresentaram diante dele.
E
ele lhe deu todo o poder, e a honra, e o reino; e todos os povos, todas as
tribos, e todas as línguas o servirão; o seu poder é um poder eterno que lhe
não será tirado, e o seu reino tal, que não será jamais corrompido» (Daniel -
Capítulo VII, vv, 13 e 14).
Não
estará, assim, invalidado mais um frágil argumento com que se procura negar a revelação do corpo fluídico de Jesus?
Pensamos que sim e nem se alegue que, de tal forma, estaríamos insensatamente pondo em
dúvida as profecias de Daniel, que teria visto em Jesus o filho de um homem e não o Cristo,
portador de um corpo fluídico! A conclusão a que se deve chegar é exatamente a oposta,
porquanto o grande profeta, cujas extraordinárias faculdades os tempos se
encarregaram de comprovar, não disse ter visto o filho de um homem, mas sim “um
como (o grifo é nosso) o filho do
homem”, isto é, um ser parecido, semelhante ao filho de um homem!
A
versão francesa é ainda mais concludente: “quelqu'un de semblable à un fils de “l'homme”.
E
o corpo de Jesus era realmente, em tudo, “semelhante” ao corpo humano, pois o Mestre assim plasmara o seu perispírito e lhe
dera tangibilidade, para o cumprimento de sua missão terrena. Apenas, não se
tratava de um corpo carnal, mas de um corpo fluídico, como tão claramente nos
revelaram os Evangelistas, mercê da extraordinária mediunidade da Senhora
Collignon, na obra magistral tão bem coordenada e divulgada por Jean-Baptiste
Roustaing.
(*) Já blogado.
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