Pedro
e a Igreja
de Cristo
16,13
Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus
discípulos. “ -No dizer do povo, quem sou Eu?”
16,14
Responderam: Uns dizem que és João Batista; outros Elias; outros Jeremias ou um
dos profetas.
16,15 E perguntou-lhes Jesus: “ -E vós? Quem
dizeis que Eu sou?
16,16
Simão Pedro respondeu: - Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo!
16,17
Jesus, então, lhe disse: “ -Feliz és,
Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou
isto, mas Meu Pai que está nos céus
16,18 e
Eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e os
poderes do mal jamais poderão dominá-la.
16,19 Eu te darei as chaves do reino
dos céus: Tudo o que ligares na terra, será ligado no céu, e tudo o que
desligares na terra será desligado no
céu”
Para Mt (16,15)
-Quem dizeis que Eu
sou? - buscamos “Pão Nosso”, de Emmanuel
por Chico Xavier:
“Nas discussões propriamente do mundo, existirão sempre escritores
e cientistas dispostos a examinar o Mestre, na pauta de suas impressões
puramente intelectuais, sob os pruridos da presunção humana.
Esses amigos, porém, não tiveram
contato com a alma do Evangelho, não superaram os círculos acadêmicos e nem
arriscam títulos convencionais, numa excursão desapaixonada através da
revelação divina; naturalmente, portanto, continuarão enganados pela vaidade,
pelo preconceito ou pelo temor que lhes são peculiares ao transitório modo de
ser, até que se lhes renove a experiência nas estradas da vida imperecível.
Entretanto, na intimidade dos
aprendizes sinceros e fiéis, a pergunta de Jesus reveste-se de singular
importância.
Cada um de nós deve possuir opiniões
próprias relativamente à sabedoria e à misericórdia com que temos sido
agraciados.
Palestras vãs, acerca do Cristo,
enquadram bem apenas a espíritos desarvorados no caminho da vida.
A nós outros, porém, compete o testemunho da
intimidade com o Senhor, porque somos usufrutuários diretos de sua infinita
bondade. Meditemos e renovemos aspirações em seu Evangelho de Amor,
compreendendo a impropriedade de mútuas interpelações, com respeito ao Mestre,
porque a interrogação sublime vem dEle, a cada um de nós e todos necessitamos
conhecê-lo, de modo a assinalá-lo em nossas tarefas de cada dia. ”
Para Mt (16,18)
-Sobre esta pedra
edificarei a minha igreja..
- leiamos a
“Roma e o Evangelho”(FEB) , de D. José Amigó y Pellícer que, em um dos apêndices
ao final do livro nos apresenta reprodução de discurso pronunciado pelo bispo
Strossmayer no Concílio de 1870 (o que
concedeu aos papas a famigerada infalibilidade). Desse discurso (inesquecível!)
extraímos o pequeno trecho a seguir:
“Entre os doutores da antiguidade cristã, Santo Agostinho ocupa um
dos primeiros lugares, pela sua sabedoria e pela sua santidade. Escutai como ele
se expressa sobre a primeira epístola de S. João:
Edificarei a
minha Igreja sobre esta pedra, significa claramente que é sobre a fé de Pedro.
-No seu tratado 124, sobre o mesmo São
João, encontra-se esta significativa frase: Sobre esta rocha, que acabais de
confessar, edificarei a minha Igreja; e a rocha era o próprio Cristo, filho de
Deus.
Tanto esse grande e santo bispo não
acreditava que a Igreja fosse edificada sobre Pedro, que disse em seu sermão nº
13:
- Tu és Pedro, e sobre essa rocha ou
pedra que me confessaste, que reconheceste, dizendo: Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo, edificarei a minha Igreja,
sobre mim mesmo; pois sou o filho de Deus vivo. Edificarei sobre mim mesmo, e não sobre ti.
Haverá coisa mais clara e positiva?
Deveis saber que essa compreensão de
Sto. Agostinho, sobre tão importante ponto do Evangelho, era a opinião corrente
do mundo cristão naqueles tempos. Estou certo de que não me contestareis.
Assim é que, resumindo, vos direi:
1º Que Jesus deu aos apóstolos o mesmo poder
que deu a Pedro.
2º Que os apóstolos nunca reconheceram em S.
Pedro a qualidade de vigário do Cristo e infalível
doutor da Igreja.
3º Que o mesmo Pedro nunca pensou em ser
papa, nem fez coisa alguma como papa.
4º Que, os concílios dos quatro primeiros
séculos nunca deram, nem reconheceram o poder e a jurisdição que os bispos de
Roma queriam ter.
5º Que os Santos
Padres, na famosa passagem: - Tu és Pedro, e sobre essa pedra (a confissão de
Pedro) edificarei a minha Igreja - nunca entenderam que a Igreja estava
edificada sobre Pedro (super petrum), e sim sobre a rocha (super petram), isto
é: sobre a confissão de fé do Apóstolo!
Concluo, pois, com a História, a
razão, a lógica, o bom senso e a consciência do verdadeiro cristão, que Jesus não
deu supremacia alguma a Pedro, e que os bispos de Roma só se constituíram
soberanos da Igreja, confiscando, um por um, todos os direitos do episcopado! (Vozes
de todos os lados: Silêncio, insolente, silêncio! silêncio!)
Não sou insolente! Não, mil vezes
não!
Contestai a História, se ousais
fazê-lo; mas ficai certos de que não a destruireis!
Se avancei alguma inverdade,
ensinai-me isso com a História, à qual me prometo fazer a mais honrosa
apologia. Mas compreendei que eu não disse tudo quanto quero e posso dizer.
Ainda que a fogueira me aguardasse lá fora, eu não me calarei!”
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