quinta-feira, 18 de julho de 2013

O que pede o Espiritismo


O que pede
o Espiritismo
Martins Peralva
Reformador (FEB) Abril 1959

Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra,
- Atos, 8:4,

            Se o maravilhoso Dia do Pentecostes, foi para os discípulos, a demonstração eloquente e definitiva da imortalidade da alma e da comunicabilidade dos Espíritos, enchendo-lhes de esperança os corações devotados, por seu turno as ‘línguas de fogo’ marcaram, também) o início de sérias e cruentas jornadas.

            Não fosse a extraordinária fé dos primeiros servidores do Evangelho, dificilmente ter-se-ia conservado a unidade apostólica.      

            Apesar de todas as lutas, os discípulos mantiveram-se unidos, coesos, em torno do ideal legado pelo bem-aventurado Aflito da Crucificação.

            Alguns deles; em face das perseguições que desabaram sobre os herdeiros do Evangelho do Reino, tiveram de abandonar Jerusalém e embrenhar-se pelas aldeias e cidades da Palestina.

            Saulo, exaltado e colérico, estabelecia o império do terror e da repressão aos discípulos da Boa Nova, aos companheiros do Suave Rabi, levando-os para as prisões, onde eram submetidos a inomináveis torturas.

            O fantasma da morte pelo açoite, pelo apedrejamento cruel ou pela crucificação, pairava sobre a humilde comunidade.

            A perseguição, entretanto, resultava vazia e contraproducente.              

            Aqueles - como Filipe, por exemplo - que eram obrigados a se dispersar, iam por toda a parte, anunciando a palavra.

            Em Samaria, criaturas perseguidas por entidades sombrias viam-se livres à simples determinação do abnegado discípulo.

            Paralíticos e doentes eram curados.

            Homens sem fé, fortalecidos pelo verbo iluminado de Filipe, transformavam-se interiormente.
            O Novo Testamento registra o notável trabalho que resultou da dispersão de alguns discípulos) através da seguinte referência: Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.

            O Cristianismo germinava e expandia-se sob o fogo da mais terrível opressão.

            O exemplo e a sinceridade dos apóstolos constituíram, sem dúvida, expressivo elemento de consolidação da Nova Ideia, contribuindo, assim, para que ela formasse raízes vigorosas, apesar da violenta reação dos que reconheciam nos postulados fraternistas do Evangelho incoercível força a lhes ameaçar o domínio e a prepotência.

            Para que uma ideia subsista e se afirme, indelevelmente, na consciência universal, necessário é que os seus propugnadores lhe exemplifiquem os princípios.

            O Cristianismo triunfou no Mundo porque os homens dos primeiros dias - almas dedicadas e sinceras - se converteram em expressões vivas e eloquentes da palavra divina.

            Sem revolta - humilhavam-se para que ele, o Redentor, se projetasse no coração e na consciência dos homens.

            O Espiritismo, para triunfar, também nos pede alguma coisa.

            Pede-nos trabalho, boa vontade, exemplificação.

            A vitória definitiva da Doutrina Espírita, nesta luta sem armas que estamos realizando, dependerá, essencialmente, da forma por que nos conduzirmos.

            Todos os percalços serão superados se do Espiritismo fizermos o que efetivamente ele é: uma Doutrina de consolação e esclarecimento, de fraternidade e trabalho, sugerindo-nos, de modo permanente, permanente renovação interior.

            Dispersos ou congregados - não importa o lugar, não importa a posição - serviremos à Causa pela exemplificação e pela fidelidade, bem como pelo respeito a nós mesmos, na convicção de que o Cristo nos vê, observa e ouve.

            O que nos é pedido, na atualidade, é o mesmo que se pedia aos trabalhadores da primeira hora: dedicação e trabalho, a fim de que anunciando com amor a palavra do Céu e espalhando o bem, glorifiquemos, apesar de mossa indigência espiritual; o nome augusto do Celeste Enviado.


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