‘Da
encarnação
e
desencarnação
do
Espírito’
por
Georges Dejean
in ‘A Nova Luz’ pág 194-196
conforme citação em Reformador (FEB)
Setembro 1945
O Espírito, ao encarnar numa
criança, não toma posse do corpo desde o nascimento. É pouco
a pouco que ele neste penetra e perde o contato com o Além. À medida que essa
incorporação se efetua, a criança, que a princípio não é mais do que uma
criatura de instinto, se vai tornando consciente da sua existência e da dos que
a cercam.
Do mesmo modo, no velho, a alma
deixa lentamente o corpo, começando essa separação, frequentemente, muito antes
que ele desça ao túmulo. Quando o homem se desprende dos bens materiais e já
não tem ambição nem desejos, é que principia a ruptura. Então, por um fenômeno
amiúde observado, o Espírito se reporta de preferência ao período de infância.
Lembra-se vagamente da fase em que
tomou posse do corpo. Consuma-se gradativamente o divórcio. Cada vez mais
ausente está a alma; sobre ela exerce o Além cada dia mais a sua influência atrativa. O
velho pensa na tumba e aspira ao repouso. Aqueles que, dando provas de
acentuada senilidade, não querem morrer, é porque, em realidade, os aterra o
pressentimento misterioso e secreto do castigo que os espera.
Para o justo, o fim é o entardecer
de um dia esplêndido. A morte não o amedronta, pois pressente
que ela lhe trará a cessação das provas, a recompensa aos seus esforços e o
coroamento de uma vida bem empregada. Para o que viveu mal, a morte se
assemelha a um carrasco que vem executar a obra de justiça e de expiação.
No velho, com efeito, não é a mente
que se turba, obscurece e extingue; é o cérebro que, abandonado pouco a pouco
pela alma, funciona cada vez menos sob o governo da razão e dá ao homem, gasto
pelos anos, essa apatia, essa fraqueza mental, que fazem crer na sua
decrepitude, quando, em verdade, o que há é que sua alma se acha mais avisada,
mais instruída, senão melhor do que o era no momento da encarnação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário