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domingo, 29 de julho de 2012

Idas e Vindas



‘Da encarnação
e desencarnação
do Espírito’

                                                                                              por Georges Dejean
in ‘A Nova Luz’  pág 194-196
conforme citação em Reformador (FEB)
 Setembro 1945


            O Espírito, ao encarnar numa criança, não toma posse do corpo desde o nascimento. É pouco a pouco que ele neste penetra e perde o contato com o Além. À medida que essa incorporação se efetua, a criança, que a princípio não é mais do que uma criatura de instinto, se vai tornando consciente da sua existência e da dos que a cercam.

            Do mesmo modo, no velho, a alma deixa lentamente o corpo, começando essa separação, frequentemente, muito antes que ele desça ao túmulo. Quando o homem se desprende dos bens materiais e já não tem ambição nem desejos, é que principia a ruptura. Então, por um fenômeno amiúde observado, o Espírito se reporta de preferência ao período de infância.

            Lembra-se vagamente da fase em que tomou posse do corpo. Consuma-se gradativamente o divórcio. Cada vez mais ausente está a alma; sobre ela exerce o Além  cada dia mais a sua influência atrativa. O velho pensa na tumba e aspira ao repouso. Aqueles que, dando provas de acentuada senilidade, não querem morrer, é porque, em realidade, os aterra o pressentimento misterioso e secreto do castigo que os espera.

            Para o justo, o fim é o entardecer de um dia esplêndido. A morte não o amedronta, pois pressente que ela lhe trará a cessação das provas, a recompensa aos seus esforços e o coroamento de uma vida bem empregada. Para o que viveu mal, a morte se assemelha a um carrasco que vem executar a obra de justiça e de expiação.

            No velho, com efeito, não é a mente que se turba, obscurece e extingue; é o cérebro que, abandonado pouco a pouco pela alma, funciona cada vez menos sob o governo da razão e dá ao homem, gasto pelos anos, essa apatia, essa fraqueza mental, que fazem crer na sua decrepitude, quando, em verdade, o que há é que sua alma se acha mais avisada, mais instruída, senão melhor do que o era no momento da encarnação.




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