Apelo de irmã
Minhas irmãs, reine conosco a paz do Divino
Mestre.
A prece é um caminho de luz,
garantindo o intercâmbio do Céu com a Terra.
Através de seus fios resplandecentes
é possível alimentar a obra de amor que iniciamos no
mundo, razão por que aqui me vedes, contente por fazer-me sentir no círculo de
tão devotadas companheiras do Espiritismo evangélico no Brasil.
Estimaria guardar os melhores
valores literários para expressar a importância que hoje atribuo,
mais que nunca, ao apostolado da mulher espírita-cristã na vida moderna.
Indubitavelmente, a luta humana
assume ciclópicas proporções. É imprescindível contemplá-la, de mais alto, na
posição em que presentemente me vejo, para aquilatar a magnitude dos problemas
gigantescos, a reclamarem equações com o Cristo de Deus.
A ambição destrutiva, a indiferença
religiosa, o egoísmo desvairado e a vaidade infeliz conspiram
com tamanha intensidade, na face da Terra, que, infelizmente, novos conflitos
de sangue se anunciam próximos, quais pesados aguaceiros de lágrimas, que só o
poder da prece, com serviço e amor, poderá remover. É indispensável que a
mulher cristianizada se disponha a maiores sacrifícios a fim de que o
reerguimento terrestre se não faça tardar. Os homens poderão decidir a batalha,
inspirados por gênios destruidores do mal que lhes insinuam o sinistro
propósito de hegemonia, através da dominação dos mais fracos; entretanto, no
campo dos vencidos e dos vencedores, que sempre realizam permutas de lugar nos
quadros transitórios da experiência, é invariavelmente a mulher a sacerdotisa
devotada que reedifica o jardim da vida, com heroico silêncio. Por que não
desdobrar a nossa capacidade de construir e de amar, improvisando a medicina
preventiva do bem e da luz, em todas as direções? Para isso, contudo, é
imperioso ceder de nós mesmas cotas mais elevadas de entendimento e perdão.
Faz-se necessário nos levantemos, não na bandeira revolucionária, que em todos
os climas reclama a violência e a discórdia, com os mesmos característicos de
incompreensão e ruína, mas sim na intimidade do santuário doméstico, dentro do
qual o espírito de sacrifício com Jesus constituir-nos-á a bênção de cada dia.
Não cremos em milagres que não se
façam precedidos de intensa preparação no trabalho justo. Não há frutos sem
sementeiras adequadas. E se hoje sabemos que a vida não se extingue no
sepulcro, prosseguindo, sem surpresas, além da morte, por que não converter as
possibilidades evolutivas que o mundo nos oferece em recursos de sublimação?
Permanecemos agora informados de que o melhor para Deus é aquele que mais
infinitamente concede de si mesmo a benefício do todo e que sem sacrifício não
existe libertação, tanto quanto não há celeiro farto sem que a semente se
confie à renúncia na cova escura e húmida.
Assim, pois, minhas irmãs,
aproveitemos o Dia da Oportunidade. Vós outras, as que vos demorais
no instrumento físico de que fomos alijadas, podereis edificar muito. Há em
toda parte
crianças desamparadas, velhinhos ao abandono, mentes ignorantes e espíritos
afastados da
compreensão.
Os homens, de quando em quando,
combatem-se mutuamente com espadas, estabelecendo rios de sangue fratricida no
solo abençoado do Planeta, mas a mulher guerreia em silêncio, a vida inteira,
exterminando a si mesma para que a vida prospere triunfante. Santifiquemo-nos
nesse aposto lado de renunciação e que o Senhor nos abençoe.
Aura Celeste
in “Reformador” (FEB) Fevereiro 1950
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