Saint Chapelle, Paris
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***
O
caso da Sra. Trinchant, com que nos propomos encerrar as reproduções deste gênero
colhidas no excelente livro do coronel de Rochas, é sumariamente por ele assim
exposto:
"A Sra. Trinchant é um médium de cerca de 40 anos,
bem conhecido em Paris, atualmente.
Quando ai chegou, em 1907, me procurou, a fim de que eu a pusesse em
contato com pessoas que se ocupavam de ciências psíquicas. Possuía a faculdade
da escrita automática; acredito, porém,
que jamais fora magnetizada.
"Adormeci-a com muita facilidade, mas não consegui
exterioriza-la, nem aprofundar o sono.
"Provoquei em tal caso, por sugestão, a regressão
da memória: "tem 25 anos, 20 anos, 10 anos ... " E o êxito foi
completo: ela assume a expressão e faz os gestos peculiares à idade correspondente.
Dos 7 anos em diante, reflexo do pudor; dessa idade para trás, nada; com um
ano, chucha-me o dedo. No seio de sua mãe, aplica os punhos fechados aos olhos.
Antes do nascimento está numa semiobscuridade: não se recorda de ter vivido;
depois, sob a ação de passes adormecidos, recorda-se de ter sido uma moça árabe.
Torna a ver essa existência, que terminou aos 20 anos, em um assassinato: ela
foi apunhalada por um facínora. - A
mentalidade dessa moça árabe se concentra inteiramente nos cuidados de um
vestido, que está bordando, e em seus cavalos, de que possui grande quantidade,
porque é rica.
“Afasta-se de mim (as mulheres árabes jamais se
familiarizam com os homens) . Falamos de seu casamento; é a mãe do futuro
marido, que vem examinar a futura nora.
"Antes
dessa existência de jovem árabe, tinha vivido, há mais de mil anos, em Nápoles,
com uma senhora que era muito sua amiga, que não tornou a se reencarnar e continua
a protege-la. Foi essa amiga que a incitou a vir me procurar.
"Impelindo-a para o futuro, ela
se vê instalada no bairro da Estrela e dedicando-se a grafologia. Um americano
a vem visitar tão assombrosas coisas lhe descreve ela que o americano lhe
deixa, ao morrer, uma avultada fortuna. Pouco tempo depois, tambem ela morre.
Não efetuei com a Sra. Trinchant
mais que uma única sessão, e dela recebi, alguns meses depois, a seguinte
carta:
“...Está certamente lembrado das experiências de regressão
da memória que comigo fez mediante o sono magnético. Suas perguntas me
induziram a dizer-lhe que, numa existência anterior, eu vivera na Arábia e
havia sido morta com uma punhalada. Referi a minha mãe, rindo-me um pouco nessa
comunicação. Qual não foi minha surpresa, ao ouvi-la declarar-me que, em minha
primeira infância, eu muitas vezes me queixava de experimentar a sensação
brusca de uma punhalada, sensação inexata, evidentemente, no que se refere à
minha vida atual, mas que poderia ter Uma certa relação com o assassinato de
que eu teria sido vítima numa existência anterior!
"Acrescentarei - coisa interessante
- que um espírita amigo, engenheiro e homem dos mais positivos a quem tive a ideia
de falar de minha vida precedente, ao mesmo tempo que do assassinato de que
teria sido vítima e do país em que vivera me respondeu: "Um perito meu
amigo Carlos Carbier me disse conhece-la perfeitamente e tê-la conhecido
outrora, na Arábia. A declaração -foi feita de modo mais categórico e instantâneo.
"Ignoro ao que se veio a
dedicar a Sra. Trinchant, mas ouvi dizer
que ela havia recebido uma avultada herança, por motivo de suas
faculdades psíquicas."
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