Com Cirineu – ou Sem Cirineu JUL 07
Depois de o terem
ludibriado, tiraram-lhe o manto, tornaram a vestir-lhe as suas vestiduras e o
conduziram para fora para o crucificarem. Pelo caminho, encontraram um homem de
Cirene, por nome Simão. Obrigaram-no a carregar-lhe a cruz. Chegaram, pois, ao
lugar, que se chama Gólgota, isto é, lugar de caveiras. Deram-lhe a beber vinho
misturado com fel. Jesus o provou, mas não quis beber. Então o pregaram na cruz. Mateus 27:31ss
Carrega o Nazareno a cruz de todos
os pecados do mundo.
E não há um
pecador que lhe queira carregar a cruz da redenção.
Só compelido à
força, é que se encontra um Cirineu.
Até aos hosanas e
às palmas do triunfo, todo o homem encontra amigos a granel.
Até ao Getsemane,
até ao Gólgota – onde estão eles?...
Cegos, surdos,
mudos, coxos, paralíticos, aleijados, leprosos, que fostes curados pelo
taumaturgo de Nazaré – onde vos ocultais?
Filha de Jairo,
jovem de Naim, Lázaro de Betânia, que da morte fostes revocados à vida – porque
vos esquecestes do vosso salvador?
Não te admires, ó
cristão, se com o Cristo tiveres de sorver o mesmo cálice do abandono e da
ingratidão.
Agradece a Deus
se, a meia altura do Gólgota, encontrares um Cirineu ou uma Verônica – mas não
contes com isto...
Crava os olhos na
cruz que te precede como sanguinolenta estrela polar, e, com o último resto das
tuas forças, calca os rubros vestígios do Nazareno – sozinho, na imensa solidão
do teu sangrento martírio...
Não faças
depender de Cirineus ou Verônicas o teu Cristianismo!
Cristão integral
– só no alto do Calvário, a sós com o Cristo...
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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