Guillon Ribeiro
a saudade que
ficou...
Não há sentimento mais penetrante
que o da saudade. Ele devassa todo o nosso ser, submete-nos o espírito a
delicadas vibrações, levando-nos aos olhos lágrimas cristalinas que nos desafogam
o coração. A saudade, quando se traduz por uma sensação de elevada
espiritualidade, não mortifica nem deprime o espírito: consola-o. Dá-nos o
sentimento suave dum bem-estar que não sabemos definir, mas que é
suficientemente profundo para elevar o nosso espírito às regiões de paz.
Guillon Ribeiro foi mais do que um
simples confrade: foi um amigo. Sua compreensão dos deveres evangélicos fe-Io
ser para os homens mais do que um amigo: um irmão. Envolto na serenidade das
almas já identificadas com o ideal cristão, punha humildade em seus gestos, invariavelmente
embalsamados de tolerância e amor. Possuía a palavra segura e convincente dos homens
que sabem porque confiam em Deus, dos apóstolos que têm seu caminho traçado e dele
não se afastam. No Espiritismo, sua rota fora há muito definida. Silenciava aos
apodos dos insensatos e cultivava, cada vez com maior carinho, sua cultura
evangélica, distribuindo generosamente ótimos frutos da sua dialética fundamentada
e encantadora!
Nesta tosca
página de saudade, não traçamos o panegírico fútil do amigo que transpôs as fronteiras do Além: relembramos apenas, com o sabor agridoce da
saudade, o semeador que cumpriu sua tarefa cristã, sofrendo com a paciência dos
justos os agravos dos fariseus de todos os tempos. Guillon Ribeiro não malbaratou tempo nem energias
: com estéreis discussões. Ia trabalhando com fé e dedicação, com discernimento
e proficiência, talvez que recordando estas palavras de Paulo aos Efésios
(6:6): "Não servindo à vista, como
para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a
vontade de Deus".
Desde 26 de outubro de 1943, vimos cultuando,
em espírito, a lembrança de Guillon Ribeiro, cuja vida, dentro e fora do lar,
foi de realizações benéficas, de fé inabalável nos princípios doutrinários do
Espiritismo cristão. Desse culto construtivo, mas silencioso, se alimenta uma
saudade que não perturba, pois estimula pelo conforto que propicia, vínculo que
eterniza o nosso respeito e a nossa admiração por Guillon Ribeiro,
consolidando-nos a certeza de que ele, despojado do manto carnal e envolto na
túnica inconsútil da espiritualidade, forma entre os vultos mais veneráveis da
querida "Casa de Ismael"- veneráveis pela estatura moral e pela dignidade do Espírito,
como Bittencourt Sampaio, Bezerra de Menezes, Sayão, Richard e tantos outros.
*
A paz de Jesus e
as bênçãos de Maria estejam contigo, Guillon Ribeiro, porque a tua semeadura foi farta e fecunda, de modo que os frutos do teu labor
evangélico te asseguraram, certamente, um lugar entre
os devotados obreiros do Senhor!
por Indalício
Mendes[1]
in Reformador (FEB) Outubro 1945
[1]
Em 13 de Maio de 1988, Indalício juntou-se a Guillon na espiritualidade. A data
não poderia ser outra. Festiva pelo centenário da libertação dos escravos.
Festiva pelo retorno de um Libertador de Consciências. Do Blog.
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