O Joio
e o Trigo
13,24
Jesus propôs-lhes outra parábola: “O reino dos céus é semelhante a um homem que
tinha semeado boa semente em seu campo; 1
3,25 Na
hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo; semeou joio no
meio do trigo e partiu.
13,26 O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu
também o joio.
13,27 Os
servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: Senhor, não semeaste bom
trigo em teu campo? Donde vem, pois,
o joio?
13,28 Disse-lhes ele: Foi um inimigo que fez
isso! Replicaram-lhe: Queres que vamos e o arranquemos?
13,29 Não, disse ele, arrancando o joio,
arriscais a tirar também o trigo;
13,30
Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos
ceifadores: Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar, depois o trigo no meu
celeiro.
Para Mt (13,24-30) -O Joio e o Trigo - Parábola , encontramos a palavra de Sayão, em “Elucidações Evangélicas”:
“Nem todos os espíritos se encontram no mesmo grau de
desenvolvimento. Dos encarnados na Terra, uns são elevados, outros apenas
iniciam suas provações morais. Vê-se daí não ser cabível que, para operar-se a
renovação de nossa geração espiritual, se condenasse toda a geração material de
que somos parte a perecer num dilúvio semelhante ao de que falam os antigos. É
evidente, pois, que tal dilúvio não se deu com o caráter de universalidade que
lhe atribuíram as narrações escriturísticas.
O joio cresce de par com o bom grão.
Depois, em cada colheita, aquele, para se depurar, é lançado ao fogo da
expiação, ao mesmo tempo que o bom grão é guardado nos celeiros do Senhor.
Desde que saiu do estado de fluidez,
incandescente, a Terra tem passado por transformações sucessivas, tem sofrido
renovações parciais, para o efeito de preparação e progresso graduais dos
reinos mineral, vegetal e animal, mesmo do reino humano, efeito a que de futuro
hão de seguir-se, por outros meios, as depurações e transformações, também
graduais, dos aludidos reinos da Natureza.
Dizendo que o “pai de família” não
consentira que seus servos arrancassem, do campo que ele semeara, o joio, com
receio de que simultaneamente tirassem o trigo, quis o divino Mestre refrear o
zelo dos apóstolos e dos que lhe sucedessem como continuadores da sua obra, os
quais, levados pelo desejo de fazer progredir a Humanidade, poderiam ir longe
demais. À força de quererem reprimir abusos, poderiam chegar ao extremo de
amedrontar os homens retos, porém, simples, e de os afastar.
Conviria não perdessem de vista este
ensinamento os que, nos tempos atuais, apregoando zelo da pureza do
Espiritismo, pregam a necessidade da extinção completa, por todos os meios, dos
centros onde ele é falseado e que representam o joio a crescer entre o bom
grão. Não esqueçamos nós, os espíritas, que foi invocando um zelo semelhante que
a Igreja se tornou perseguidora e abriu a interminável série dos seus atentados
à liberdade de pensamento e de crença, a todas as liberdades, afinal, atentados
que cada dia mais profundamente a divorciaram da doutrina cristã, do espírito
dos Evangelhos, para cuja interpretação ela acabou proclamando-se a única
habilitada, a fim de esconder aquele divórcio.
A lição que a parábola do joio e do
trigo encerra mostra que toda a ciência, para aquele que se propõe a pregar as
verdades eternas, a difundir as da Doutrina dos Espíritos, a fim de que bem
apreendidas sejam as daqueles mesmos Evangelhos, está em apropriá-las às
inteligências que as tenham de receber. Se não for assim, um, por exemplo, que
teria aceitado a moral evangélica, se lha houveram apresentado sob aspecto
condizente com o seu ponto de vista (e por isso é que Jesus a maior parte do
tempo ensinava em parábolas e símiles), a repelirá, ou ofuscado pela
intensidade da luz que dela se irradia, ou atemorizado com as grandes
dificuldades que ela lhe deixa entrever.
A ceifa, de que fala a parábola, se
dá na ocasião em que o Espírito volta à sua condição de origem, isto é, em que
volta ao estado de Espírito liberto da matéria, por se haver despojado do seu
envoltório carnal. Ao retornarem a esse estado, eles se encontram, ou na
condição de joio a ser queimado, o que se verifica pelo fogo do remorso, das
torturas mentais, a que se segue a reencarnação neste mundo, ou em mundos
inferiores à Terra, de acordo com as tendências que revelam e com o grau da sua culpabilidade; ou na
condição de trigo, caso em que passam a habitar mundos superiores ao nosso,
onde continuarão a aperfeiçoar-se, a progredir.
Encarada assim, como o deve ser, a
ceifa tem sido feita sempre e ainda continuará por longo tempo. Quando
terminará? Quando chegar a época da ceifa definitiva. Com relação ao nosso
mundo, essa época será a em que não mais se permita ao joio crescer aqui de
envolta com o trigo, em que aquele será arrancado e lançado fora, isto é, em
que os Espíritos que se tenham conservado obstinadamente culposos e rebeldes se
verão compelidos a deixar de encarnar no planeta terreno, para o fazerem em
mundos colocados abaixo dele na escala dos orbes. A Terra, então, terá passado
a fazer parte do reino de Deus, o que quer dizer: ter-se-á tornado,
exclusivamente, morada de Espíritos bons.
Os
ceifeiros, no caso, são os Espíritos superiores, aos quais incumbe velar pelas
expiações dos Espíritos culpados, na erraticidade, e classificar os que, por
terem bem cumprido suas provas, mereçam ascender a mundos mais elevados do que
o nosso.”
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