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“O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...”
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris
Quando
os imperadores e os reis, em vez de a sustentarem, atacaram a organização dos
prefeitos eclesiásticos chamados bispos e do imperador deles, chamado papa,
foi-lhes necessário achar outro apoio. Então, uma ordenação papal, publicada
pelo sínodo de Verona, em 1184, instituiu a Inquisição que, até ao XIV século,
fez, como sabeis, milhões de vítimas. Mas, quando a Revolução, começada no XVI
século e definitivamente vitoriosa no principio do XIX, arrebatou aos
Inquisidores o poder de condenar, torturar e queimar, que força haviam de
empregar contra os intelectuais, contra os inspirados e os doutores
independentes?
A
tática empregada foi a mesma do século IV e com eficácia mais completa. Contra
o escol - a multidão! Chamaram para representar a ciência teológica, não mais
os teólogos, não mais os sábios, porém a multidão ignara, que nem mesmo ler
sabia. Por toda parte, havia séculos, essa multidão, denominada "o povo
cristão”, dava maravilhosas provas da sua inteligência teológica. Pelo ano de
1250, para citar um fato entre milhares, os fiéis da ortodoxia romana, na Sicília,
em protesto contra Joaquim de Fiore e contra o Evangelho de S. João, suprimiram
do sinal da cruz, ou persignação, o Espírito Santo, e se assinavam devotamente:
"em nome do Pai, do Filho e, .. de S. Mateus" (28). Lícito, pois, era contar de maneira absoluta com a compreensão
filosófica daqueles denodados crentes. Não havia mais que acrescentar às
orações cotidianas, que constituíam até então toda a ciência religiosa do povo
cristão, uma iniciação popular em todos os grandes mistérios reservados outrora
aos intelectuais.
(28) Gebbart – “A
Itália Mística”, pág.206
A
exemplo de Lutero - pois foi Lutero quem redigiu e publicou o primeiro
catecismo --fabricaram os bispos esses manuais clássicos de teologia, de
história santa, de metafísica religiosa que bem intencionados catequistas fazem
que as crianças de seis anos recitem de cor. As afirmações sem provas, as
fórmulas ininteligíveis foram declaradas "dogmas de fé", sob a
ameaça, não mais das fogueiras, das quais já não podiam fazer tão piedoso uso,
mas do inferno eterno.
Estava
ganha a vitória. Ah! foi e ainda é, nos países ditos "católicos", um
dilúvio de ignorância e de credulidade universais, com proibição de
construir-se uma arca, onde se pudessem refugiar a ciência, a inteligência
religiosa.
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