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domingo, 13 de janeiro de 2013

Guillon Ribeiro



Duas Palavras

Reformador (FEB) Outubro 1946

            No dia 26 deste mês recordamos o terceiro aniversário da desencarnação de Guillon Ribeiro (26 de Outubro de 1943) um dos mais cultos pregadores da Doutrina de quantos já viveram em nossa terra, e como estamos revendo sua excelente tradução da maravilhosa obra de Roustaing para a futura quarta edição, vamos reimprimir algumas linhas de sua apresentação do livro. Sob a epígrafe de que aqui nos servimos para esta nota, escreveu ele:

            "De nenhum modo pretendemos realçar aqui, em duas palavras, o valor e a importância verdadeiramente extraordinários desta obra incomparável, única até hoje no mundo, onde, dia a dia, à medida que. for sendo calmamente estudada e meditada, avultarão a sua grandiosidade e a sua profundeza...

            "Nela se encerra toda uma revelação de verdades divinas que ainda em nenhuma outra fora dado ao homem entrever. Ela nos põe sob as vistas, banhados numa claridade intensíssima, que por vezes ainda nos ofusca os .olhos tão pouco acostumados à luminosidade das coisas espirituais, esse código de sabedoria infinita que se há de tornar o código único dos homens - os Evangelhos de Jesus. Tanto basta para que a sua preciosidade assinalada fique.

            Neste ano em que a grandiosa obra completou seu 80º aniversário, meditemos um pouco sobre a palavra de um dos homens que mais a conhecia por um estudo demorado de trinta anos; uma grande inteligência servida por vasta cultura; um coração bem formado; um pregador ponderado; um espírita modelar, tal foi o homem que nos deixou escritas essas palavras no vestíbulo do grande livro por ele não só traduzido magistralmente, mas também transformado, por meio de apostilas e índices remissivos; na melhor obra de consulta que possuímos sobre Espiritismo.

            Não pretendia realçar o valor da obra, diz-nos Guillon Ribeiro. De fato essa tarefa ficou a cargo dos adversários da Doutrina. Foram eles que realçaram o valor da obra em numerosos livros, escritos contra ela, com os mais veementes ataques de quem sente o pavor da vitória da verdade e tenta por todos os meios sufocá-la. Artigos, discursos, plebiscitos, livros, tudo foi lançado contra o edifício construído sobre a rocha, numa luta tremenda de oitenta anos; porém ela resistiu a tudo e prossegue serenamente rumo ao futuro grandioso que lhe está reservado de revigorar no mundo "esse código de sabedoria infinita que se há de tornar o código único dos homens - os Evangelhos de Jesus."

            Se mais nada houvera feito Guillon Ribeiro pela Doutrina, bastaria a preparação em vernáculo dessa obra monumental para recomendar-lhe a memória à admiração e ao amor da posteridade, Mas ele fez muito mais! O lançamento da obra de Roustaing lhe conquistou Alta Proteção espiritual para grandes realizações doutrinárias e devemos-lhe a escolha e a tradução para o vernáculo de duas dezenas de obras preciosas do francês, do inglês, do italiano. São dele as melhores traduções  que possuímos de Allan Kardec, de Bozzano, de Findlay e de outros autores célebres.
Sua atuação doutrinária em Reformador e na Federação estendeu-se por mais de vinte anos de trabalho fértil, de proveitosa sementeira.   

            Ninguém fez tanto quanto ele para elevar o nível cultural das letras espíritas no Brasil e em Portugal. Poliglota, estilista perfeito, modesto como poucos, soube dar forma ao pensamento dos mais diversos autores e cunhar uma linguagem vernácula elevada para o Espiritismo, ao qual serviu devotadamente até ao último momento de sua existência terrena, pois que a morte o surpreendeu trabalhando para a Doutrina como Presidente da Federação e Diretor de Reformador.

            Foi ele quem recebeu a inspiração dos nossos Maiores e pôs em execução, na Casa de Ismael, uma nova seção de trabalho com a finalidade de aplicar o Esperanto a serviço da Terceira Revelação, por um processo honesto que nunca fora concebido em outros países, onde semelhantes tentativas foram iniciadas infrutiferamente por métodos apressados e improdutivos. Essa iniciativa já se acha em seu décimo ano e promete grande futuro à missão da Federação.

            Guillon Ribeiro será sempre um modelo digno de imitação para os trabalhadores sérios que não pretendem triunfos fáceis, mas somente fazer obra sólida para o porvir da causa. Todas as suas iniciativas foram com vistas às gerações futuras, sem importar a opinião dos nossos coevos. Só com essa mentalidade pode construir-se o futuro.



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