Duas
Palavras
Reformador (FEB) Outubro 1946
No
dia 26 deste mês recordamos o terceiro aniversário da desencarnação de Guillon
Ribeiro (26 de Outubro de 1943) um dos mais cultos pregadores da Doutrina de quantos já viveram em
nossa terra, e como estamos revendo sua excelente tradução da maravilhosa obra
de Roustaing para a futura quarta edição, vamos reimprimir algumas linhas de
sua apresentação do livro. Sob a epígrafe de que aqui nos servimos para esta
nota, escreveu ele:
"De
nenhum modo pretendemos realçar aqui, em duas palavras, o valor e a importância
verdadeiramente extraordinários desta obra incomparável, única até hoje no
mundo, onde, dia a dia, à medida que. for sendo calmamente estudada e meditada,
avultarão a sua grandiosidade e a sua profundeza...
"Nela
se encerra toda uma revelação de verdades divinas que ainda em nenhuma outra
fora dado ao homem entrever. Ela nos põe sob as vistas, banhados numa claridade
intensíssima, que por vezes ainda nos ofusca os .olhos tão pouco acostumados à
luminosidade das coisas espirituais, esse código de sabedoria infinita que se
há de tornar o código único dos homens - os Evangelhos de Jesus. Tanto basta
para que a sua preciosidade assinalada fique.
Neste
ano em que a grandiosa obra completou seu 80º aniversário, meditemos um pouco
sobre a palavra de um dos homens que mais a conhecia por um estudo demorado de
trinta anos; uma grande inteligência servida por vasta cultura; um coração bem
formado; um pregador ponderado; um espírita modelar, tal foi o homem que nos deixou escritas essas palavras
no vestíbulo do grande livro por ele não só traduzido magistralmente, mas
também transformado, por meio de apostilas e índices remissivos; na melhor obra
de consulta que possuímos sobre Espiritismo.
Não
pretendia realçar o valor da obra, diz-nos Guillon Ribeiro. De fato essa
tarefa ficou a cargo dos adversários da Doutrina. Foram eles que realçaram o
valor da obra em numerosos livros, escritos contra ela, com os mais veementes
ataques de quem sente o pavor da vitória da verdade e tenta por todos os meios
sufocá-la. Artigos, discursos, plebiscitos, livros, tudo foi lançado contra o
edifício construído sobre a rocha, numa luta tremenda de oitenta anos; porém
ela resistiu a tudo e prossegue serenamente rumo ao futuro grandioso que lhe
está reservado de revigorar no mundo "esse código de sabedoria infinita
que se há de tornar o código único dos homens - os Evangelhos de Jesus."
Se
mais nada houvera feito Guillon Ribeiro pela Doutrina, bastaria a preparação em
vernáculo dessa obra monumental para recomendar-lhe a memória à admiração e ao
amor da posteridade, Mas ele fez muito mais! O lançamento da obra de Roustaing
lhe conquistou Alta Proteção espiritual para grandes realizações doutrinárias e
devemos-lhe a escolha e a tradução para o vernáculo de duas dezenas de obras
preciosas do francês, do inglês, do italiano. São dele as melhores traduções que possuímos de Allan Kardec, de Bozzano, de Findlay e de outros autores
célebres.
Sua atuação doutrinária em Reformador e na Federação estendeu-se por mais de vinte anos de trabalho fértil, de proveitosa sementeira.
Sua atuação doutrinária em Reformador e na Federação estendeu-se por mais de vinte anos de trabalho fértil, de proveitosa sementeira.
Ninguém
fez tanto quanto ele para elevar o nível cultural das letras espíritas no
Brasil e em Portugal. Poliglota, estilista perfeito, modesto como poucos, soube
dar forma ao pensamento dos mais diversos autores e cunhar uma linguagem
vernácula elevada para o Espiritismo, ao qual serviu devotadamente até ao
último momento de sua existência terrena, pois que a morte o surpreendeu
trabalhando para a Doutrina como Presidente da Federação e Diretor de
Reformador.
Foi
ele quem recebeu a inspiração dos nossos Maiores e pôs em execução, na Casa de
Ismael, uma nova seção de trabalho com a finalidade de aplicar o Esperanto a
serviço da Terceira Revelação, por um processo honesto que nunca fora concebido em outros países, onde semelhantes tentativas foram iniciadas infrutiferamente
por métodos apressados e improdutivos. Essa iniciativa já se acha em seu décimo
ano e promete grande futuro à missão da
Federação.
Guillon
Ribeiro será sempre um modelo digno de imitação para os trabalhadores sérios
que não pretendem triunfos fáceis, mas somente fazer obra sólida para o porvir
da causa. Todas as suas iniciativas foram com vistas às gerações futuras, sem
importar a opinião dos nossos coevos. Só com essa mentalidade pode construir-se
o futuro.
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