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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

15. 'As Vidas Sucessivas'



15

‘As Vidas
Sucessivas’

por  Adauto de Oliveira Serra

 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira

1943


O PORQUE DA REENCARNAÇÃO


            O planeta Terra - um dos menores entre os descobertos pelo telescópio:- é um mundo regenerador, onde o espírito se educa para aprender a subir as escadarias gradativas do aperfeiçoamento. A evolução se realizará sempre neste ou em outros mundos, até se completar com o Evangelho: "Sede perfeitos como o vosso Pai que está nos céus": Mateus, 5:48.

            A própria vida terrestre é uma prova de que a luta continuará "intra et extra" mundo. sem estacionamentos eternos. O progresso é infinito, como infinita é a própria vida. A Terra é "um mundo cuja lei é uma cruel e perpétua luta pela existência, na qual só os brutais, os velhacos, os inescrupulosos triunfam: luta por toda a parte; de homens contra homens, de tribos contra tribos, de impérios contra impérios, de espécie contra espécie"- o que levou Henry Adams a dizer: “um quadro de dores, aflição e morte; peste e fome, inundações, secas, nevadas, catástrofes por toda a parte e por toda a parte acidentes. A virtude gera o vício e o vício se perpetua. Felicidade sem sentido, egoísmo sem lucro, miséria sem causa, horrores indefiníveis e a morte como recompensa igualitária de todos."

            O egoísmo, a maledicência, o orgulho, a hipocrisia, predominam na sociedade cética e indiferente. Talvez pensando em tudo isso, disse Rousseau: "Neste mundo há uma tendência natural para oprimir o bem e exaltar o mal."

            A Terra é, pois, a escola do nosso aperfeiçoamento espiritual, o cadinho onde se depuram as inclinações perversas, o canteiro onde brotam os lírios da virtude depurada no sofrimento, mas a lição é geral: todos aprendem.

            No Evangelho segundo João, III 1 a 24, vemos Jesus instruindo, clara e insofismavelmente, o mestre de Israel - Nicodemos - a cerca da reencarnação: ''É necessário um novo nascimento para que se possa ver o reino dos céus".

            A evolução sendo infinita, é claro que não bastam 60, 80 ou 100 anos para que a perfeição seja atingida. O progresso do Espirito não se completa com uma única existência e é impossível de realizar numa única vida. Principalmente para aqueles que morrem prematuramente.

            O espírito sendo eterno, não existe para ele o fator tempo: o Espírito não tem idade. As vidas sucessivas são, apenas, etapas vencidas e a vencer, constituindo todas elas, no seu conjunto, a vida eterna do próprio Espírito.

            A reencarnação é, pois, um meio oferecido pelo Criador ao homem para que este tenha as oportunidades de reparar o mal cometido, regenerar-se, aprender e realizar o progresso de suas faculdades intelectuais e morais.

            O homem é livre, mas essa liberdade é regulada pela imutável e eterna lei do progresso. Tudo tende a evoluir. Tudo caminha para o Alto. Tudo se aperfeiçoa. Por isso, já disse alguém que é impossível molhar-se as mãos duas vezes nas mesmas águas de um rio.

            A morte, como é julgada por muitos, não existe. O próprio corpo não desaparece e sim se transforma em outros corpos, na sua decomposição. Nele vamos encontrar milhões de vidas: os germes que pululam na matéria pútrida, cuja morte lhes dá vida.

            A única morte reconhecida por Jesus é a morte espiritual daqueles que têm os olhos da alma fechados às coisas espirituais. Estes, espiritualmente, são os mortos de que nos fala o Evangelho. São os mortos que procuram outros mortos para os enterrar ou para os devorar, enquanto se julgam vivos ...

            A reencarnação, pois, é a volta do Espírito à matéria, em busca da sua felicidade esquecida ou perdida em existências anteriores.










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