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‘As
Vidas
Sucessivas’
por Adauto de Oliveira Serra
Livraria Editora da Federação Espírita
Brasileira
1943
O PORQUE DA REENCARNAÇÃO
O
planeta Terra - um dos menores entre os descobertos pelo telescópio:- é um
mundo regenerador, onde o espírito se educa para aprender a subir as
escadarias gradativas do aperfeiçoamento. A evolução se realizará sempre neste
ou em outros mundos, até se completar com o Evangelho: "Sede perfeitos
como o vosso Pai que está nos céus": Mateus, 5:48.
A
própria vida terrestre é uma prova de que a luta continuará "intra et extra"
mundo. sem estacionamentos eternos. O progresso é infinito, como infinita é a
própria vida. A Terra é "um mundo
cuja lei é uma cruel e perpétua luta pela existência, na qual só os brutais, os
velhacos, os inescrupulosos triunfam: luta por toda a parte; de homens contra
homens, de tribos contra tribos, de impérios contra impérios, de espécie contra
espécie"- o que levou Henry Adams a dizer: “um quadro de dores, aflição e morte; peste e fome, inundações, secas,
nevadas, catástrofes por toda a parte e por toda a parte acidentes. A virtude
gera o vício e o vício se perpetua. Felicidade sem sentido, egoísmo sem lucro,
miséria sem causa, horrores indefiníveis e a morte como recompensa igualitária
de todos."
O
egoísmo, a maledicência, o orgulho, a hipocrisia, predominam na sociedade
cética e indiferente. Talvez pensando em tudo isso, disse Rousseau: "Neste mundo há uma tendência natural para
oprimir o bem e exaltar o mal."
A
Terra é, pois, a escola do nosso aperfeiçoamento espiritual, o cadinho onde se
depuram as inclinações perversas, o canteiro onde brotam os lírios da virtude
depurada no sofrimento, mas a lição é geral: todos aprendem.
No
Evangelho segundo João, III 1 a 24, vemos Jesus instruindo, clara e insofismavelmente,
o mestre de Israel - Nicodemos - a cerca da reencarnação: ''É necessário um novo
nascimento para que se possa ver o reino dos céus".
A
evolução sendo infinita, é claro que não bastam 60, 80 ou 100 anos para que a
perfeição seja atingida. O progresso do Espirito não se completa com uma única
existência e é impossível de realizar numa única vida. Principalmente para
aqueles que morrem prematuramente.
O
espírito sendo eterno, não existe para ele o fator tempo: o Espírito não tem
idade. As vidas sucessivas são, apenas, etapas vencidas e a vencer, constituindo
todas elas, no seu conjunto, a vida eterna do próprio Espírito.
A
reencarnação é, pois, um meio oferecido pelo Criador ao homem para que este
tenha as oportunidades de reparar o mal cometido, regenerar-se, aprender e realizar
o progresso de suas faculdades intelectuais e morais.
O
homem é livre, mas essa liberdade é regulada pela imutável e eterna lei do
progresso. Tudo tende a evoluir. Tudo caminha para o Alto.
Tudo se aperfeiçoa. Por isso, já disse alguém que é impossível molhar-se as
mãos duas vezes nas mesmas águas de um rio.
A
morte, como é julgada por muitos, não existe. O próprio corpo não desaparece e
sim se transforma em outros corpos, na sua decomposição. Nele vamos encontrar
milhões de vidas: os germes que pululam na matéria pútrida, cuja morte lhes dá
vida.
A única
morte reconhecida por Jesus é a morte espiritual daqueles que têm os olhos da
alma fechados às coisas espirituais. Estes, espiritualmente, são os mortos de
que nos fala o Evangelho. São os mortos que procuram outros mortos para os
enterrar ou para os devorar, enquanto se julgam vivos ...
A
reencarnação, pois, é a volta do Espírito à matéria, em busca da sua felicidade
esquecida ou perdida em existências anteriores.
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