O
Materialista
A
respeitável publicação ‘História’ da Biblioteca Nacional, ano 8, nº 87, de
Dezembro de 2012 desenvolve interessante matéria sobre as origens e
desdobramentos das igrejas evangélicas no Brasil.
Inserido
no texto, sem nenhuma atenção especial, afirmam que, no Censo de 2010, os que se declararam ‘materialistas’ atingiram
a assustadora participação de 8% do da população contra insignificantes 0.5% no
Censo de 1960.
Esses
números demonstram, à saciedade, a necessidade de demonstrarmos aos nossos
jovens que existe fé fora das fantasiosas igrejas, sejam elas de Roma ou
evangélicas, e que essa fé suporta as mais contundentes investidas da Ciência
moderna. Fé que consola, que nos ajuda a suportar os embates diários, que explica
as diferenças, que nos dá a certeza do Deus bom e justo.
Melhor
que nós escreve Chico Xavier quando captou mensagem do Irmão
X onde este último relata uma doce passagem da
vida do Dr. Adolfo
Bezerra de Menezes.
Vamos
ao texto:
‘’Conta-se
que o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes orientava, no Rio, uma reunião de estudos espíritas, com a palavra livre para todos
os circunstantes, quando, após comentários diversos, perguntou se mais alguém desejava
expressar-se nos temas da noite.
Foi
então que renomado materialista, seu amigo pessoal, lhe dirigiu veemente provocação:
-
Bezerra, continuo ateu e não somente por meus colegas mas também por mim, venho
convidá-l o a debate público, a fim de provarmos a inexpugnabilidade do Materialismo
contra as pretensões do Espiritismo. E previno a você que o Materialismo já
levantou extensa lista de médiuns fraudulentos; de chamados sensitivos que reconheceram
os seus próprios enganos e desertaram das fileiras espíritas; dos que largaram
em tempo o suposto desenvolvimento das forças psíquicas e fizeram declarações,
quanto às mentiras piedosas de que se viram envoltos; dos ilusionistas que operam
em nome de poderes imaginários da mente; e, com essa relação, apresentaremos
outro rol de nomes que o Materialismo já reuniu, os nomes dos experimentadores
que demonstraram a inexistência da comunicação com os mortos; dos sábios que
não puderam verificar as fictícias ocorrências da mediunidade; dos observadores desencantados de qualquer testemunho da sobrevivência;
e dos estudiosos ludibriados por vasta súcia de espertalhões... Esperamos que
você e os espíritas aceitem o repto.
Bezerra
concentrou-se em prece, alguns instantes, e, em seguida, respondeu, aliando energia e brandura:
-
Aceitamos o desafio, mas tragam também ao debate aqueles que o Materialismo
tenha soerguido moralmente no mundo; os malfeitores que ele tenha regenerado
para a dignidade humana; os infelizes aos quais haja devolvido o ânimo de viver;
os doentes da alma que tenha arrebatado às fronteiras da loucura; as vítimas de
tentações escabrosas que haja restituído à paz do coração; as mulheres infortunadas
que terá arrancado ao desequilíbrio; os irmãos desditosos de quem a morte
roubou os entes mais caros, a cujo sentimento enregelado na dor terá estendido
o calor da esperança; as viúvas e os órfãos, cujas energias terá escorado para não
desfalecerem de saudade, ante as cinzas do túmulo; os caluniados aos quais terá
ensinado o perdão das afrontas; os que foram prejudicados por atos de selvageria
social mascarados de legalidade, a quem haverá proporcionado sustentação para
que olvidem os ultrajes recebidos; os acusados injustamente,
de cujo espírito rebelado terá subtraído o fel da revolta, substituindo-o pelo
bálsamo da tolerância; os companheiros da Humanidade que vieram do berço cegos
ou mutilados, enfermos ou paralíticos, aos quais terá tranquilizado com princípios
de justiça, para que aceitem pacificamente o quinhão, de lágrimas que o mundo
lhes reservou; os pais incompreendidos a quem deu força e compreensão para
abençoarem os filhos ingratos e os filhos abandonados por aqueles mesmos que lhes
deram a existência, aos quais auxiliou para continuarem honrando e amando os pais
insensíveis que os atiraram em desprezo e desvalimento; os tristes que haja imunizado
contra o suicídio; os que foram perseguidos sem causa aparente, cujo pranto terá enxugado nas longas noites de solidão e
vigília, afastando-os da vingança e da criminalidade; os caídos de todas as
procedências, a cujo martírio tenha ofertado apoio para que se levantem ...
Nesse
ponto da resposta, o velho lidador fez uma pausa, limpou as lágrimas que lhe
deslizavam no rosto e terminou:
-
Ah! meu amigo, meu amigo!. .. Se vocês puderem trazer um só dos desventurados
do mundo, a quem o Materialismo terá dado socorro moral para que se liberte do
cipoal do sofrimento, nós, os espíritas, aceitaremos o repto.
Profundo
silêncio caiu na pequena assembleia, e, porque o autor da proposição baixasse a cabeça, Bezerra, em prece comovente,
agradeceu a Deus as bênçãos da fé e encerrou a sessão.’’
Reformador
(FEB) Janeiro 1968
Na mesma página e não por acaso, foi inserido o
seguinte texto de Allan Kardec (em ‘A Gênese’):
AOS QUE COMBATEM O ESPIRITISMO
Allan Kardec
Vós que
combateis o Espiritismo, se quereis que o abandonemos para vos seguir, dai-nos
mais e melhor do que ele; curai com maior segurança, as feridas da alma. Dai
mais consolações, mais satisfações ao coração, esperanças mais legítimas,
maiores certezas; fazei do futuro um quadro mais racional, mais sedutor; porém,
não julgueis vencê-lo com a perspectiva do nada, com a alternativa das chamas
do inferno, ou com a inútil contemplação perpétua.
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