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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

18. 'O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários.'





18
 “O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...
           
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris


            Talvez já tenhais ouvido dizer, minhas Senhoras e meus Senhores, que "quanto mais sábio se é, mais se duvida." Sim! quanto mais sábio se é, mais se duvida ... da ciência dos semi sábios. Porém, quanto mais avançam as revelações da História, por exemplo, tanto mais recuam os lindes que a ignorância pretendia impor à ciência antiga.

            Ainda estou vendo o zombeteiro sorriso dos nossos velhos universitários, quando nos faziam traduzir do latim a história primitiva da Grécía. Epitome historiae graecoe, era como se intitulava um livro clássico dos alunos do sexto ano. Reproduzindo a narrativa dos primitivos historiadores, refere o ingênuo resumidor que, nos primeiros dias de nossa raça, os deuses viviam em regular comunhão com os homens: os deuses, isto é, seres que, vindo do Céu em corpo humano, ensinaram os homens não evolvidos da época inicial a cultivar a terra, a dominar a Natureza, a modelar a Matéria. E foi assim, sobre a fé dos Antepassados, que os Gregos, nação cética, certamente, e - deixai passar o termo - muito pouco palerma, sempre honraram como deuses secundários, colocados abaixo do Deus supremo, seus celestes instrutores: Ceres, Baco, Mercúrio, Apolo, Minerva e os outros. E assim foi com todos os povos antigos, ainda os mais civilizados, Caldeus, Persas, Egípcios. 

            A razão estava a indicar, parece-me, que, em face desse testemunho universal, um simples dar-de-ombros não constituía refutação bastante. Mas, os semi sábios tem esta especialidade: nunca duvidam de si mesmos; e essa credulidade deles no saber que possuem, o entusiasmo simplório que alardeiam pela Ciência Moderna os inspiram às vezes de maneira singular.

            Tendo subido comigo ao vértice da Grande Pirâmide, o humilde monumentozinho que representa, apenas, dois milhões e meio de metros cúbicos de pedras; de pé, com vinte outros viajantes, em face do deserto, sobre a plataforma terminal, a cento e cinquenta metros de altura, um arquiteto parisiense nos repetia, a sério, a prodigiosa explicação do seu prodigioso professor do Instituto, o Sr. Letronne, que naquela elevação simplesmente vê um efeito do processo de escorregamento, que faz cair do alto de uma montanha uma pedra, com tanto maior facilidade, quanto mais pesada esta for. Esse admirável engenheiro não via a diferença que há entre levantamento e escorregamento; entre a operação que elevou a 150 metros de altura um peso de 100.000.000 de quilogramas e a operação consistente em fazer cair esse peso do cume da pirâmide sobre a areia do deserto. Evidentemente, ingenuidades de tal natureza não são ciência.

            O que é ciência positiva é o fato da elevação desse peso esmagador àquela altura pelos arquitetos do tempo de Queops, mais de quatro mil anos antes de Jesus Cristo. Daí, quem quer que seja capaz de raciocinar concluirá que, naqueles tempos distantes, os sábios dispunham de uma ciência que ultrapassa a nossa. Do mesmo modo, numa época mais próxima de nós, os sacerdotes de Delfos, do alto do seu templo, lançam o raio e destroem o exército dos Gauleses; ainda mais próximo, Arquimedes, por meio de suas máquinas, de seus espelhos ardentes, mantém em xeque a frota dos Romanos diante de Siracusa. Ai estão fatos, absolutamente históricos, que demonstram, de forma a se não poder duvidar, que os antigos sabiam tirar da eletricidade, da luz, das forças físicas, que ainda desconhecemos, resultados que passam muito além das nossas possibilidades. 

            Realmente, a nossa enfermidade esquece demais o miraculoso poder da Natureza que, sem esforço, cria para as plantas, para as árvores, corpos admiráveis a flores e frutos infinitamente variados, com a lama, a chuva, o ar e a luz. Bastar-nos-ia empregar de modo inteligente, nós, seres inteligentes, essas forças maravilhosas que a matéria inconsciente suporta inconscientemente, e obteríamos prodígios. Os fenômenos a que damos o nome de "milagres" somente são miraculosos para a nossa ignorância, incapaz de os produzir. Para quem haja sondado os mistérios da Natureza, esses fatos sobrenaturais tão naturais seriam, quanto a germinação das plantas ou os efeitos do raio. É, na verdade, excessivo o orgulho, não querendo admitir que alguém jamais tenha podido ultrapassar o nosso conhecimento e o nosso domínio atuais dessas forças onipotentes.

            Ora, que ignoremos como os profetas manejavam as forças da Natureza, pouco importa: nem por isso os fatos deixam de ser fatos. Moisés, durante quarenta anos, alimentou três milhões de homens num deserto que nada produzia senão areia e água salobra. Isto prova muito simplesmente que, segundo o afirma a tradição hebraica, Moisés era iniciado na ciência secreta dos Egípcios e que essa ciência secreta, há cinco mil anos, excedia a toda a nossa ciência do século XX . "Ciência secreta", disse eu. Os sábios antigos haviam compreendido e os destruidores de hoje se encarregam de no-lo fazer perceber, o terrível perigo que a ciência integral cria quando confiada ao primeiro que apareça. Longas provas de virtude, que não apenas de inteligência, joeiravam escrupulosamente os raros candidatos à iniciação nos mistérios, Finalmente, era um estado de alma em absoluto transcendente, realmente divino que imitiam os supremos iniciados na posse dos Poderes do Senhor dos Senhores, como o pergunta a Iavé esta súplica de um salmista: "Quando, pois, entrarei, ó Iavé, nos teus poderes divinos?" Quando introibo in potentias Domini? (Salmo LXX, 15). Et introibo altitudinem summitatis ejus, diz o profeta Isaías, XXXVII, 24: "Entrarei na profundeza última da “divina Ciência".



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