Evolução
em
Linha Reta
O Comentário surgiu ao ensejo de reunião
doutrinária, quando eram concluídos estudos
em torno da necessidade da encarnação dos Espíritos, para realizarem sua marcha
evolutiva.
O assunto, aparentemente simples,
merecia, entretanto, apreciação mais profunda, capaz de conduzí-Io a feliz
arremate.
Foi nessa ocasião que distinta consoror
fez esta indagação:
- Por que os Espíritos,
desligando-se do plano espiritual, que deve ser mais propício para
o seu adiantamento, são compelidos a descerem a mundos físicos, algemando-se à
carne?
A pergunta, formulada de maneira
objetiva, não comportava evasivas, exigindo resposta clara e convincente, como
deve ser sempre a dos espíritas.
Recordamo-nos, então, do valioso
ensino de Emmanuel, contido na questão nº 277 do esplêndido livro “O Consolador”.
Referindo-se aos Eleitos, ou seja, aos que percorreram toda a escala
evolutiva, o querido Benfeitor os aponta como sendo aqueles “que se elevaram
para Deus
em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe
terrestre só viu um Eleito, que é Jesus-Cristo”.
Ora, com tais palavras, Emmanuel
assegura ser realizável a marcha para Deus em linha reta,
isto é, sem a necessidade das encarnações físicas, consequentes das “quedas que
nos são comuns”.
Esse ensinamento, por si só,
bastaria como resposta à indagação da estimada companheira de doutrina. Não
satisfeitos, entretanto, fomos procurar outro ponto de apoio na substancial obra
“Os Quatro Evangelhos”, de J. B. Roustaing, onde o assunto é abordado com
minúcias.
Logo no primeiro volume recolhemos
esta valiosa lição:
“Chegados,
quanto a desenvolvimento espiritual, ao ponto em que recebem o dom precioso e
perigoso do livre-arbítrio (isto é, ao atingirem o estado hominal), os
Espíritos, iguais sempre, todos no
estado de inocência e de ignorância, se revestem do perispírito que recobre a inteligência
independente. Essa operação de revestir o perispírito, que, do ponto de vista material, se
deveria chamar “envoltório”, constitui, então, para todos, encarnação fluídica”.
Os evangelistas que ditaram a obra,
descendo a detalhes, acrescentaram:
“Todos,
puros nessa fase de inocência e de ignorância, igualmente submetidos a
Espíritos encarregados de os guiar e desenvolver, têm a liberdade de seus atos
e podem, no estado fluídico, progredir, indo desse período de infância e de
instrução à perfeição, mediante contínuos e sucessivos progressos”.
Resulta dessas lições que os
Espíritos, ao receberem o livre-arbítrio (classificado pelos evangelistas
como precioso e perigoso), podem caminhar para Deus em linha reta, como esclarece
Emmanuel, sem a necessidade de descerem à carne, para as experiências que lhes
cabem.
Resvalando pela imprevidência,
entretanto, são banidos do mundo espiritual e encaminhados ao plano físico, a
fim de nele executarem o trabalho progressista, agora entre enfermidades e
inquietações.
A evolução, contudo, poderia ocorrer
em linha reta, como Espíritos, caso
tivessem permanecido vigilantes, como acrescentaram os evangelistas:
“Alguns,
porém, dóceis aos incumbidos de os guiar e desenvolver (Espíritos-Instrutores),
seguem simples e gradualmente pelo caminho que lhes é indicado para progredirem”.
(É nosso o parêntese).
E mais adiante:
“Os Espíritos que, dóceis a seu
guias, não se transviam, continuam a progredir no estado fluídico”.
E os evangelistas, desejando que não
permanecessem dúvidas sobre o assunto, afirmaram:
”Os
que se conservam puros também desenvolvem atividade e inteligência a fim de progredirem no estado
fluídico por meio de esforços espirituais que necessitam fazer para, da fase de inocência e
de ignorância, de infância e de instrução, chegarem, sem falir, à Perfeição”.
Encontramos, a seguir, esta outra
lição:
“Também
desenvolvem, na medida da elevação alcançada, inteligência e atividade em prol da vida e
harmonia universais, estudando e trabalhando, sempre como Espíritos, nos mundos que servem de
habitação a seus irmãos encarnados por terem falido e nos mundos onde se encontram
Espíritos no estado de erraticidade (isto é, sujeitos a novas encarnações)”.
Ficamos pensando, então, como
poderia se processar essa evolução, no mundo espiritual, sem saber quais as
tarefas ou experiências a que seriam submetidos os Espíritos. E os evangelistas
explicam que eles “chegando a um certo
grau de desenvolvimento moral e intelectual, são atraídos para o estudo dos
mundos, de seus princípios, de suas organizações, e se entregam a esses estudos
dirigidos por Espíritos de pureza perfeita. Sob essa direção eles trabalham na
constituição de planetas, os desenvolvem e impelem, de esferas em esferas, para
as regiões que lhes são próprias”.
Nessa altura, os evangelistas fazem
questão de destacar os riscos a que se submetem os
que isso efetivam, dizendo:
“Esse
o momento em que muitos se transviam, dominados pelo orgulho, que os leva a desconhecer a mão
diretora do Senhor ou a duvidar do seu poder”.
Em razões desses ensinos, poderíamos
assim concluir:
a)
- que os Espíritos, para alcançarem a Perfeição, tanto progridem no plano
etéreo quanto nos mundos físicos;
b)
- que, chegando à condição hominal e em estado de inocência e de ignorância,
recebem o livre-arbítrio, que lhes faculta responsabilidade aos atos;
c)
- que o revestimento perispiritual representa para eles uma encarnação
fluídica;
d)
- que, nessa fase, são submetidos a trabalhos continuados, sempre assistidos
por mentores encarregados de os guiar e desenvolver;
e)
- que, tornando-se dóceis a essa orientação e não falindo, podem continuar
avançando, sempre em estado fluídico, pelos caminhos da evolução;
f)
- que, sempre em estado fluídico, vão vencendo os estágios da inocência e da
ignorância, mediante o apuro das atividades e da inteligência;
g)
- que, à proporção que se adiantam no progresso, também ampliam os labores em favor
da vida e da harmonia universais servindo junto a encarnados e desencarnados que permanecem na erraticidade;
h)
- que, em tais contatos com os mundos físicos, estudam a organização dos
mesmos, sempre orientados por Espíritos elevados;
i)
- que, nessa hora, contagiados pelas paixões humanas, muitos se desgarram,
permitindo que o orgulho e a vaidade se apossem de seus corações;
j)
- que, em consequência, são compelidos a abandonarem o plano espiritual,
aceitando dolorosas encarnações, repletas de amarguras e de inquietações.
Verifica-se, assim, que os Espíritos
não foram criados, especificamente, para os sofrimentos físicos, mas, em
verdade, para chegarem a Deus, em linha reta, como elucida Emmanuel.
Ao contato, porém, com os mundos
físicos, deixam-se envolver pelas tentações ambientes, mergulhando nos
sofrimentos originários da carne.
É por isso que há Espíritos falidos,
sujeitos a encarnações dolorosas, e também é por isso
que a lágrima e a aflição são condições marcantes em nossas vidas.
por Arthur da Silva
Araújo
in ‘Reformador’ (FEB) Jan 1971
Impressionante como entende errado a mensagem de Emmanuel(pseudo sábio, feitor de Chico Xavier), e ainda completa com a atrocidade do que está nos Quatro Evangelhos de Roustaing!
ResponderExcluirPrecisa estudar Kardec, pois o desfile de espiritismo místico tupiniquim, bateu recorde neste seu texto!