Fidelidade
integral à Doutrina
“...Não há, dentro do Espiritismo
kardequiano, batizados, casamentos, bênçãos disto e daquilo, hinos e outras
cantorias. Não os há, evidentemente, na Doutrina codificada por Allan Kardec e
ditada pelos Espíritos superiores. Mas, podemos encontrar algumas dessas
contrafações doutrinárias até em instituições dirigidas com a maior dedicação,
certas de que são perfeitas na observância da Doutrina ... Ao ouvirem ponderações
contrárias, argumentam que nada disso tem importância, são coisas inocentes, que servem até para atrair e deleitar os que se
mostram inclinados a frequentar os “centros” ou que já os frequentam... É claro
que não preconizamos uma ortodoxia asfixiante mas encarecemos maior fidelidade
aos preceitos doutrinários por necessária à vitalidade e eternidade da Doutrina.
Lembramo-nos de que, certa vez, ao estranharmos o uso despropositado de cantos numa
casa espírita, um dos seus dirigentes, sorridente, nos respondeu: “Que mal há
na música tão agradável aos ouvidos? ... Que mal pode haver no canto, que
enternece a alma? ...” E nos mostrou uma espécie de hinário, inclusive uma letra
“espírita” para os dias de aniversário dos componentes do grupo... E assim,
graças à candidez e a inocência de alguns boníssimos confrades que se afirmam
kardequianos, vai-se operando a “protestantização” dos hábitos e das praxes de
reuniões que deveriam de ser exclusivamente espiritistas. Salvo melhor juízo.
Se levarmos mais
longe a nossa observação, encontraremos, em alguns lugares, não o ensino exclusivo
da Doutrina Espírita e do Evangelho, mas também, com as imprecisões
compreensíveis a mistura desses estudos com elementos de teosofia, esoterismo,
etc. E não será para tanta admiração que tal aconteça, quando há quem, sendo
declaradamente espírita, se faça arauto da parapsicologia, a ponto de
estabelecer confusão entre esta e o Espiritismo, que, em seu aspecto científico,
já foi muito mais além do que os seguidores do Professor Rhine.
Menos por
impertinência do que pela preocupação de que se preserve a pureza dos princípios
da Doutrina Espírita, numa época em que tudo sofre os efeitos deletérios do
materialismo destruidor e ateísta, é que consideramos oportunas estas
observações. Os grandes males geralmente começam por coisas tão
insignificantes, na aparência, que ninguém lhes dá atenção. Há no mundo atual
um movimento iconoclasta, de essência ateísta, empenhado em destruir o chamado
mundo cristão, com as suas tradições, a sua ética, os seus costumes. Já
decretaram os corifeus do Anticristo encoberto, a “morte de Deus”, a “personalidade
subversiva e violenta de Jesus” (!)... A rebeldia está em moda a violência e a
imoralidade são pregadas publicamente, inclusive na imprensa, no rádio, no teatro,
na televisão, nos livros vendidos livremente. Corrompe-se primeiro o pensamento da juventude,
para, depois que os jovens se achem intoxicados por teorias “avançadas”,
desferirem golpes na família e na religião...”
por Tobias
Mirco
(Indalício Mendes)
Trecho de artigo publicado em Reformador (FEB) em Janeiro de 1971
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