Como será o Futuro?
A cada momento
sentimos em nossa própria alma esta interrogação tremenda que Victor Hugo expressou
nestas palavras: De quoi le démain sera-t-il
fait?
E nosso Espírito
anseia por penetrar no mistério de Deus que é o porvir.
Ser-nos-á
possível prever o futuro, imaginá-lo com certa precisão? Dentro de nossa
limitação podemos, de alguma sorte, conhecer as linhas gerais do futuro, embora
nossa lógica não possa calcular não possa calcular imprevistos que alteram
nossas previsões. Nos fenômenos astronômicos, que obedecem a leis conhecidas, podemos
prever com inteira segurança certos fatos futuros, por exemplo, que depois da noite virá o dia;
quando será Lua ou Lua Cheia; quando ocorrerá um eclipse, No entanto, quando
entram em jogo leis desconhecidas da natureza ou o livre-arbítrio do homem, todas
as nossas previsões podem falhar. Se assim não fora, não haveria guerra, por que um dos
litigantes saberia previamente que iria perder e capitularia pacificamente para
evitar maiores dores e ruínas.
Podemos prever que o homem não voltará a habitar as
cavernas, depois que aprendeu a construir casas; que não fará longas jornadas a
pé, como nos tempos primitivos, porque já aprendeu a construir veículos; não navegará
mais à vela depois que possui o vapor. Assim podemos facilmente prever que ele não
desistirá de nenhuma das suas conquistas: imprensa, rádio, telefone, aviação,
Esperanto porque já experimentou essas coisas e compreendeu-lhes a utilidade.
Também podemos prever que o Espiritismo progredirá sempre, porque já existe a Codificação e já se aprendeu a aproveitar essa mediunidade
superior.
Partindo deste
momento brasileiro em que temos a mediunidade de Francisco Cândido Xavi possuímos
um serviço organizado de divulgação do Esperanto entre os espíritas e de
Espiritismo entre os esperantistas, podemos prever o futuro movimento espírita
mundial servindo-se de uma língua internacional neutra, na qual se preparará
toda a imensa documentação e que a imponência desses testemunhos colhidos em
todos os lugares lançará por terra todos os sofismas contra a Terceira
Revelação.
Podemos imaginar
eclipses dos dois movimentos: perseguição violenta como já houve na Alemanha, na
Itália, na Espanha mas sabemos igualmente que as ideias mundiais são mais
duradouras do que as perseguições de violência e que o Espiritismo e o
Esperanto reaparecerão depois das tempestades políticas e sociais.
Podemos até
admitir um triunfo mundial do materialismo absoluto, imposto pelo Estado, como já
se tem dado e ainda se dá em nossos dias; mas sabemos que no fundo da alma do
homem existe a intuição da espiritualidade, porque ele é um Espírito que há de
acordar do sono material.
Com o progresso
mundial da técnica na arte de produzir riquezas, podemos prever a abolição da pobreza, da servidão, da opressão econômica, da
tirania de classes. Pelas conquistas na técnica dos transportes, podemos
conceber intenso convívio de toda a humanidade do Planeta.
De todas essas
conquistas que podemos facilmente prever a mais importante, a que valorizará todas
as outras será o triunfo universal da Terceira Revelação: a compreensão da
Justiça perfeita e inexorável que conhece e pune ou premia cada um dos nossos
mais íntimos pensamentos, que faz do homem para si mesmo o mais severo juiz.
Sem este conhecimento que nos traz o Espiritismo, empregaríamos egoisticamente
todas as forças que viessem ter em nossas mãos; tudo se transformaria, em nosso
poder, em fontes de perdição e desditas.
Os Espíritos nos ensinam que as
comunicações do invisível se destinam somente aos corações duros, porque os
outros creem no Evangelho sem necessidade de provas. Isso é verdade: os
Espíritos superiores, quando se encarnam, trazem o conhecimento da vida
espiritual em forma de intuição e não necessitam das manifestações mediúnicas.
Mas a imensa maioria dos homens são de coração duro e só se convencem mediante
provas muito concretas.
Mas será absolutamente certo o
triunfo mundial do Espiritismo? Não vemos o movimento espírita declinar até
desaparecer em países onde já teve grande brilho, como na França e na Espanha?
Enquanto o mundo viver no domínio da
incompreensão, dividido em múltiplas ilhas que são as regiões linguísticas, sem
colaboração intelectual entre todas as nações, pode dar-se o fato de o Espiritismo
declinar até desaparecer em alguns países enquanto floresce noutros, porque os
povos vivem insulados, com civilizações apenas nacionais. Porém, quando houver
uma língua internacional em pleno funcionamento, de sorte que os livros
publicados em um país sirvam igualmente para todos, haverá intercâmbio tão
intenso entre os homens do mundo todo que a propaganda feita em um lugar
atingirá igualmente todos os outros lugares.. Admitamos essa língua internacional
em pleno funcionamento e a mediunidade de Francisco Cândido Xavier que deu
tamanho impulso ao movimento espírita brasileiro nestes quinze anos mais
recentes, com as campanhas de imprensa que atingiram todos os seres pensantes
deste imenso território nacional, não teria produzido frutos somente em nossa
Pátria, mas igualmente
em todas as pátrias, porque seus livros, publicados numa língua geral,
alcançariam os pensadores de todos os países, seriam discutidos, em escala
mundial e não somente nacional.
O triunfo do Esperanto será
igualmente a vitória do Espiritismo, porque ligará os diversos movimentos
espíritas nacionais num único movimento mundial.
Mas será absolutamente certa a
vitória final do Esperanto? Não será possível que o Esperanto, depois de mais
alguns decênios de progresso, entre em decadência e venha a desaparecer? Seus
poderosos inimigos, os imperialismos linguísticos, não poderão exterminá-lo?
Não, o Esperanto já é um movimento
mundialmente organizado, como idealizamos para o Espiritismo. Quando perseguido
em um país, ele está prosperando em outros. Desaparecem temporariamente
territórios inteiros, como os da Alemanha e do Japão, mas o rádio leva àqueles
territórios, aos povos oprimidos, a voz dos outros povos e lhes reanima sempre
a fé na vitória de seu ideal. Não foi possível ao nazismo exterminar o
Esperanto na Alemanha, porque o movimento passou a viver e crescer subterraneamente
e, apenas desapareceu o nazismo, novamente ressurgiu o Esperanto com o seu
antigo brilho. A ocupação americana impede as relações postais com os
esperantistas japoneses, mas não lhes impossibilita de receber programas de rádio,
e, sempre que um portador de confiança sai do Japão, traz brilhantes notícias
da obra que estão realizando os esperantistas do Sol-Nascente. Duras
guerras têm interrompido durante anos as relações postais de diversos países,
mas os esperantistas de tais regiões não desanimam, porque sabem que em outros
lugares seus companheiros estão trabalhando pela vitória da ideia. Durante a segunda
guerra mundial, metade do mundo ficou sem relações com o exterior, mas nem por
isso o Esperanto deixou de progredir por toda a parte. O que não se pode fazer
em um lugar, fez-se em outro. O Esperanto cresce sempre e com ele a sua literatura,
Ora, uma língua literária não morre nunca,
só morrem as línguas populares. Cada livro que se publica em Esperanto é mais
um prova de que o Esperanto já conquistou a imortalidade. E todos os povos do
mundo publicam obras em Esperanto.
Em outras palavras: o Esperanto é um
movimento pacífico de colaboração mundial e por isso não pode ser destruído. Fosse
um movimento material de força e a força o poderia demolir, mas é pacífico, por
isso não há quem o destrua. Cada esperantista no mundo, mesmo o jovem que só emprega
a língua na correspondência, é um colaborador de todos os outros e ajuda o
movimento material e espiritualmente: enriquece materialmente a língua com suas
cartas e bilhetes postais e espiritualmente reanima seus colegas de outras
terras.
A vitória do Esperanto é certa,
porque o progresso reclama cada dia mais a existência de uma língua mundial de
cultura e essa vitória irá beneficiar grandemente o triunfo do Espiritismo.
Ambos os movimentos, estão nos desígnios de Deus pela lei eterna da evolução e hão
inevitavelmente que vencer.
Resumindo. O mundo futuro será
espírita esperantista. Não há quem o possa evitar! Logo, o futuro será de
compreensão e harmonia.
Reformador (FEB) de Jan 1948
Passados 64 anos da
publicação do artigo acima fica a pergunta...
Que é do Esperanto
como instrumento de comunicação dos Espíritos?
Apreciaríamos a
colaboração de vocês! Fraternalmente,
Prezado Aron,
ResponderExcluirAs palavras de Ismael Gomes Braga são proféticas. O que ele disse vai aos poucos acontecendo. Por meio do esperanto, o espiritismo tem entrado em países onde impera o materialismo, como na região do Leste Europeu. Em 2007, por exemplo, encaminhei a tradução em esperanto do livro “Suicídio e Suas Conseqüências”, de Gerson Simões Monteiro, à Rússia. Lá, ele obteve resenha favorável na revista “La Ondo de Esperanto” (A Onda do Esperanto). Na Hungria e na Polônia, não só a Codificação tem sido estudada em esperanto, como esse idioma tem servido de ponte para a edição de livros espíritas nas línguas locais. Coisa semelhante tem acontecido na Estônia e Lituânia. Há relatos de pessoas que formam grupos de estudos espíritas por meio do esperanto e traduzem para as línguas locais os textos, distribuindo-os em manuscritos. Espíritas esperantistas poloneses têm vindo ao Brasil participar de eventos doutrinários, inclusive palestrando em esperanto, com tradução simultânea, coisa que tenho a satisfação de poder dispensar, pois sou esperantista. A FEB anualmente realiza palestras doutrinárias no âmbito dos congressos universais de esperanto. O esperanto é amplamente utilizado no meio espírita brasileiro. O programa “Esperanto, a Língua da Fraternidade”, da Rádio Rio de Janeiro está entre os líderes de audiência, segundo o IBOPE. No trimestre jun-ago 2012, ficou em quarto lugar no rádio AM, com milhares de ouvintes. O esperanto é uma realidade, conforme IGB disse. Para saber notícias do movimento esperantista, dê uma olhado no meu site O Esperanto Ilustrado. O endereço é http://esperantoilustrado.blogspot.com.br/. Um abraço!