Pelo punhal
da Ingratidão JUN 20
Tomou Judas um destacamento de
soldados e servos da parte dos pontífices e fariseus, e dirigiu-se para o horto
das oliveiras com lanternas, archotes e armas.
À frente ia Judas, um dos doze.
Aproximou-se de Jesus e beijou-o. Disse-lhe Jesus: “Amigo, a que vieste? Com um
beijo atraiçoas o Filho do homem?"
Jesus, sabendo tudo o que estava
para suceder-lhe, adiantou-se e perguntou-lhes: “A quem procurais?”
“A Jesus de Nazaré" –
responderam-lhe.
Disse-lhe Jesus: “Sou eu”, recuaram
e caíram por terra.
Tornou a perguntar-lhes: “A quem
procurais?”
“A Jesus de Nazaré” – responderam.
“Já vos disse – replicou Jesus – que
sou eu. Se, pois, me procurais a mim deixai ir a esses”. (João 18, 1 ss Lucas 22, 47 s)
Aos pés de Júlio Cesar jazem a
Europa, a Ásia, a África... Ninguém resiste ao invicto general...
Em pleno Senado
Romano tomba Júlio Cesar ao punhal de Brutus, seu filho adotivo... Não lhe
resiste...
Rende-se,
indefeso, à ingratidão do filho aquele que jamais se rendera à prepotência
inimiga.
Para que viver
ainda o corpo, quando a alma já sucumbiu assassinada?
Inúmeras vezes se
subtraíra o Nazareno às pedradas mortíferas de seus inimigos – mas não desvia a
face ao beijo traidor do amigo.
“Amigo, a que
vieste? Com um beijo atraiçoas o Filho do homem?"...
Alma sublime, só
se defende de hostes adversas – e só se rende a amigos e confidentes...
Fere de fora o
inimigo – vulnera de dentro o amigo...
Oh! Mistérios de
Deus e de Satã!
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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