‘A Verdade
do Espírito’
Sempre achei que para ser
materialista basta a ignorância, que está ao alcance de todos. Mas é engano
pensar que basta a criatura virar Espírito para acreditar na imortalidade.
É sabido que
muitas pessoas, após o regresso à pátria espiritual, ainda se julgam vivendo na
Terra. Os que desencarnam materialistas geralmente continuam materialistas, -
pelo menos por algum tempo. Perambulam no astral, numa espécie de sonho
acordado, sem se aperceberem da realidade do mundo fluídico. E quando tomam
gradualmente consciência do novo estado, mostram-se perplexos, como se estivessem
exilados num país estrangeiro. É o caso, por exemplo, daquele general inglês,
indagando: “Pois se eu morri, onde diabo estou? Se isto é o céu, não é lá
grande coisa; se é o inferno, é bem melhor do que eu esperava.”
Por aí se vê que
não é negócio ser materialista ou descrente, pois cada um tem um encontro
marcado consigo mesmo no mundo dos Espíritos.
Houve um tempo em
que era muito natural a discussão em torno do então chamado sobrenatural. Mas
hoje, que o Espiritismo está consolidado, qualquer tentativa de convencer os seus
opositores é um desperdício de tempo. Eles sabem o que não querem, mas não
sabem o que querem. E' preciso ainda considerar que os homens têm a
crença que merecem. Cada pessoa tem sua hora de conhecer a Verdade.
Muita gente não
quer nada com o Espiritismo porque tem um medo que se pela dos Espíritos. Mas
nem só dos Espíritos vive o Espiritismo. O Espiritismo é, antes de tudo, uma
doutrina que conduz ao aprimoramento moral. E depois, para a criatura evoluir
não é preciso ser, necessariamente, espírita, já que todas as religiões
podem ter a sua parcela de divindade. “Mais vale acender uma vela do que amaldiçoar a
escuridão”, disse Confúcio.
O leitor conhece
a história do preto velho? Um preto velho, dono de um roçado, encontrou um dia
um padre que lhe perguntou qual a religião que professava. O preto respondeu: “Seu
vigário, há três caminhos para eu ir à cidade: a estrada principal, a da praia
e a que atravessa o banhado. Agora repare: quando eu chego à cidade, ninguém me
pergunta que caminho tomei. A única coisa que querem saber é se o legume que
levo é bom.”
Então, cultivemos
o nosso legume.
O conhecimento da
vida espiritual confere uma responsabilidade consciente e indissociável da
noção do bem e do mal. Cada criatura deveria fechar-se todas as noites para o
balanço da consciência. Veria, então, que cada um é responsável pelo próprio
destino, pois tem o livre-arbítrio, que gera o determinismo cármico. A
conhecida expressão “os extremos se tocam” se ajusta perfeitamente à velha
controvérsia entre determinismo e livre-arbítrio . No caso, não apenas se
tocam, como se entrelaçam. Às vezes atuam simultaneamente. É da Lei.
Cumpre levar a
sério o estudo das grandes mensagens mediúnicas . Isto nos faz penetrar na faixa
das ondas psíquicas que o Alto nos transmite a cada passo através de médiuns
autênticos, que funcionam como sismógrafos do mundo espiritual. No entanto,
quantas pessoas, de respeitável saber nos diferentes domínios da inteligência,
deixam de fazê-lo? Evidentemente, essas pessoas não perdem o que sabem, mas não
sabem o que perdem.
Nunca é demais
repetir: os tempos são chegados! Estamos em plena era apocalíptica, profetizada
pelos videntes bíblicos. Quem não vê que o mundo anda em muito mau estado? Com um
pouco mais, será feita a triagem no vasto presídio planetário. Os que tiverem
muita culpa no cartório da Espiritualidade serão banidos para outros mundos
menos evoluídos do que o nosso. Quantos de nós estamos em dia com a contabilidade
divina? Quantos de nós ficaremos à direita do Cristo? Quantos de nós encarnados
e desencarnados, estamos em condições de habitar a civilização do terceiro
milênio? Aí é que bate o ponto.
Mas há uma
verdade que, uma vez acesa na consciência, é luz que não se apaga: a Revelação Espírita. Até porque não há nada além do Espiritismo, que
já é do Além...
por Alberto Romero
Reformador (FEB) Janeiro 1971
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