quarta-feira, 20 de junho de 2012

Pelo Punhal da Ingratidão



Pelo punhal
da Ingratidão JUN 20

                    
            Tomou Judas um destacamento de soldados e servos da parte dos pontífices e fariseus, e dirigiu-se para o horto das oliveiras com lanternas, archotes e armas.
            À frente ia Judas, um dos doze. Aproximou-se de Jesus e beijou-o. Disse-lhe Jesus: “Amigo, a que vieste? Com um beijo atraiçoas o Filho do homem?"
            Jesus, sabendo tudo o que estava para suceder-lhe, adiantou-se e perguntou-lhes: “A quem procurais?”
            “A Jesus de Nazaré" – responderam-lhe.
            Disse-lhe Jesus: “Sou eu”, recuaram e caíram por terra.
            Tornou a perguntar-lhes: “A quem procurais?”
            “A Jesus de Nazaré” – responderam.
            “Já vos disse – replicou Jesus – que sou eu. Se, pois, me procurais a mim deixai ir a esses”.                                                                              (João 18, 1  ss Lucas 22,  47 s)



         Aos pés de Júlio Cesar jazem a Europa, a Ásia, a África... Ninguém resiste ao invicto general...

            Em pleno Senado Romano tomba Júlio Cesar ao punhal de Brutus, seu filho adotivo... Não lhe resiste...

            Rende-se, indefeso, à ingratidão do filho aquele que jamais se rendera à prepotência inimiga.

            Para que viver ainda o corpo, quando a alma já sucumbiu assassinada?

            Inúmeras vezes se subtraíra o Nazareno às pedradas mortíferas de seus inimigos – mas não desvia a face ao beijo traidor do amigo.

            “Amigo, a que vieste? Com um beijo atraiçoas o Filho do homem?"...

            Alma sublime, só se defende de hostes adversas – e só se rende a amigos e confidentes...

            Fere de fora o inimigo – vulnera de dentro o amigo...

            Oh! Mistérios de Deus e de Satã!



Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista dos Tribunais, SP – 1941  


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