Aconteceu
num Corpus Christi...
“Eis
aqui agora outro fato ainda mais característico e grande curiosidade teríamos
de ver como poderiam explicá-lo unicamente por meio da imaginação.
Trata-se de um
senhor provinciano, que jamais quisera casar-se, mau grado às instâncias de sua
família, que muito insistira notadamente a favor de uma moça residente em cidade
próxima e que ele jamais vira. Um dia, estando no seu quarto, teve a enorme
surpresa de se ver em presença de uma donzela vestida de branco e com a cabeça ornada
por uma coroa de flores. Disse-lhe que era sua noiva, estendeu-lhe a mão, que
ele tomou nas suas, vendo-lhe num dos dedos um anel. Ao cabo de alguns
instantes, desapareceu tudo. Surpreendido com aquela aparição, depois de se
haver certificado de estar perfeitamente acordado, inquiriu se alguém lá
estivera durante o dia. Responderam-lhe que na casa pessoa alguma fora vista.
Decorrido um ano, cedendo a novas solicitações de uma parenta, resolveu-se a ir ver a moça que lhe propunham. Chegou à cidade
onde ela morava, no dia da festa de Corpus-Christi. Voltaram todos da
procissão e uma das primeiras pessoas que lhe surgiram ante os olhos, ao entrar
ele na casa aonde ia, foi uma moça que lhe não custou reconhecer como a mesma
que lhe aparecera. Trajava tal qual a aparição, porquanto esta se verificara
também num dia de Corpus-Christi. Ficou atônito e a mocinha, por seu lado, soltou um grito e sentiu-se mal. Voltando a si, disse já ter visto aquele
senhor, um ano antes, em dia igual ao em que estavam. Realizou-se o casamento.
Isso ocorreu em 1835, época em que ainda se não cogitava de Espíritos, acrescendo
que ambos os protagonistas do episódio são extremamente positivistas e
possuidores da imaginação menos exaltada que há no mundo.
Dirão talvez que
ambos tinham o espírito despertado pela ideia da união proposta e que essa
preocupação determinou uma alucinação. Importa, porém, não esquecer que o
marido se conservara tão indiferente a isso, que deixou passar um ano sem ir
ver a sua pretendida. Mesmo, todavia, que se admita esta hipótese, ainda
ficaria pendendo de explicação a aparição dupla, a coincidência do vestuário com
o do dia de Corpus-Christi e, por fim, o reconhecimento físico,
reciprocamente ocorrido entre pessoas que nunca se viram, circunstâncias que
não podem ser produto da imaginação.”
Allan Kardec
Capítulo
VII item 117 – pág. 155-156
‘Da Bicorporiedade e da Transformação’
‘O Livro dos Médiuns’
61ª
Ed FEB 1995
Tradução
de Guillon Ribeiro
Ontem,passava eu pelo nosso quarto quando deparei-me com 'O Livro dos Médiuns' sobre a mesinha de cabeceira (criado-mudo para os paulistas...) de minha esposa. Abri ao acaso pois não tem sido um livro muito procurado por mim. Deparei-me com a mensagem acima onde as palavras Corpus-Christi apareciam por mais de uma vez. Demorei a entender o sentido da mensagem pois questionava-me sobre o motivo do feriado, sua significação, etc. A ficha demorou a cair... Era apenas isso: Siga em frente sem se prender aos motivos das tradições religiosas. Faça sua parte que faremos a nossa. Todos estamos a caminho...
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