“Quanto mais se agrava a situação moral do mundo, mais crescem as
responsabilidades dos espíritas. A pregação da Doutrina assume, por isso mesmo,
maior importância, pela necessidade de desfazer o nevoeiro materialista,
destinado a encobrir a Verdade, disseminando teorias falsas, enganadoras e nocivas,
que levam o homem desprevenido à violência, à indisciplina e ao ateísmo. A seriedade dos preceitos do Espiritismo
Evangélico não admite, evidentemente, o lirismo piegas e sem substância, que pode levar ao
desinteresse.
Nem o fato de se tratar
de uma doutrina perfumada pelo Evangelho, significa
seu desligamento do Espiritismo experimental. A clareza e a objetividade são
virtudes inerentes à Doutrina codificada por Allan Kardec, pois no Espiritismo
Cristão nada há que não seja evidente, simples, positivo e racional.
Vivemos dias agitados,
em que a violência, a pornografia e a mentira atuam de mãos dadas, ao estímulo
de uma demagogia oculta sob o manto de Proteu. A juventude tem sido o alvo predileto
dos que empunham a bandeira negra do negativismo. Os jovens são iludidos e
explorados de muitas maneiras. Adulam-nos para melhor desencaminhá-los, neles inoculando o vírus da rebeldia, dentro e fora
do lar, com o fim de corromper e destruir a família, a pretexto de se
estabelecer uma liberdade diferente, cujas consequências serão tristíssimas, a
começar pela escravização ideológica, muito pior do que os jovens podem
imaginar.
Pregar e interpretar a
Doutrina espírita é trabalho delicado, pois exige seguro conhecimento do
Espiritismo codificado por Allan Kardec. Mas a melhor pregação está no exemplo,
no comportamento espírita, em quaisquer circunstâncias. Kardec adverte: “Pode-se ser enganado pelas aparências, donde
resulta que a qualificação de espírita, não comportando mais que uma aplicação
falha, não constitui recomendação absoluta e essa incerteza lança nos espíritas
uma espécie de desconfiança, que impede se estabeleça entre os adeptos um laço sério
de confraternização”. É o comportamento que situa a posição do homem
no mundo moral. É o comportamento que define o espírita. Todos nós - principalmente os que
escrevem ou falam sobre o Espiritismo - estamos sujeitos também a sofrer
injustiças, a ser julgados com excessiva severidade, não raro por quem não possui legítima autoridade para fazê-lo. Muitos desses, vivendo à
margem do comportamento espírita, se transformam em julgadores implacáveis e
impenitentes. Devemos tomá-los à conta de obstáculos que nos cumpre superar com
paciência, coragem e fé. Isso é muito comum.
Portanto, devemos reforçar a preocupação constante de resguardar o Espiritismo
de juízos temerários, mantendo-nos vigilantes quanto ao nosso próprio comportamento.
A Doutrina não admite interpretações fantasiosas nem a adoção de meios termos.
O que for feito em conflito com os princípios doutrinários e evangélicos, constituirá
ajuda aos adversários da Terceira Revelação, muitas vezes empenhados em se
mostrarem mais kardequianos que o próprio Kardec.”
trecho de um artigo
assinado por Indalício Mendes
sob título ‘Bezerra e o Pacto Áureo’
in “Reformador” (FEB) Dezembro 1970
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