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sábado, 29 de junho de 2013

03. 'A Rebeldia dos Médiuns'



03) A Rebeldia dos Médiuns
por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Abril 1958

            Em se tratando da mediunidade, é preciso muita cautela no exame das diferentes questões que podem surgir no transcurso de uma exposição doutrinária. Sempre que se notar a já clássica manifestação de rebeldia do médium, pode-se admitir, em princípio, a necessidade de ele ser  submetido a um trabalho de observação e esclarecimento ainda mais meticuloso. Os médiuns são criaturas naturalmente sensíveis. Tem-se de examinar suas atitudes e suas reações, quer no estado normal, quer em transe, já a caminho do exercício mediúnico. Pode suceder, muitas vezes, que a rebeldia não seja propriamente do médium e, neste caso, convirá a realização de trabalhos cuidadosos para a identificação da causa da sua irritabilidade. Sendo o médium pouco desenvolvido, a rebeldia pode também originar-se da ação fluídica de Espíritos sobre ele, aproveitando-se da sua capacidade mediúnica em evolução. Se já é um médium desenvolvido, a causa pode ser a mesma, convindo, então, uma outra série de providências que levem a descobrir as razões determinantes da infiltração fluídica, infiltração que o médium não percebe e fica, assim, à mercê de entidades invisíveis cujas intenções desconhece.

            Se as causas da rebeldia não são de natureza orgânica, podem ser de natureza fluídica. Muitas vezes uma carga fluídica pode contribuir para perturbar a harmonia psíquica do médium ainda não desenvolvido, ou, se desenvolvido, pouco atento a seus deveres mediúnicos. Neste caso, as condições orgânicas do alvejado podem ser afetadas se ele aumenta a sobrecarga fluídica, por não saber ou não querer aliviá-la através de tarefas mediúnicas bem ordenadas. Nem sempre a rebeldia do médium é causada por ação fluídica; nem sempre suas perturbações orgânicas têm origem nas sobrecargas fluídicas que ele recebe sem disto se aperceber: Positivada, porém, a origem fluídica de suas perturbações, quer orgânicas, quer mediúnicas, então é tempo de agir, pondo-o sob observação direta para que a origem dessas perturbações possa ser depressa localizada.

            Temos dito da importância do exercício mediúnico metódico e persistente. O médium somente deve “trabalhar” sozinho depois de ter sido positivado o seu desenvolvimento completo, sem o que poderá estar sujeito a surpresas desagradáveis e não terá meios de defender-se, dando, por isto, passagem a quantas cargas fluídicas sejam dirigidas contra ele. As consequências podem ser desagradáveis e convirá, diante disto, evitar ao máximo o “trabalho” isolado.

            Através do estudo de “O Livro dos Médiuns” e “O Livro dos Espíritos”, o médium pode adquirir conhecimentos teóricos que lhe serão muito úteis no desempenho das atividades mediúnicas. Desde que alcance razoável desenvolvimento, já seu espírito se habilitará, com naturalidade, a identificar a natureza das aproximações fluídicas e também com a maior naturalidade fará a seleção das descargas que o atingem, dando passagem às que sente serem satisfatórias e recusando as que pressente desfavoráveis. Por isto é que o médium deve desenvolver-se num centro espírita idôneo, exercitando-se com paciência e tenacidade, sem pressa, mas com o desejo forte de fazer sempre o melhor e de servir sempre o melhor. O essencial não é “trabalhar”, mas “trabalhar” bem. O médium experimentado, esclarecido, fortalecido pelo estudo e pela própria conduta, sabe que todos os médiuns estão cercados de Espíritos ansiosos por se manifestarem no mundo terreno. Os Espíritos menos purificados são os mais aflitos. Não se conformam com o haverem sido despojados da vida física e permanecem no ambiente terreno, causando distúrbios, perturbações, aborrecimentos, algumas vezes até involuntariamente. O médium não desenvolvido recebe qualquer um, porque não sabe sentir a diferença de fluidos, o que não sucede com o médium já apto ao trabalho ativo, que faz a distinção automática e insensivelmente, não dando passagem a Espíritos inferiores ou perturbados, senão quando isto se faz necessário para a doutrinação e o esclarecimento dos mesmos.

            Temos visto médiuns incipientes que se lastimam por não poderem ainda trabalhar sozinhos. Outros, mais afoitos, se lançam a essa aventura, convencidos de que já podem assumir a responsabilidade de seus atos. Muitos têm sido os que recordam, arrependidos, a iniciativa tomada contra as determinações de seus instrutores visíveis e invisíveis. O conselho que se poderia dar aos médiuns que estão começando a se desenvolver é o de que não tenham pressa em trabalhar a sós. Procurem estudar “O Livro dos Médiuns”, “O Livro dos Espíritos”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, assim como as lições recebidas nas sessões de estudo e de desenvolvimento mediúnico. Não pensem logo em fazer maravilhas, porque o destino do médium não é maravilhar, mas servir ao próximo. Mas, para servir bem, é mister que esteja bem preparado.

            Estudar e praticar, sem pressa de acabar, é o caminho mais curto. Que nenhum médium pare de estudar e praticar. Tem de estudar e praticar a vida inteira, porque Espiritismo não é um curso de uma existência, mas um curso que tomará diversas vidas do Espírito, tantas e tão profundas as lições constantes de sua Doutrina. Se o essencial é servir bem, deve o médium preocupar-se em adquirir o estado mediúnico que lhe permita ser útil. Escore-se no Evangelho, viva o Evangelho e faça dos ensinamentos evangélicos a reserva de seu Espírito para os momentos mais delicados de sua existência.


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