15ª
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo –
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
Elias, o servo
Apresenta-se ao
médium uma cabeça de homem.
Tem cabelos louros, avermelhados, caídos em cachos,
Tem cabelos louros, avermelhados, caídos em cachos,
barba e bigode da
mesma cor; o rosto é redondo e a pele clara.
Esta cabeça está envolvida em luz branca,
Esta cabeça está envolvida em luz branca,
circundada de outra
verde e de raios e fechos da mesma cor
e envolvida em grandes focos de azul pavão,
e envolvida em grandes focos de azul pavão,
macio, dando a
sensação de veludo. O efeito é deslumbrante.
O espírito toma
diversas posições,
para que a vidente possa vê-lo minuciosamente.
para que a vidente possa vê-lo minuciosamente.
_____________
Neste momento, quando parti para a
Terra, recebi, daquele que é infinito amor e a infinita sabedoria, ordem para
dizer-vos todas as verdades que precisais conhecer; venho, assim, falar-vos em
nome de Deus e do seu filho – o bendito e imaculado Jesus, venho consolar-vos
em meio das aflições em que vos achais.
Vim ao mundo para anunciar-vos
grandes acontecimentos, enormes transformações, grandes lutas, atrozes
sofrimentos, imensas delícias, inúmeras alegorias, infinita doçura,
incalculáveis benefícios, copiosos bens, infinita e incomensurável gloria!
Quem vos fala agora é aquele Elias –
o velho humilde – que outrora, na Terra, foi arauto da verdade e do bem, aquele
que do mundo se retirou para ele voltar transformado, transfigurado noutro
mensageiro, também da verdade e do amor. Quem está na vossa presença é aquele
que já se deixou imolar por amor da verdade e de Deus, é o mesmo que vai à
Terra e voltou ao céu para receber ordens, para repousar das fadigas e de novo
tornar ao mundo, para semear a verdade em nome de Deus. Está, pois, entre vós
um velho companheiro e não um desconhecido, um estrangeiro. Está junto de vós
um irmão que também já partilhou das vossas dores e tomou parte nos vossos
sofrimentos materiais; que suportou, como vós outros, as vicissitudes da vida
terrena, carregou sobre os ombros o fardo pesadíssimo da matéria, padeceu as
mesmas dores que padeceis, derramou as mesmas lágrimas que derramais e verteu o
mesmo sangue que verteis neste momento grandioso da história do vosso planeta.
Quem se dirige aos homens, na agonia
em que se acham, é o espírito de um dos antigos companheiros de provações na
superfície do mundo que habitais, e tem, por isso, o dever de falar-vos com a
intimidade do amigo e do irmão; a sua linguagem, portanto, neste dia grandioso
e feliz para ele e para vós, será clara, sincera e franca, ele conversará com
os seus irmãos com aquela franqueza e jovialidade dos velhos amigos que, após
longa separação, se encontram de novo na vida. Serei um pouco longo, mas a
minha conversa não vos enfadara, porque, será ilustrada com fatos e provas, que
apresentarei para apoiar as minhas conclusões.
Não vos aborrecerá conversar com o
velho amigo, porque ele não veio à Terra somente para vos censurar ou
apresentar os dissabores e amarguras que vos ameaçam ainda. Ele vem, ao mesmo
tempo, consolar, anunciar belos dias; vem trazer mil esperanças, cada qual mais
risonha, mais dourada, mais brilhante; vem dar-vos o que possui em luz e amor;
vem repartir o que dispõe em brandura e humildade; vem proclamar o que sabe, o
que via, o que está vendo; vem suavizar as vossas ânsias com o balsamo da sua
palavra doce e humilde, com os ensinamentos bebidos na Eterna Fonte; vem tranquilizar
vos com a sua presença, animar-vos, instruir-vos, orientar-vos, conduzir-vos ao
bem, acompanhar-vos no grande transe por que passais nesta hora tristíssima mas
luminosa, cheia de esperanças e promessas, rica de ensinamentos, de sábias e
proveitosas lições, úteis e valiosos exemplos, grandes e fecundos conselhos,
santas e benditas desilusões.
Vem Elias à Terra para dizer-vos
alguma coisa mais do que esperáveis que ele dissesse; aparece entre os homens o
humilde servo para cientificá-los do que jamais imaginaram conhecer aqui na
superfície desse atrasadíssimo planeta.
Venho, meus amigos dizer-vos a
verdade mais sublime que jamais ouvireis soar aos vossos ouvidos, se não
tivésseis no alto um Pai infinitamente misericordioso, um Deus infinitamente bom.
A verdade ou as verdades que vos venho trazer são puras, santas, divinas e
eternas, são aquelas verdades que nunca sofreram contraditas, são de todos os
tempos, de todos os séculos, de toda a eternidade.
Não vos escandalizeis, porém, se alguma
vez tais verdades, saídas da minha boca, se transformarem em espada, de gume
afiadíssimo, para ferir-vos; não vos melindreis por isso, porque a minha
intenção é a mesma do cirurgião que corta as vossas carnes, dilacera os vossos
tecidos, amputa os vosso membros, não pelo prazer de vos fazer sofrer, mas para
extirpar o cancro que corrói a vossa carne, ameaçando a vossa vida. Não vos
assusteis se ouvirdes dos meus lábios verdades que vos queimem como brasas, vos
escaldem como as chamas, porque a minha intenção é a do médico que aplica o
ferro incandescido, não para fazer gemer e chorar o enfermo, mas para
cauterizar lhe a chaga que ameaça propagar-se lhe pelo corpo inteiro e, assim, leva-lo
ao túmulo. Não vos surpreendeis se alguma vez a minha palavra se transformar em
faísca elétrica que vos fulmine, porque a minha intenção não é matar, fulmina
ou destruir, ao contrário, é apenas abalar, acordar, sacudir, despertar quem
dorme o pior e o mais condenável dos sonos – o sono da indiferença. Não vos
amedrontais se a minha palavra se assemelhar ao ruído do trovão; não vos
inquieteis, porque o meu escopo não é assustar-vos e sim obrigar-vos a erguer a
cabeça para o alto, fitar o céu, olhar para o infinito, procurando de onde
parte o rumor que vos assusta.
Ficai, assim, inteirados dos meus intuitos
e procurai escutar-me, porque muito tenho que vos dizer, muito tenho que vos
contar, muito tenho que proclamar, pedir, ensinar, doutrinar e encaminhar,
muito tenho que chorar, lamentar e amaldiçoar; muito tenho que perdoar e
proclamar; muito tenho que amar! Ouvi! Eu vos direi primeiro o que fizestes de
mau e de bom; depois direi o que deveis fazer de bem, o que deveis amar e o que
deveis repudiar.
O mundo, meus amigos e companheiros
de Elias, seguiu rumo diverso do que fora traçado pelos próceres da civilização
humana. Deus havia escolhido esta humanidade para ser uma das mais adiantadas
no grupo dos planetas do vosso sistema; os homens porém, abusaram da liberdade
que Deus lhes concedeu e buscaram um novo caminho, traçaram, eles mesmos, uma
rota, pela qual seguiram, sem cogitar do rumo que iam levando através dos
séculos.
-continua-
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