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sábado, 1 de junho de 2013

Cartilha Materna



Cartilha Materna
Alberto Nogueira da Gama
Reformador (FEB) Maio 1964

            Na constelação do Lar, fulge, como estrela de primeira grandeza, a presença da mulher-mãe.
            A luz do seu olhar, despertamos para a Vida.
            Ao calor do seu hálito, aprendemos a balbuciar as primeiras palavras.
            Dos seus lábios, ouvimos cariciosas expressões de Amor.
            De suas mãos, recebemos a amenidade de ternos afagos.
            De sua voz, recolhemos doces modulações de uma alma em festa.
            Ao contato dos seus desvelos, ensaiamos os primeiros passos.
            Seu espírito de candura e fervor nos incute a ideia de Deus e o hábito da oração.
            Influenciados por seus ensinos e exemplos, formamos o nosso caráter e adquirimos uma mentalidade própria.
            Independente dessas coisas, eu registo a mais a existência, comigo, de uma cartilha materna, que é para mim joia de peregrina beleza.
            Vejam só como os seus ensinamentos, lapidados e fulgurantes, são de sublimada inspiração!

Não troques o amor velho pelo novo.

Não deixes o certo pelo duvidoso.

Quem não se dá ao respeito,
não pode ser respeitado.

Uma ovelha má põe um rebanho a perder.

Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele.

Quem não deve, não teme.

Quem diz o que quer, ouve o que não quer.

Cada um dá o que tem.

Quem tudo quer saber, mexerico quer fazer.

O saber não ocupa lugar.

Não é por um burro dar coices
que se lhe vai cortar a perna.

. Nunca devemos dizer que deste pão
não comerei e desta água não beberei.

Quem quer faz, quem não quer manda.

A educação cabe em todo lugar.

O desengano das vistas é furar os olhos.

Não cuspa no prato em que comeu.

Não deixes para amanhã
o que podes fazer hoje.

Quem canta, seus males espanta.

Quem chora, seus males adora.

Quem a boca de meu filho beija,
a minha adoça.

Quem ama a Beltrão, ama a seu cão.

Pelos santos se beijam as pedras.

Tomar conta e dar conta do recado.

Fazer o bem sem olhar a quem.

Junta-te aos bons e serás um deles,
junta-te aos maus e serás pior do que eles.

Antes sozinho que mal acompanhado.

Quem quer amar, rigores não impedem.

Quem tem vergonha não envergonha.

Quem não pode com o tempo,
não inventa moda.

Quem boa romaria faz,
em sua casa está em paz.

As boas e as más ficam com quem as faz.

Alma ocupada não é tentada.

Quem boa cama fizer, nela se deitará.

Quem diz a verdade não merece castigo.
Quem dá o pão, dá a educação.

Deus ajuda a quem trabalha.

Livra-te dos males
que eu te livrarei dos ares.

Ajuda-te e o Céu te ajudará.

O bom julgador por si julga os outros.

Gato ruivo do que usa disso cuida.

Quem bem fizer, para si é.

O pouco, com Deus, é muito.

Deus ajuda a quem cedo madruga.

Quem tudo quer, tudo perde.

Quem muito fala, muito erra.

Em boca fechada não entra mosca.

Muito riso é sinal de pouco siso.

Quando a cabeça não tem juízo,
o corpo é quem paga.

Deixar a razão morrer
para o corpo poder viver.

Quem não aprende em casa,
aprende na rua.

Primeiro a obrigação,
depois a devoção.

Quem espera em Deus, sempre alcança.

            Mãe, pressinto que estás para partir. Teu corpo vai-se definhando aos poucos. Mas o teu Espírito, amoroso e dedicado, fiel e leal, bom e justo, está sempre lúcido, ativo e vigilante, querendo saber, de cada um de nós, se vamos bem de saúde, se estamos bons como se os doentes fôssemos nós e não tu, a quem vemos de viagem marca da para a Eternidade.

            Para mim, tu não morrerás, mãe amada de minha vida, mãe querida dos dias meus! Além de crer-te imortal, creia-te imortalizada em mim mesmo, pensando, falando e agindo na intimidade do meu ser, como oráculo iluminado ou anjo luminoso, cuja imagem estará comigo em toda parte e por todo o sempre.

            Quero ardentemente a tua santa companhia, hei de desejar-te fervorosamente a divina presença, onde quer que eu esteja ou me encontre, para que possa, um dia, vir a ser ainda o homem que tu, em tua grandeza d’alma, sonhaste fazer de mim, e mereça, assim, a gloriosa láurea de continuar teu filho fazendo jus à inefável bênção do Pai Celestial por me ter contemplado com a melhor e mais completa das mães. 

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