Ou
Reencarnação ou o Caos
I.G.B. (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB)
Fevereiro 1959
Vendo
a sociedade humana com suas tremendas desigualdades, injustiças, confusão,
lutas, incompreensão, pavores, maldade, e os indivíduos nascidos para os mais
variados destinos: este para a cegueira de nascença, aquele, surdo-mudo, outro,
débil mental, muitos criminosos natos e alguns santos espontâneos; muitos
incapazes de aprender o simples alfabeto e outros geniais, com ciência infusa,
destinados a guiar as massas; muitos sem energia para viver, mas alguns com a
energia de arrastar multidões para o mal ou para o bem; mulheres que nascem
para a degradação mais triste e outras que trazem a santidade no coração desde o berço; vendo tudo
isso, o Marxismo, com seu determinismo econômico e materialismo histórico, cria
uma filosofia que tudo atribui à sociedade como causadora de todos os males.
Mas uma multidão imensa de casos não se enquadra em seu leito de Procusto: há
os males de nascença e independentes de qualquer situação social; a estupidez
que surge em meios inteligentes e o gênio que aparece em meios obscuros; jovens
brilhantes que morrem na adolescência, e velhos infelizes que vivem noventa
anos; seres desesperados que se lançam aos abismos do suicídio, e pessoas
pacientes que se sentem felizes em todas as situações; os otimistas sempre
alegres e os pessimistas que tudo envenenam; o desconfiado que vê o mal por
toda a parte e o simples que só vê o bem em tudo; o crente incondicional e o
descrente e sofredor; o que a tudo odeia e outro que ama a todas as coisas.
Nenhuma
filosofia materialista ou espiritualista pode explicar a vida humana sem
recorrer a um longo passado preparatório do presente do indivíduo e da
sociedade, sem recorrer a um carma coletivo e a outro individual, ambos pre formados,
como produtos de outras vidas em outras sociedades.
Quando
a teologia católica e a protestante negam a reencarnação e a sábia lei do
carma, cometem a mais tremenda blasfêmia, atribuindo a Deus os nossos defeitos,
nossos males, nossas desgraças, nossa ignorância; afirma com essa negação que
Deus é o responsável pelo caos reinante na vida humana de todos os tempos; que
Ele é o culpado de nascerem homens com tendência irresistível para o mal,
previamente condenados, a todos os sofrimentos de seu inferno mental de ódios,
ciúmes, invejas, cobiça, volúpia e desespero, quando poderia tê-los feito inteligentes,
amorosos, crentes, piedosos, esperançosos e felizes.
Todo
esse caos, porém, torna-se natural e até justo ao compreendermos que somos Espíritos
inferiores e estamos num mundo de expiações e de provas, reencarnados de
conformidade com as qualidades e conhecimentos, bons e maus, que já conquistamos
em longo passado. Este caos é uma penitenciária, mas a população é evolutiva,
porque a penitenciária é também escola. Há alunos menos atrasados, felizmente, que
nos ajudam com seus exemplos, e até mestres caridosos que descem até nós para
nos esclarecerem.
Lendo
o magnífico livro “As Mesas Girantes e o Espiritismo”, impressiona-nos a
inépcia humana que despreza orgulhosamente a Revelação salvadora que Deus lhe
envia.
As
mesas girantes foram epidemia durante três anos, mas começaram a falar de
coisas muito sérias e foram desprezadas e esquecidas. A Terceira Revelação
começou na cabana de John Fox, assim como a segunda se iniciou numa manjedoura,
e a primeira numa cesta de vime lançada ao Nilo.
A
parte pensante da Humanidade, a parte capaz de compreender a Terceira
Revelação, ainda é ínfima minoria. Temos que esperar séculos e talvez milênios
para que estes alunos progridam, os criminosos cumpram suas penas, e uns e
outros venham a aceitar e viver a Terceira Revelação.
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