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domingo, 9 de junho de 2013

Revelação dos Papas - S. Agostinho



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‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29          1918

Agostinho (S.)

O Espírito mostra-se ao médium vidente cercado de luz branca,
prateada, em torno da cabeça uma espécie de resplendor,
 que se desdobra em raios verdes, muito brilhantes, limitando a aparição.
A irradiação luminosa não permite ao médium distinguir os traços fisionômicos do espírito.
____________

     
            Estou neste momento na superfície da Terra amada, onde me converti e onde cumpri uma das minhas provações, e o que me traz aqui é ainda o amor, o grande amor que sempre vos dediquei. Hoje, porém, tenho mais alguma coisa para oferecer-vos, venho dar-vos mais um pouco do que vos dei outrora.

          Não me sinto constrangido ao dizer-vos que muito tenho aprendido, muito hei adquirido depois que parti dentre vós para o mundo da luz; sou agora mais completo, mais instruído, mais certo do que digo e afirmo, porque hoje a luz divina tocou diretamente a minha razão e pude já compreender o que, até então, apenas vagamente podia entender e definir. Não tenho mais dúvida alguma que me atormente nem ponha em sobressalto o meu espírito.

          Venho, por isso, trazer-vos a verdade, mas verdade sólida, vigorosa e sã, que resistirá a todos os embates, sobreviverá a todos os cataclismos - verdade que jamais será confundida, jamais será destruída; venho dizer-vos o que outrora não pude asseverar com a exatidão e a certeza absoluta com que faço agora.

          Se quiserdes aceitar o que vos trago, se vos dispuserdes a receber e guardar no vosso coração, no fundo da vossa alma, este punhado de sementes que venho lançar no vosso planeta, muito feliz me sentirei, abençoando esta hora, que será talvez a mais bendita e a mais santa de toda a minha vida, quer material, quer espiritual. Se vos resolverdes, pois, a aceitar o que vos trago, terei tão grande contentamento que de novo voltarei a ensinar-vos, de novo aqui virei oferecer-vos outras dádivas, outras sementes que espalharei nos vossos corações.

          Deus é vosso Pai e vós sois Seus filhos bem amados, e todo o pai que ama sincera e carinhosamente os seus filhos não os esquece nunca, e quanto mais penosa, quanto mais triste é a sua situação, quanto maiores são os defeitos deles, mais o pai extremoso aumenta o seu afeto, multiplica o seu carinho e mais solícitos são os cuidados que dispensa a esses filhos diletos e estremecidos. É por isso que posso vir até aqui distrair-me um pouco convosco, dedicar-vos alguns instantes da minha vida espiritual; é o amor que Deus vos consagra que me impele para o vosso meio. Ele me disse: “- Eles precisam de luz, portanto, vai lá e dá a esses pobres um pouco de que te dei”, e eu, obedecendo à vossa vontade eterna, aqui estou para vos dizer o seguinte:

          “Não vos iludais, não vos deixeis vencer pelas delicias da vida material; gozai essa vida, mas não vos esqueças de que ela não é a única e verdadeira vida. É preciso ir, desde já, preparando o dia de amanhã, é mister, desde hoje, pensar no que vos espera quando fechardes os olhos na Terra, para abri-los no mundo espiritual.

         Não vos enganeis a vós mesmos. A morte é fatal, quando menos esperardes ela vos baterá à porta; e ficai sabendo que os que não se preocupam senão com a matéria, com os gozos efêmeros do mundo e com os atrativos da vida material, um dia terão de se arrepender, quando virem, no mundo dos espíritos, aqueles que na Terra não se esqueceram dos seus deveres espirituais receberem o prêmio das suas virtudes, da sua fé e das suas boas obras. Vós que vos comprazeis com os vãos sentimentos egoísticos, que só vos sentis felizes quando vos engolfais nos prazeres sensuais, nas orgias da carne, na volúpia brutal dos  desejos pecaminosos, que procurais apenas viver hoje, sem vos preocupardes com a vida de amanhã - muito haveis de sofrer na hora em que o vosso espírito se desprender desse corpo a que estais apegados e cujas necessidades buscais satisfazer a todo momento, esquecendo-vos de que não sois apenas matéria, que o verdadeiro homem encerrado no vosso corpo é o espírito, que não morrerá jamais, que viverá eternamente para assumir a responsabilidade de tudo quanto fizerdes de bem e de mal.

          Muito tristes serão os vossos dias no mundo dos espíritos, meus irmãos e amigos queridos, muitas lágrimas haveis de derramar, muitas dores haveis de curtir; muitos desesperos irromperão do fundo da vossa alma, se não vos precaverdes desde já, estudando, meditando, ouvindo os conselhos, aproveitando os ensinamentos que vos estão sendo dados pelos que já se acham no mundo da verdade.

          Tende fé e confiança em Deus, que existe - eu vo-lo afirmo, e não vos deixeis arrastar por falsas teorias, por doutrinas extravagantes, nascidas do orgulho e da rebeldia, do despeito e da ambição dos seus fundadores.

          Muitos desses pregadores de doutrinas negativas da verdade vós vireis encontrar aqui humilhados, abatidos, arrependidos, implorados, a cada passo, o perdão, a misericórdia divina para o mal que vos fizeram, lançando o terrível veneno da descrença no fundo da vossa alma.  Eles aqui estão e daqui contemplam o mal que fizeram. Todas as faltas que cometeis, todos os erros que praticais, influenciados por essas nocivas doutrinas, refletem sobre eles; imaginai o seu sofrimento e o seu desespero!

          Há uma só verdade, assim como também há um só Deus e uma só justiça! Não vos iludais, portanto.

          O mérito está em crer e não em descrer, mas crer no que é digno de fé, no que deve merecer a atenção de todo o homem digno e sensato, que procura apoiar a sua fé na razão e na lógica dos fatos. É preciso ter fé, mas é necessário também que a vossa fé seja racional, nascida da observação, do estudo e meditação sobre a natureza dos fenômenos que vos cercam.

          Não consistais que vos imponham dogmas, que procurem limitar o vosso raciocínio ou pretendam confundir a vossa razão; estudai, procurai observar, vós mesmos, os fenômenos que estão se desdobrando diante de vós, ao alcance de todos, e podereis experimentar e certificar-vos da verdade, sem que, para isso, seja preciso vos sacrificardes.

          Não vos entregueis à inércia e ao ceticismo; trabalhai pelo vosso progresso espiritual.

          Não duvideis do que estais lendo, pois muitos de vós, que escarneceis, são magníficos médiuns e, se quiserem, poderão produzir maravilhas e também concorrer para o progresso e avanço do mundo. Não há em tudo quanto ides lendo nenhuma mistificação, porque Deus não consentiria que, em seu nome, fosses ditas e escritas por um mistificador estas palavras que tendes sob os olhos.

          Não vos deixeis enganar pelos falsos doutores, que, apenas querendo viver, da verdade e da razão de ser das coisas nada sabem. É preciso fugir, fechar os olhos, tapar os ouvidos, voltar as costas a essas sereias, que procuram vos seduzir com o seu canto melodioso; fugi, evitai a companhia dos orgulhosos, dos falsos, dos hipócritas e dos soberbos; desconfiai dos que se dizem conhecedores de tudo que existe, quando, coitados! Ignoram até como nasceram, de onde vieram e para onde vão.

          Abandonai a cobiça desenfreada, sufocai as ambições desmedidas, contentai-vos sempre com o que vos couber por sorte, e não busqueis alcançar o que não poderdes possuir; reduzi as vossas aspirações, certos de que tudo quanto se consegue na vida é porque se merece e não provém unicamente do esforço próprio. Deus é quem sabe porque um tem mais e o outro menos, e vós não podeis julgar dos atos da Infalível Sabedoria: o que se dá tem razão de ser.

          Nunca vos revolteis contra os desígnios eternos, jamais blasfemeis contra as vicissitudes que vos atingirem; deixai que digam ser obra do acaso tudo quanto existe, tudo quanto ocorrer no mundo. Não acompanheis esta opinião, procurai orientar-vos, instruir-vos, aperfeiçoando as vossas faculdades intelectuais e desenvolvendo os vossos sentimentos morais, as virtudes e as qualidades que distinguem e diferençam o homem do bruto e da fera.

          Sede bons, piedosos, tolerantes, prudentes e humildes. Quando vos digo humildes, não aconselho que vos avilteis, mas recomendo-vos que vos desembaraceis do orgulho, da virtude, da vaidade e do amor próprio, que levam o home à pratica de erros e crimes hediondos, conduzindo-o a exercer despotismo e tirania contra os seus semelhantes.

          Evitai, quando puderdes, a calunia, a difamação, o enxovalhamento do vosso semelhante, lembrando-vos sempre que sois também defeituosos e talvez mais do que aqueles a quem censurais; não vos esqueçais de que sois irmãos e, por isso, deveis vos ajudar mutuamente. Não pratiqueis nenhum ato que possa magoar a quem quer que seja; não façais a outrem o que não desejareis que vos fizessem também. Que a vossa boca não se abra para acusar, mas sim para perdoar, e, quando tiverdes de acusar alguém, preferi antes acusar-vos a vós mesmos, perante Deus e a vossa consciência.

          Não confundais nunca a justiça com a vingança ou a crueldade, porque esses dois sentimentos são antagônicos, não se harmonizam: - justiça é dar a outrem o que merece, é por as coisas dentro da ordem natural, é colocá-las no seu lugar: - vingança é a infração da justiça, é a desordem, a violação da lei eterna. “Não julgueis para não serdes julgados.”

          O homem que se vinga arvora-se em juiz, sobrepõe-se à Justiça Eterna, ao Juiz Supremo, o único que pode julgar; não violeis, portanto, a lei, procurai, ao contrário, mantê-la, respeitá-la, acatá-la, impedindo que outros a violem.

          Sede caridosos, mas lembrai-vos que a caridade não se harmoniza com a humilhação e o rebaixamento do vosso irmão, pois a maior caridade está em não humilhar o semelhante; por isso, deveis praticá-la sem que a vossa esmola humilhe a quem a recebe. Procurai dar aos que precisam e, quando vos perguntarem se fostes vós o autor da esmola, negai. Jamais deveis fazer ostentação do vosso altruísmo, da vossa generosidade, ocultai o mais que puderdes os benefícios que praticardes. E assim vos aconselho, porque aos olhos de Deus muito se recomendam os que não fazem valer os seus sentimentos piedosos.

          Sede fortes, mas a vossa força deve consistir em proclamar a vossa fraqueza e a vossa ignorância, em confessar os vossos erros e as vossas faltas, e sempre que errardes, não vos envergonheis em dizer bem alto - errei; quando não souberdes, não vos envergonheis em declarar, seja diante de quem for - não sei, ignoro.

          Procurai caminhar sempre de acordo com estes ensinamentos, marchai de conformidade com estas lições, que fui incumbido de dar-vos, segui pela vida sempre guiados por essa luz, que Deus me autorizou a repartir convosco; ide na vossa jornada sempre a pensar no que vos digo hoje - e haveis de ver como a vida se tornará suave e doce para vós, vereis como os espinhos que vos fazem sangrar os pés desaparecerão, como por encanto, dos vossos olhos.

          Ide! Ide! Meus amigos e companheiros, meus irmãos muito amados, ide! Que a vossa jornada se tornará mais fácil se puserdes na vossa frente essa luz que o Altíssimo vos envia pela minha boca.

          Ide! Meus irmãos, ide com essa luz e procurai aumentá-la, fazei com que o seu brilho cresça a cada instante, a cada hora e a cada dia; ide até o fim da vossa peregrinação, e, quando a terra se abrir para receber o vosso corpo, quando a vossa alma desprender o vôo para a vida eterna, que essa luz vos circunde a fronte, a fim de que, ao vos aproximardes do mundo onde habitam os que na vida foram guiados por ela, possam eles reconhecer-vos e correr pressurosos para vos receberem.

          São estes os desejos do vosso irmão que muito vos ama,

Agostinho
Agosto de 1915  

Informações complementares
               Agostinho, doutor da Igreja, nasceu em Tagasta, na África e morreu no ano 430. Seu pai, de nome Patrício, era pagão. Sua mãe foi Santa Mônica.
               Lecionou em Cartago e depois seguiu para a Itália. Em Milão aproximou-se de Santo Ambrósio, cujos sermões o impressionaram, tendo, então, sido batizado pelo mesmo, pois antes disso,  Agostinho fora adepto dos maniqueus.
               Desempenhou o mandato de bispo em Hipona, onde fundou um mosteiro, que ficou habitando.
               O pensamento de Santo Agostinho exerceu enorme influência em sua época, e subsistiu ainda na história ulterior do cristianismo, formado num vasto sincretismo religioso e filosófico, que abrangia desde os dogmas cristãos até às concepções de Platão.
               É um dos mais altos expoentes da teologia e filosofia cristãs. Escreveu inúmeras obras, abordando todos os problemas complexos da consciência religiosa. Entre as mesmas são muito citadas "Confissões" e "Cidade de Deus".

página 157 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959    Ed. Divino Mestre - R  RJ

               Santo Agostinho participou ativamente da Codificação Espírita.

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