11b
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
-continuação-
Bernardo (S.)
Aqui estou, pois, hoje, cumprindo a
ordem que recebi de vir repartir convosco o que me foi dado após tantas dores e
tantas lágrimas - a luz da verdade eterna.
Meus irmãos, a vida futura é a
consciência do espírito que parte da Terra criminoso ou satisfeito por haver
bem cumprido no mundo o seu dever. A vida eterna nada tem de misterioso,
estranho ou tétrico: tudo quanto ali se passa é consequência da vossa vida
terrena, assim como a vossa existência planetária atual é resultante das
existências anteriores.
Tudo quanto vos ensinam, com relação
à misericórdia de Deus, nada tem de real, nem de verdadeiro; a verdade é esta
que venho afirmar, dizendo-vos: Deus é Pai, ama infinitamente os Seus filhos, e
o Seu perdão é distribuído equitativamente a todos os que se tornam dele
merecedores.
Não há aos olhos de Deus outro
mérito, outra virtude senão a da prática do bem, da verdade e do amor ao
semelhante. Não acrediteis no inferno e nas penas eternas - coisas
incompatíveis com a infinita misericórdia de Deus, que não esquece os Seus
filhos, ainda mesmo os mais atrasados, ou os menos evoluídos; todos são filhos
da Infinita Misericórdia e nela encontram agasalho e amparo. Não acrediteis o
que vos ensinam com relação à alma humana, que nada tem de comum com essa que
vos pintam a todo instante e nenhuma semelhança tem com a que vos descrevem os
livros chamados santos.
O espírito vive ora no espaço, ora na
Terra ou em outro qualquer planeta, segundo o seu grau de adiantamento.
As existências se encadeiam,
prendem-se umas às outras, estabelecendo entre si uma intima correlação: por
isso - o que sofreis hoje é o que outrora fizeste sofrer ao vosso semelhante;
todas as lágrimas que derramais agora são as mesmas que, por vossa causa, já
borbulharam em outros olhos; o ferro que vos corta neste momento é o ferro com
que rasgaste ontem as carnes do vosso irmão; a cicuta que bebeis neste instante
é a que destes a beber outrora; a chaga que faz sangrar o vosso coração é a que
abristes também no coração do vosso semelhante; a fome que curtis hoje é a que
fizeste padecer a outrem; a dor que vos atormenta, o espinho que dilacera a
vossa alma é o espinho que ainda ontem enterrastes no coração do vosso irmão; o
ouro que vos falta é o que há tempos, esbanjastes, desperdiçando-o inutilmente
aqui mesmo, neste mundo onde vives agora; a desonra que habita a vossa casa é a
que levastes em outras épocas ao lar alheio no qual implantastes a desordem e a
desgraça; a calúnia que vos fere neste instante é aquela mesma com que feristes
a reputação e a honra do vosso semelhante; o pão que vos falta é o que tirastes
da boca dos pobres; a nudez que vos envergonha é a que por vossa causa outrora
envergonhou o vosso irmão; os crimes a cada instante praticados diante dos
vossos olhos, são os mesmos que as vitimas de agora perpetraram em existência
anterior; tudo, enfim, são as consequências dos vícios, dos abusos e dos crimes
de outros tempos, nada do que se passa fica sem explicação lógica. A
misericórdia de Deus é, entretanto, sempre a mesma, a Justiça Eterna é
invariável, a infinita justiça inalterável e, por isso, as provações vão sendo
cumpridas a toda hora e a todo instante, e Deus vai concedendo o perdão e a luz
da Sua graça aos que os vão merecendo da Infinita Sabedoria e aos que se tornam
dignos da proteção e amparo do Eterno e Infinito Amor.
A vossa vida atual é o espelho da que
terminaste há pouco, assim como a que haveis de viver após esta consequência da
que viveis presentemente. Deus perdoa hoje, como ontem perdoou e perdoará amanhã;
ninguém fica privado da luz da Graça Infinita.
Deveis, portanto, meus amados
irmãos, trilhar o caminho do bem e da virtude, a fim de que possais um dia, se
voltardes de novo a esta Terra, ter uma vida menos árdua que a atual, menos
penosa que a que viveis hoje; cumpri o vosso dever cristão, praticando boas
obras, amando o vosso semelhante, respeitando as leis de Deus e os ensinamentos
de Jesus contidos no Evangelho, que hoje Bernardo vem proclamar como a única
luz que vos conduz na vida e também, um dia, na eternidade.
Que Deus e Jesus vos inspire para o
bem e para a verdade, conduzindo os vossos espíritos no caminho da vida, onde
deveis marchar com a máxima cautela, com o maior cuidado para não vos ferirdes
nos espinhos e nas urzes espalhadas em todo o percurso, tendo sempre os olhos
fitos no Alto, confiando em Deus e em Jesus - que será sempre o vosso sol, a
estrela que encherá de doçura o céu da vossa existência - e assim um dia,
poderdes ouvir a voz consoladora e meiga que tanto suavizou as dores e as
aflições do vosso irmão Bernardo, que se despede de vós cheio de prazer por ter
alcançado a ventura de poder hoje satisfazer o compromisso, que assumiu perante
Deus e Jesus, de vir à Terra para apagar o que escreveu sem estar aparelhado
para fazê-lo, quando tinha os olhos vendados, a consciência pouco lúcida, o
espírito ainda envolto em densas trevas, que lhe impediram de contemplar a
verdade pura, sublime e eterna que hoje proclama, confessando-se o mais
ignorante e incapaz dos discípulos de Jesus, a quem neste momento rende graças,
solicitando ao querido Mestre lhe permita ainda uma vez tornar ao mundo, para
pregar a verdade absoluta e única - a verdade espírita.
Rogai a Deus, meus irmãos, seja dado
tão grande ventura ao vosso irmão
Bernardo, o monge
Novembro de 1916
Informações complementares
Bernardo
nasceu em 1091 e morreu em 1153. Monge de grandes virtudes e de temperamento
ascético. É considerado um dos maiores vultos do cristianismo. Sua influência
na cristandade foi grande durante o pontificado de Eugênio III.
Sua
eloquência arrebatadora valeu-lhe o nome de doutor melífluo.
Deixou
notáveis cartas e estudos sobre teologia.
página 182 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959 Ed. Divino Mestre
- R RJ
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