quinta-feira, 13 de junho de 2013

11b. 'Revelação dos Papas' S. Bernardo



11b

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918
-continuação-


Bernardo (S.)



            Aqui estou, pois, hoje, cumprindo a ordem que recebi de vir repartir convosco o que me foi dado após tantas dores e tantas lágrimas - a luz da verdade eterna.

          Meus irmãos, a vida futura é a consciência do espírito que parte da Terra criminoso ou satisfeito por haver bem cumprido no mundo o seu dever. A vida eterna nada tem de misterioso, estranho ou tétrico: tudo quanto ali se passa é consequência da vossa vida terrena, assim como a vossa existência planetária atual é resultante das existências anteriores.

          Tudo quanto vos ensinam, com relação à misericórdia de Deus, nada tem de real, nem de verdadeiro; a verdade é esta que venho afirmar, dizendo-vos: Deus é Pai, ama infinitamente os Seus filhos, e o Seu perdão é distribuído equitativamente a todos os que se tornam dele merecedores.

          Não há aos olhos de Deus outro mérito, outra virtude senão a da prática do bem, da verdade e do amor ao semelhante. Não acrediteis no inferno e nas penas eternas - coisas incompatíveis com a infinita misericórdia de Deus, que não esquece os Seus filhos, ainda mesmo os mais atrasados, ou os menos evoluídos; todos são filhos da Infinita Misericórdia e nela encontram agasalho e amparo. Não acrediteis o que vos ensinam com relação à alma humana, que nada tem de comum com essa que vos pintam a todo instante e nenhuma semelhança tem com a que vos descrevem os livros chamados santos.

          O espírito vive ora no espaço, ora na Terra ou em outro qualquer planeta, segundo o seu grau de adiantamento.

          As existências se encadeiam, prendem-se umas às outras, estabelecendo entre si uma intima correlação: por isso - o que sofreis hoje é o que outrora fizeste sofrer ao vosso semelhante; todas as lágrimas que derramais agora são as mesmas que, por vossa causa, já borbulharam em outros olhos; o ferro que vos corta neste momento é o ferro com que rasgaste ontem as carnes do vosso irmão; a cicuta que bebeis neste instante é a que destes a beber outrora; a chaga que faz sangrar o vosso coração é a que abristes também no coração do vosso semelhante; a fome que curtis hoje é a que fizeste padecer a outrem; a dor que vos atormenta, o espinho que dilacera a vossa alma é o espinho que ainda ontem enterrastes no coração do vosso irmão; o ouro que vos falta é o que há tempos, esbanjastes, desperdiçando-o inutilmente aqui mesmo, neste mundo onde vives agora; a desonra que habita a vossa casa é a que levastes em outras épocas ao lar alheio no qual implantastes a desordem e a desgraça; a calúnia que vos fere neste instante é aquela mesma com que feristes a reputação e a honra do vosso semelhante; o pão que vos falta é o que tirastes da boca dos pobres; a nudez que vos envergonha é a que por vossa causa outrora envergonhou o vosso irmão; os crimes a cada instante praticados diante dos vossos olhos, são os mesmos que as vitimas de agora perpetraram em existência anterior; tudo, enfim, são as consequências dos vícios, dos abusos e dos crimes de outros tempos, nada do que se passa fica sem explicação lógica. A misericórdia de Deus é, entretanto, sempre a mesma, a Justiça Eterna é invariável, a infinita justiça inalterável e, por isso, as provações vão sendo cumpridas a toda hora e a todo instante, e Deus vai concedendo o perdão e a luz da Sua graça aos que os vão merecendo da Infinita Sabedoria e aos que se tornam dignos da proteção e amparo do Eterno e Infinito Amor.

          A vossa vida atual é o espelho da que terminaste há pouco, assim como a que haveis de viver após esta consequência da que viveis presentemente. Deus perdoa hoje, como ontem perdoou e perdoará amanhã; ninguém fica privado da luz da Graça Infinita.
         
             Deveis, portanto, meus amados irmãos, trilhar o caminho do bem e da virtude, a fim de que possais um dia, se voltardes de novo a esta Terra, ter uma vida menos árdua que a atual, menos penosa que a que viveis hoje; cumpri o vosso dever cristão, praticando boas obras, amando o vosso semelhante, respeitando as leis de Deus e os ensinamentos de Jesus contidos no Evangelho, que hoje Bernardo vem proclamar como a única luz que vos conduz na vida e também, um dia, na eternidade.

          Que Deus e Jesus vos inspire para o bem e para a verdade, conduzindo os vossos espíritos no caminho da vida, onde deveis marchar com a máxima cautela, com o maior cuidado para não vos ferirdes nos espinhos e nas urzes espalhadas em todo o percurso, tendo sempre os olhos fitos no Alto, confiando em Deus e em Jesus - que será sempre o vosso sol, a estrela que encherá de doçura o céu da vossa existência - e assim um dia, poderdes ouvir a voz consoladora e meiga que tanto suavizou as dores e as aflições do vosso irmão Bernardo, que se despede de vós cheio de prazer por ter alcançado a ventura de poder hoje satisfazer o compromisso, que assumiu perante Deus e Jesus, de vir à Terra para apagar o que escreveu sem estar aparelhado para fazê-lo, quando tinha os olhos vendados, a consciência pouco lúcida, o espírito ainda envolto em densas trevas, que lhe impediram de contemplar a verdade pura, sublime e eterna que hoje proclama, confessando-se o mais ignorante e incapaz dos discípulos de Jesus, a quem neste momento rende graças, solicitando ao querido Mestre lhe permita ainda uma vez tornar ao mundo, para pregar a verdade absoluta e única - a verdade espírita.

          Rogai a Deus, meus irmãos, seja dado tão grande ventura ao vosso irmão

Bernardo, o monge

Novembro de 1916



Informações complementares
            Bernardo nasceu em 1091 e morreu em 1153. Monge de grandes virtudes e de temperamento ascético. É considerado um dos maiores vultos do cristianismo. Sua influência na cristandade foi grande durante o pontificado de Eugênio III.
            Sua eloquência arrebatadora valeu-lhe o nome de doutor melífluo.
            Deixou notáveis cartas e estudos sobre teologia.
página 182 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959    Ed. Divino Mestre - R  RJ



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