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‘Rimas do
Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
Guerra Junqueiro
Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929
Casa Editora Guajarina
Depois
da Morte
Não julgueis, meus
irmãos, que, após a morte,
a Alma, errante ou
venturosa, fraca ou forte,
pode esquecer a
vida que viveu.
Revendo os quadros
da sua existência,
ela recorda os
tempos de inocência
e vê, do Espaço, o
lar onde nasceu.
A casa, o ninho
onde eu nasci, meu berço,
de minha Mãe a face
branca, o terço
com que rezava
sempre à luz da lua,
tudo isso eu
lembro, oh grande Deus!
os lindos campos,
os folguedos meus,
os cães bravios a
me ladrar na rua...
Eu lembro ainda as
frias madrugadas,
quando a neve cabia
nas estradas
como um tapete alvíssimo
de arminho;
do ramo esguio em
que cantava a cotovia
saudando o louro
Sol, saudando o Dia,
do verde arbusto à
beira do caminho...
Lembro também as
noites de luar,
quando a Lua, do Céu,
beijava o Mar,
com a pureza de
anjo que desmaia;
lembro também os
altaneiros montes;
o leve murmurar das
frescas fontes;
a alva areia
dormindo sobre a praia...
26 de Dezembro de 1927
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