sábado, 15 de junho de 2013

6. 'Rimas do Além Túmulo'



6
‘Rimas do Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
 Guerra Junqueiro

Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929

Casa Editora Guajarina



Depois da Morte

Não julgueis, meus irmãos, que, após a morte,
a Alma, errante ou venturosa, fraca ou forte,
pode esquecer a vida que viveu.
Revendo os quadros da sua existência,
ela recorda os tempos de inocência
e vê, do Espaço, o lar onde nasceu.

A casa, o ninho onde eu nasci, meu berço,
de minha Mãe a face branca, o terço
com que rezava sempre à luz da lua,
tudo isso eu lembro, oh grande Deus!
os lindos campos, os folguedos meus,
os cães bravios a me ladrar na rua...

Eu lembro ainda as frias madrugadas,
quando a neve cabia nas estradas
como um tapete alvíssimo de arminho;
do ramo esguio em que cantava a cotovia
saudando o louro Sol, saudando o Dia,
do verde arbusto à beira do caminho...

Lembro também as noites de luar,
quando a Lua, do Céu, beijava o Mar,
com a pureza de anjo que desmaia;
lembro também os altaneiros montes;
o leve murmurar das frescas fontes;
a alva areia dormindo sobre a praia...

26 de Dezembro de 1927

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